O atual presidente Joe Biden e seu antecessor Donald Trump devem ser os principais candidatos ao pleito. Os dois ainda têm que vencer a concorrência interna nos seus partidos, que terão eleições primárias nos estados ao longo do primeiro semestre.
Trump encara processos de proibição para concorrer nas eleições primárias em diversos estados dos Estados Unidos. Em apelação à Suprema Corte do país, a defesa do ex-presidente busca uma resolução “rápida e definitiva” às ações que o impedem de concorrer à presidência.
Nos EUA, há dois principais partidos:
- Partido Democrata, mais progressista. O atual presidente, Joe Biden, é hoje a principal figura e o favorito para ser o candidato neste ano.
- Partido Republicano, mais conservador, é o partido do ex-presidente Donald Trump, que aparece nas frentes nas pesquisas, mas enfrenta problemas judiciais que podem impactar a elegibilidade dele.
Veja como os democratas e republicanos se posicionam sobre os temas-chave desta eleição:
Os Democratas, partido de Biden, planejam tornar o aborto um elemento central para sua campanha, baseando-se em pesquisas de opinião que apontam que a maioria dos americanos não apoia restrições aos direitos reprodutivos.
A questão tornou-se mais importante para aqueles que apoiam os direitos ao aborto do que para aqueles que se opõem —e o partido, segundo a agência Reuters, espera que ameaças a esses direitos incentivem mulheres e independentes a votarem a favor dos Democratas neste ano.
Manifestantes a favor do aborto se reúnem na frente da Suprema Corte dos EUA — Foto: Nathan Howard/AP
Segundo o Centro pelos Direitos Reprodutivos, 14 estados tornaram o aborto ilegal depois da decisão da Suprema Corte.
Os pré-candidatos Republicanos, incluindo o ex-presidente Trump, culpam o atual presidente Biden por reverter políticas mais restritivas da era Trump quanto à imigração e prometem reforçar a segurança na fronteira.
Em contrapartida, alguns Democratas criticam Biden por adotar medidas semelhantes às de Trump para reduzir as travessias ilegais.
Desde que assumiu o cargo em 2021, Biden tem lidado com números recordes de migrantes pegos atravessando ilegalmente a fronteira dos EUA com o México, sobrecarregando os recursos na região e nos principais destinos, como as cidades de Nova York e Chicago.
EUA anunciam ampliação do muro na fronteira com o México — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
A Casa Branca tenta tranquilizar os americanos argumentando que a economia do país está saudável, com a desaceleração da inflação, que teve alta histórica em 2022, e com baixos níveis de desemprego. Os Democratas vão na mesma linha, exaltando os investimentos em infraestrutura do governo Biden, que trariam benefícios a longo prazo através da geração de empregos.
Os Republicanos dizem que vão cortar os gastos federais, culpados por alimentar a inflação e desencadear picos nos preços ao consumidor, segundo os candidatos. Também prometem reduzir regulamentações federais e baixar impostos.
Segundo uma pesquisa da Reuters/Ipsos em setembro de 2023, 27% dos eleitores de Biden em 2020 disseram que suas finanças estão “mais fracas” do que antes da pandemia, em comparação com 28% que disseram que estão “melhores” e 42% que disseram que estão “mais ou menos iguais”.
As guerras entre Israel e Hamas e entre Rússia e Ucrânia influenciaram os posicionamentos dos candidatos em relação à política externa.
A violência na guerra Israel x Hamas lançou uma nova polarização na campanha eleitoral. Biden, que apoia Israel, enfrenta dissidência de muitos Democratas preocupados com uma crescente crise humanitária na Faixa de Gaza.
Os Republicanos também apoiam Israel e estão usando o conflito para pressionar por uma fronteira mais forte com o México.
Biden se reúne com Netanyahu em Israel — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein
A Ucrânia dividiu o campo Republicano: Trump e DeSantis argumentam que o apoio de Biden à Ucrânia na guerra contra a Rússia está distraindo os EUA de concentrar as suas atenções na China. Já Nikki Haley diz que os Estados Unidos devem continuar apoiando a Ucrânia.
A China também aparece como questão importante para as campanhas dos candidatos. Os Republicanos argumentam que o país asiático é uma crescente ameaça à segurança nacional, aos interesses corporativos dos EUA e à independência de Taiwan.
Já a administração de Biden afirmou que deseja “diminuir os riscos” e não “desvincular” sua relação com a China, ao mesmo tempo que trabalha para evitar que a competição com o país se transforme em conflito.
A criminalidade recuou e voltou aos níveis anteriores à pandemia de Covid-19 e aos protestos por justiça racial. Mesmo assim, 88% dos entrevistados em uma pesquisa da Reuters/Ipsos em dezembro de 2023 dizem que o combate ao crime seria uma questão importante para determinar seu voto.
Neste ano, além dos candidatos dos partidos Democrata e Republicano, há um terceiro candidato que pode ter alguma influência no resultado final: Robert F. Kennedy, que será independente (nos EUA, uma pessoa pode concorrer a um cargo político sem pertencer a um partido).
Os pré-candidatos do Partido Democrata são os seguintes:
- Joe Biden é o atual presidente dos EUA. Ele já é a pessoa mais velha a ocupar o cargo. Atualmente, tem índices de popularidade ruins, mas há uma corrente do Partido Democrata que acredita que ele é o único que pode derrotar Donald Trump.
- Marianne Williamson é autora de livros de auto-ajuda. Essa é a segunda vez que ela se candidata. A campanha dela tem o slogan “justiça e amor”.
- Dean Phillips é um deputado do estado de Minnesota.
No Partido Repubicano, o favorito é o ex-presidente Donald Trump, que pode ter problemas legais ao longo do ano. Veja a lista dos principais pré-candidatos:
- Donald Trump. O ex-presidente dos EUA é réu em quatro casos criminais separados, mas mesmo assim os republicanos gostam dele — 61% dos eleitores do partido devem votar em Trump.
- Nikki Haley é ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. Reconhecida como uma conservadora, ele tem 12% de apoio entre os republicanos.
- Ron DeSantis é o atual governador do estado da Flórida. DeSantis se posiciona à direita de Trump em questões sociais, mas tem enfrentado dificuldades em ganhar destaque.
- Vivek Ramaswamy é um ex-investidor e executivo de biotecnologia. Ele fundou uma empresa para pressionar empresas a abandonar iniciativas ambientais, sociais e de governança corporativa.
- Asa Hutchinson é ex-governador do estado de Arkansas.
Donald Trump, Nikki Haley e Ron DeSantis — Foto: Reuters
Veja abaixo as principais datas das eleições nos EUA.
Dia 10: Pré-candidatos do Partido Republicano participaram de um debate da rede americana CNN no estado de Iowa. Somente políticos com pelo menos 10% de intenção de votos serão convidados.
Dia 15: Os membros do Partido Republicano de Iowa deram uma vitória folgada a Trump nas prévias do estado. O processo de escolha é conhecido como caucus: são eventos fechados, organizados em distritos eleitorais, nos quais os participantes se dividem em grupos de acordo com o candidato que apoiam. Essa divisão vai determinar quantos representantes eleitorais cada pré-candidato vai receber (nos EUA, as eleições são indiretas, os representantes, chamados de delegados, formam um colégio eleitoral. Esse colégio que decide quem é o vencedor. Portanto, o pré-candidato que tiver mais delegados será o vencedor).
Os membros do Partido Democrata em Iowa vão escolher seu candidato apenas por correio, e isso deve acontecer no dia 5 de março.
Dia 18: Pré-candidatos do Partido Republicano participaram de um debate no estado de New Hampshire organizado pelas redes ABC News e WMUR-TV. Puderam participar apenas os três mais bem colocados do caucus de Iowa e os pré-candidatos que estão mais de 10% de intenções de voto.
Dia 21: Rede americana CNN fará outro debate entre os políticos republicanos.
Dia 31: Candidatos devem declarar quanto dinheiro arrecadaram e gastaram.
Dia 3: Primárias do Partido Democrata no estado da Carolina do Sul.
Dia 6: Primárias do Partido Democrata no estado de Nevada.
Dia 8: Caucus de Nevada do Partido Republicano.
Dia 24: Primárias do Partido Republicano na Carolina do Sul.
Dia 27: No estado de Michigan haverá votação tanto no Partido Democrata como no Partido Republicano, mas no entanto apenas uma parte dos delegados republicanos serão escolhidos dessa forma, os outros serão escolhidos em um caucus em março.
Dia 5: A Super Terça-Feira. Esse é o dia com mais primárias de todo o processo eleitoral, e geralmente é o dia que define quem são os candidatos de cada partido. Haverá processo de escolha nos seguintes estados:
- Alabama,
- Alasca (apenas o Partido Republicano),
- Arkansas,
- California,
- Colorado,
- Maine,
- Massachusetts,
- Minnesota,
- North Carolina,
- Oklahoma,
- Tennessee,
- Texas,
- Vermont,
- Virginia e
- Utah.
Dia 12: Processo de escolha nos estados de
- Havaí (apenas o Partido Republicano)
- Georgia,
- Mississippi e
- Washington.
Dia 19 de março: Processos de escolha nos seguintes estados:
- Arizona,
- Florida,
- Illinois,
- Kansas e
- Ohio.
Dia 4 de junho: Dia final de escolhas dentro dos partidos.
Dias 15 a 18: Convenção Nacional do Partido Republicano na cidade de Milwaukee, no estado de Wisconsin. O candidato já terá sido definido nesse evento, mas, formalmente, é nesse momento que os delegados do colégio eleitoral votam.
Dias 19 a 22: Convenção Nacional do Partido Democrata, na cidade de Chicago.
Dia 16: Dia para o primeiro debate entre os candidatos do Partido Democrata e do Partido Republicano.
Dia 25: Candidatos a vice vão debater.
Dia 1º: Segundo debate presidencial.
Dia 9: Terceiro e último debate.
A apuração deve acontecer ao longo do mês de novembro.
Dia 6: A atual vice-presidente, Kamala Harris, preside a contagem dos votos do Colégio Eleitoral em uma sessão no Congresso e anuncia formalmente o vencedor.
Dia 20: Posse do candidato vitorioso.
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