Uma embarcação com 180 refugiados rohingyas – a minoria muçulmana perseguida em Mianmar – desapareceu no Oceano Índico. Nesta segunda-feira (26), a Acnur, a agência da ONU para os refugiados, disse achar que o grupo pode ter morrido na tentativa de fugir do país.
Milhares de rohingyas, uma minoria muçulmana perseguida em Mianmar, abandonam a cada ano os acampamentos de refugiados de Bangladesh para tentar chegar, pelo mar, à Malásia ou Indonésia, mas muitos morrem durante a travessia perigosa.
Para declarar ter poucas esperanças de encontrar os refugiados com vida, a Acnur se baseou nas seguintes informações:
- O barco deixou no mês passado com dezenas de mulheres e crianças a bordo;
- Testemunhas disseram ter avistado a embarcação em condições precárias nas costas da Tailândia, Índia, Malásia e Indonésia;
- Parentes dos passageiros disseram ter perdido contato;
- Antes disso, pessoas que estavam no barco relataram a amigos e família, por telefone, que estavam em perigo.
Uma delas, Munuwara Begum, de 23 anos, fez o alerta em uma mensagem de voz enviada à sua família.
“Estamos em perigo. Nos ajudem”, afirmou a jovem, segundo a gravação de áudio ouvida pela agência de notícias AFP. “Não temos água nem comida ou alguém que nos salve deste barco que está afundando”, acrescentou.
A agência da ONU afirmou que este ano pode ter sido o mais mortal para a minoria nas travessias, ultrapassando o número de mortes registrado em 2015, quando quando milhares de refugiados rohingyas morreram nas costas da Malásia, Indonésia e Tailândia.
“Os parentes perderam contato. Os últimos que tiveram contato presumem que todos estão mortos. Esperamos que não seja o caso”, declarou a Acnur em nota. “Se for verdade, esta será uma notícia devastadora”.
Homens da guarda costeira da Indonésia observam barco de madeira no qual um grupo de rohingyas chegou à praia de Indra Patra, no norte da Indonésia, em 25 de dezembro de 2022. — Foto: Rahmat Mirza/ AP
No domingo (25), outra embarcação de madeira, com motor danificado, chegou ao oeste da Indonésia com 57 refugiados rohingyas, todos homens, informou a polícia local. Eles estavam no mar há um mês.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) pediu aos países da região que “colaborem com urgência para evitar a repetição da crise de 2015″.
O episódio foi uma das piores crises humanitárias no mundo na última década.
Dois anos depois, em 2017, o Exército de Mianmar, em resposta a supostos ataques a bases do Exército, fez diversas operações contra os rohingyas, matando civis, violentando mulheres e incendiando vilarejos.
“Os governos e seus aliados já trabalharam juntos antes para encontrar soluções em escala regional”, recordou a OIM. “Pedimos, de novo, uma ação regional urgente”, acrescentou a organização.
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Por: G1
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