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O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Praia Grande, no litoral de São Paulo. A adolescente relatou na carta uma rotina de abusos sexuais, que teriam começado em 2021, quando tinha 13 anos. Ela também acusou o homem de ter injetado testosterona nela para que ficasse com um “corpo mais bonito”.
“Um ano e meio saindo contigo. É difícil esquecer uma coisa assim. A gente não quer, mas fica uma lembrança, não tem jeito. É um bagulho proibido? P****, mas, c******”, teria dito o acusado. “Deus permitiu que eu fosse o seu primeiro homem… Tudo acontece porque Deus permite”.
Ao g1, o advogado Cristiano Marcos dos Santos, que representa o acusado, afirmou que as “acusações propostas pela suposta vítima e sua genitora são inverídicas, pois não passam de uma armação”. Ele alegou também que o cliente é inocente e provará isso no decorrer da instrução criminal.
Adolescente escreveu carta relatando abusos do padrasto no litoral de SP — Foto: Matheus Croce/TV Tribuna e Reprodução
O conteúdo tem aproximadamente 13 minutos de duração. O g1, porém, não divulgou o áudio completo uma vez que há detalhes dos supostos abusos sofridos pela adolescente.
Segundo os advogados que representam a jovem no caso, Octavio Rolim e Patrícia Britto, o registro foi feito durante uma tentativa do homem de se reaproximar da menina. O áudio, inclusive, foi utilizado pela adolescente para contar à mãe dela sobre os abusos.
A mãe da vítima, que também é policial militar, explicou que o relacionamento com o homem durou 12 anos e que ele se considerava “pai” da menina. A mulher contou que confrontou o acusado imediatamente após ouvir o áudio pela primeira vez.
“Ela me mostrou o áudio já chorando, mas não consegui ouvir nem três minutos”, relatou ela. “Fui até ele com a pistola na mão pois ele também tem arma e fiquei com medo da reação. Ele pegou o meu punho e virou a pistola para mim, mas estava travada. Por isso não aconteceu uma desgraça”.
“Um ano e meio saindo contigo. É difícil esquecer uma coisa assim. A gente não quer, mas fica uma lembrança, não tem jeito. É um bagulho proibido? P**, mas, c****… [O distanciamento] era bom para mim e para você. Eu tinha sonhado que você estava sentada no sofá, com aquele barrigão, e morando comigo. Tudo que acontece na nossa vida é porque Deus permitiu. Se Deus permitiu que eu fosse o seu primeiro homem… Tudo acontece porque Deus permite. E ele permitiu quase um ano e pouco. Uma hora ia dar zica. Ia ser um choque para todo mundo, sua mãe ia matar nós dois, acabar com a vida dela, e estava com um bebê ai. Depois que nasce, bonitinho, todo mundo esquece. Mas antes… Tive que fazer isso aí [manter distância da menina]. Eu estava vendo a sua mãe como uma amiga e você como uma mulher. Fiz tudo com você como se fosse com uma mulher real”.
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A carta de seis páginas foi escrita pela adolescente como uma forma de relatar os abusos sofridos para os advogados Octavio Rolim e Patrícia Britto, que a representam no caso.
Segundo o depoimento por escrito da menina, tudo começou entre junho e julho de 2021. A suposta vítima, que na época morava na casa da avó, afirmou que foi até o apartamento onde a mãe vivia com o homem. No local, ele teria mostrado vídeos pornográficos para ela.
“Eu nunca tinha visto e fiquei assustada com aquilo. Ele me disse que, por estar crescendo e me tornando mulher, [além] da minha mãe trabalhar o dia todo e não ter tempo de me explicar essas coisas, eu já estava na idade de saber”, escreveu a menina.
A adolescente relatou também que o homem apresentava contos eróticos para ela, “principalmente entre enteada e padrasto”. O acusado, de acordo com a menina, dizia que isso era “mais comum” do que ela imaginava.
Adolescente relatou em carta que padrasto mostrou vídeos pornográficos para ela — Foto: Reprodução
A adolescente escreveu que, em agosto de 2021, o homem a apresentou a um sobrinho dele. “Disse para eu apresentar o prédio para ele”, escreveu a jovem. Em determinado momento desse contato, o parente do acusado teria beijado a vítima. O PM reformado, então, fez na sequência uma série de perguntas para ela sobre o beijo.
Naquele mesmo dia, conforme registrado na carta, houve o primeiro abuso físico por parte do acusado. Ambos voltavam de um passeio em Peruíbe, também no litoral de São Paulo, quando o homem parou o carro para urinar na rua. Segundo o relato da adolescente, ele a puxou pelo braço e colocou a mão dela na genitália dele enquanto tentava beijá-la.
“Fiquei com muito medo de falar algo na hora, pois ele sempre guardava a arma debaixo do banco do motorista”, alegou a vítima. “Quando cheguei em casa, só sabia chorar escondida no quarto me perguntando o porquê daquilo estar acontecendo”.
A menina escreveu também que, já em 2022, os abusos se tornaram mais frequentes. “Ele aproveitava que não tinha ninguém em casa e me puxava para o quarto dele. Aconteceu várias vezes, e todas sem o uso de preservativo“.
Os advogados da menina explicaram que os abusos físicos acabaram naquele ano, quando o homem disse que se afastaria dela “para não cometer uma loucura”, como engravidá-la.
A situação foi descoberta pela família em 2023, quando o acusado teria tentado uma “reaproximação” da adolescente, que gravou a conversa com ele e mostrou o áudio para a própria mãe.
A adolescente afirmou que o homem aplicou duas doses de testosterona nela ainda em 2022. De acordo com o relato, o homem a levava para a academia e tinha o costume de elogiar o corpo dela.
“Comentava que eu tinha mais corpo do que muitas mulheres, e por eu menstruar e ter menos testosterona que o homem, não iria conseguir resultado nenhum ‘só treinando'”, escreveu a menina. “Dizia que eu ficaria com um corpo mais bonito [com a testosterona]”.
A adolescente acrescentou na carta que o homem ficou bravo quando ela demonstrou que não queria receber a dose do hormônio. “Disse que eu não poderia parar de tomar, senão meu corpo ficaria cheio de estrias, celulites e espinhas, [além da] queda de cabelo”.
Adolescente escreveu que homem aplicou duas doses de testosterona nela durante os abusos — Foto: Reprodução
Segundo a delegada Lyvia Bonella, da DDM de Praia Grande (SP), o homem já prestou depoimento à Polícia Civil. No relato, ele disse à corporação que a própria enteada é quem demonstrava interesse por ele.
“Tentou inverter a situação, como se a adolescente estivesse interessada nele e feito ‘investidas’, abraçando e beijando”, explicou a delegada, em entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada da Globo.
Lyvya acrescentou que, apesar do depoimento do homem, o fato dele ter admitido que “retribuiu” o beijo da adolescente já configura um crime.
Por: G1
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