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Avanço do mar destrói restinga e preocupa moradores de comunidade em praia do litoral de SP

today22 de julho de 2024 5

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A cozinheira contou percebe o avanço do mar em direção às casas a cada mês. “Ele vem avançando cada vez mais”. Ainda segundo ela, o mar está destruindo as restingas, que são vegetações típicas das regiões costeiras e protegem as praias da erosão — perda de areia.

Segundo Debora, as casas construídas na beira da praia e próximas ao rio, são as mais afetadas com a situação. “Teve algumas que a água, nas últimas marés, chegou no quintal”.

A situação começou há aproximadamente 10 anos, de acordo com Débora, mas piorou nos últimos três anos. “A nossa maior preocupação são com as casas dos moradores locais, [um receio] deles estarem perdendo as casas e não terem para onde ir”.



Imagem Google Earth/Reprodução Imagem Google Earth/Reprodução

— Foto 1: Google Earth/Reprodução — Foto 2: Google Earth/Reprodução

A cozinheira disse que a atividade de pesca também tem sido afetada com o avanço do mar. “Como o rio tem ficado bastante raso, tem alguns tipos de peixes que a gente não está conseguindo mais pegar”.

O pescador Pedro do Prado, de 70 anos, contou que a comunidade fica preocupada com o que pode acontecer, mas que não sabem o que teria causado essa situação. “O canal que era bem fundo, com profundidade de 5 metros, agora está de 1,5 metro se estiver com a maré cheia”.

Moradores do Barra do Una, em Peruíbe, estão preocupados com o avanço do mar — Foto: Márcio Ribeiro

De acordo com o professor e pesquisador do IMar/Unifesp, Ronaldo Christofoletti, isso pode ocorrer em diferentes espaços e trata-se da erosão costeira e alteração do ambiente natural. “Com a mudança do clima, o nível do mar e a quantidade de ressacas estão subindo”.

A forma como o nível do mar e as ressacas influenciam na costa litorânea, de acordo com o pesquisador, dependem de características até o fundo do mar, da área próxima e também da inclinação que a região tem à costa.

“Essa é uma área que começa a dar indícios que, assim como foi o litoral sul de São Paulo, lá em Ilha Comprida, assim como é no Rio de Janeiro em Atafona, de que teremos um impacto maior”, disse ele.

A restinga serve para proteger e minimizar o que acontece, por exemplo, na Ponta da Praia, em Santos (SP). No caso da Barra do Una, chega um rio importante ali. “Nesse rio, nessa grande influência de água doce, houve uma intervenção humana no passado”.

As intervenções humanas, de acordo com Christofoletti, mudam a quantidade e a força da água doce que chega ao local, alterando a dinâmica local do encontro da foz, ou seja, do encontro da água doce [rio] com a água do mar.

“Os ambientes naturais são dinâmicos por si, não são sempre iguais, têm uma certa variação ao longo do tempo. Quando o homem faz uma intervenção, como foi a do rio, ele ajuda a alterar ainda mais esse processo”, disse.

A Barra do Una é um ponto da área costeira onde já é possível ver o impacto da mudança climática, segundo o pesquisador. A região do encontro entre o mar e a água doce, chamada de estuário, faz com que a água fique salobra, ou seja, com uma salinidade intermediária.

“Como o mar está subindo mais, está ficando mais salgado na região onde os moradores moram. Então, realmente, as espécies de peixes que dependem de uma água com menor salinidade já não vão estar mais naquele local”, explicou.

Procurada, a Prefeitura de Peruíbe informou que a área é administrada pela Fundação Florestal, do Governo Estadual de São Paulo.

Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) informou que, por meio do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), monitora o processo erosivo, que decorre por um fenômeno natural, na região de Barra do Una, junto à comunidade e à Fundação Florestal (FF), por se tratar de uma Unidade de Conservação (UC).

Moradores do Barra do Una, em Peruíbe, estão preocupados com o avanço do mar — Foto: Márcio Ribeiro

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