Os crimes de racismo e injúria racial castigam a população preta todos os dias e, muitas das vezes, levam as vítimas à morte. No Brasil, segundo José Ricardo dos Santos, presidente da Associação Cultural dos Afrodescendentes da Baixada Santista (Afrosan), o tema costuma ser debatido quando algo ganha grande repercussão na mídia, mas depois esfria, o que prejudica a luta por mudanças.
Os ataques ao jogador Vinícius Jr. da seleção brasileira e do Real Madrid, da Espanha, que foi chamado de macaco por parcela relevante de torcedores do Valencia durante uma partida do campeonato espanhol, é o novo combustível para discutir o tema, para colocar o dedo na ferida, e ele espera que a chama não se apague.
“Enquanto a gente não tiver a conscientização da sociedade acerca do problema isso [racismo] vai continuar”. Para José Ricardo, boa parte da população ainda encara o crime como um “mi-mi-mi”, “besteira” e “choradeira” de quem é preto.
A estes questiona e responde: “Quem não é preto sabe o que é racismo? Não, mas eu sei. Eu sinto na pele e sei o que é ser seguido no supermercado, o que é não ter oportunidades”.
“Nós, que há tantos anos falamos isso [sobre racismo] estamos cansados, cansados de [pedidos de] desculpas”.
Educação antirracista e fim da omissão
Frase ‘Vidas Pretas Importam’ pintada na Avenida Paulista em 2020 — Foto: Andre Penner/AP
Além exigir punições severas àqueles que cometam o crime, o presidente da Afrosan entende que já passou da hora das escolas colocarem em prática um plano de educação antirracista, e atuarem de forma exemplar em casos de xingamentos e ofensas entre estudantes para que a questão não seja tratada como “brincadeira” pelas crianças, pais e responsáveis.
“Eu não concebo [posso imaginar] uma criança que vem de uma família que é estruturada, que tem educação, chamar um coleguinha de macaco”. Ao mesmo tempo que lamenta a situação, o presidente da Afrosan aponta que é preciso se incomodar com a situação e agir.
O recado, segundo José Ricardo, é para a população negra e para os brancos que dizem não ser racistas. Para ele, todos devem se manifestar diante de algo errado – de injúria ou racismo.
“A pessoa pode denunciar, pode tentar de alguma forma amenizar a situação, mas todo mundo se mantém omisso. Não dá para entender que estamos chegando na metade do século 21 e estamos convivendo com essa omissão da sociedade”.
Diferença entre injúria e racismo — Foto: Arte/g1
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José Ricardo (à direita e ao fundo), presidente da Afrosan, conversou sobre racismo com os jornalistas Gustavo Zanarolli (de preto à esq), Matheus Müller (à esq) e Luiz Linna — Foto: g1 Santos
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