Nas semanas anteriores, a campanha foi dominada pela polarização e pela tensão. Maduro chegou a dizer que uma vitória da oposição, liderada por María Corina Machado com a candidatura de Edmundo González, poderia desencadear um “banho de sangue” no país.
O governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) convocou para quinta-feira a “tomada da Grande Caracas”, com marchas e eventos em diferentes partes da cidade.
Já a oposição, que promete mudanças para a Venezuela após 25 anos de governos socialistas, convocou os seguidores para um comício em um bairro de classe média.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, Corina Machado aproveitou para agradecer a todos que acompanharam a jornada da campanha pelo país, além das mensagens de “mudança” e “liberdade”.
“Isto vai ficar para a história”, disse a dirigente, garantindo que a campanha da oposição “foi o movimento cívico mais profundo que a Venezuela já teve”.
“Vivemos o encerramento de um ciclo e o nascimento de uma nova era”, acrescentou.
O candidato da oposição, Edmundo González, descreveu a campanha como “heroica” e afirmou que tudo foi possível graças “à união de todas as forças democráticas e à liderança de María Corina Machado”.
González, um ex-diplomata de 74 anos, foi nomeado em março candidato da oposição. Isso se deu após a Controladoria-Geral da República impedir Corina Machado de concorrer.
Analistas e observadores afirmam que, nestas eleições, a oposição venezuelana tem possibilidades reais de vencer.
Os opositores Edmundo González e María Corina Machado durante coletiva de imprensa, em 25 de julho de 2024 — Foto: Cristian Hernandez/AP
Por sua vez, o presidente Maduro enviou uma mensagem televisiva de uma das salas do palácio do governo e lembrou o falecido governante Hugo Chávez.
O candidato também pediu aos venezuelanos que “decidam com grande consciência e de coração pela Venezuela com que sonhamos”.
“Hoje estamos nas melhores condições para dar um salto qualitativo e quantitativo em direção ao futuro”, disse Maduro.
O presidente garantiu ter como principal objetivo “preservar a paz e consolidar um novo modelo econômico e produtivo para o bem-estar”.
Horas antes do final da campanha, Maduro convocou os seguidores a saírem no domingo para votar em massa e “tornar a Venezuela respeitada com o poder do voto”.
Num comício na cidade de Barquisimeto, no centro-oeste do país, o governante afirmou em tom desafiador que no dia 28 de julho “vamos coroar a mãe de todas as vitórias, a vitória definitiva contra a extrema direita”.
Nos 11 anos de governo Maduro, a Venezuela viveu a pior crise econômica e social da história recente. Mais de 7 milhões de venezuelanos migraram. O presidente prometeu que, a partir de 29 de julho, a recuperação estará consolidada e o país renascerá “como fênix”.
Apoiadores de Maduro esperam por ato de encerramento de campanha, em 25 de julho de 2024 — Foto: Fernando Vergara/AP
A quatro dias das eleições, a oposição superou um dos obstáculos que enfrentou no processo e conseguiu registrar mais de 90 mil fiscais que estarão em todos os locais de votação.
A oposição havia denunciado que os sistemas do órgão eleitoral não estavam permitindo o registo de representantes.
Além disso, durante a campanha de quase um mês, Maduro tentou mostrar-se como um governante forte e desafiante. Ele repetiu várias vezes que, se a oposição regressasse ao poder, haveria violência na Venezuela.
As afirmações do presidente geraram preocupação na comunidade internacional.
Entre os líderes mundiais que expressaram preocupação está o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O brasileiro admitiu que estava “assustado” com os recentes comentários de Maduro.
Lula mandou um recado a Maduro afirmando que a “única possibilidade de a Venezuela voltar à normalidade é por meio um processo eleitoral amplamente respeitado”.
O líder venezuelano minimizou os comentários de Lula e, sem mencioná-lo, disse que “quem se assustou, que tome chá de camomila”.
Do Chile, o presidente Gabriel Boric também comentou as falas de Maduro. Segundo ele, “em nenhuma circunstância pode se usar banho de sangue como ameaça”.
“E estes votos representam a soberania popular que deve ser respeitada”, sublinhou Boric.
Observadores do Centro Carter, da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), da Comunidade do Caribe (Caricom) e especialistas das Nações Unidas estarão presentes nas eleições de domingo.
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