Dentro da cápsula, lacrada em 2003, foram retirados jornais da época, medalhas e principalmente cartas escritas pelos escoteiros para eles próprios, amigos e instrutores.
O jornal A Tribuna, de 5 de julho de 2003, um sábado, era a prova de que o tempo avança sem freios. A manchete, por exemplo, falava de mudanças na telefonia celular, como a inclusão de dígitos para ligações interurbanas. Também trazia, na capa, a morte do cantor Barry White, entre outras notícias.
Jornal A Tribuna de julho de 2003 relembra sobre as notícias da época — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
Para o presidente da Associação Civil Baden Powell, mantenedora do Escoteiros do Ar de São Vicente, Sérgio Ferreira Teijeira, a oportunidade de abrir a cápsula do tempo é motivo de absoluta emoção. “É indescritível poder rever antigos escoteiros, que foram membros juvenis nossos e, hoje, retornam depois de 15, 16 anos”.
“Quando a gente fez essa cápsula, há 20 anos, não tinha ideia se estaria aqui para abri-la”, afirmou.
Foram pouco mais de 10 minutos para que a base de concreto, que abrigava a cápsula, fosse aberta. Após aplausos, o invólucro que armazenava e protegia os itens também foi aberto e levado até uma mesa, onde começou a distribuição das cartas. Foi quando a alegria começou a tomar conta do local.
É o caso da chefe escoteira Cinthia Miranda Higa. Ela recebeu de volta a carta escrita há 20 anos para seus dois filhos, Alexandre Higa, hoje com 34, e André, com 28. Com base no texto escrito por ela em 2003, havia o desejo de que fosse uma boa mãe, que os filhos fossem felizes e realizados, além de desculpas “por eventuais erros”.
“Hoje, vejo que deu certo. Os dois são homens bons e fazem o que o escotismo prega: buscam, a cada dia, melhorar o mundo”, frisou.
Amigos e parceiros de vida
Quem também se reencontrou com os antigos manuscritos foram os amigos Felipe Romero, de 36 anos, e Carlos Henrique de Oliveira, de 35.
O primeiro, que é programador web, trabalha com o segundo, que é designer. As cartas só comprovaram o que a vida escreveu: a cumplicidade fraterna entre eles perdurou. “Engraçado que, na carta, ele fala várias vezes sobre amizade. E ela segue até hoje”, diz Felipe.
E quando o amor ao escotismo serve para reforçar um sentimento? O engenheiro químico Roberto de Oliveira Mano, de 44 anos, e a autônoma Marcela Andalafti, de 34 anos, tinham um ano de casados quando a cápsula foi fechada, em 2003. E as cartas escritas por eles revelavam, além dos gostos, a intenção de uma vida a dois.“
Roberto e Marcela releem cartas escritas e guardadas por 20 anos — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
Ele escreveu na carta que pretendia estar comigo 20 anos depois. E aqui estamos”, diz Marcela. Mano também revela a concretização de um sonho posto no papel: conhecer a França. “Sou um sonhador, e sigo buscando um mundo melhor”, resume.
Já a bancária Thainara Pereira da Silva, de 29 anos, recebeu uma carta escrita pela mãe. Mas preferiu não abrir na hora. O fechamento da cápsula marcou um ano complicado para ela, por conta da morte do pai. E o evento de sábado (8) reacendeu velhas emoções.
“Participei do escotismo entre 6 e 12 anos. É um misto de sensações, um nó na garganta até. Mas estar aqui e reencontrar tanta gente, me deixou muito feliz”, resume.
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