Os 108 afegãos refugiados em Praia Grande, no litoral de São Paulo, seguem abrigados na Colônia de Férias do Sindicato dos Químicos, no bairro Solemar. Do total, 40 deles são crianças. Em entrevista a TV Tribuna, afiliada da Rede Globo, a gestora do abrigo Isabela Roberta disse que cerca de 70% das pessoas que estão saindo da colônia estão seguindo com destino ao exterior.
A previsão inicial do governo federal era que eles permanecessem no local durante o mês de julho. Mas, eles já estão há 46 dias abrigados na colônia. “Aos poucos, os afegãos estão se articulando para seguir a vida e buscando casas de parentes. Cerca de 70% deles estão se organizando para deixar o Brasil, com destino ao exterior”, contou Isabela.
Ainda segundo ela, não há previsão de novas chegadas de afegãos na cidade e todos devem sair do local ainda em agosto. “Ainda não sabemos quantos devem ficar por definitivo. Eles serão transferidos para um novo espaço, que está sendo organizado pelos órgãos competentes. A colônia está sendo usada como uma casa de passagem para a maioria”, explicou ela.
O sindicato explicou que cerca de 200 refugiados passaram pela colônia e que os 108 que permaneceram no local estão recebendo assistência com cursos e ações de saúde e social. O órgão disse ainda que diariamente os homens e as mulheres tem aulas de português ministradas por professores contratados pela ONG Educação Sem Fronteiras, da capital paulista.
Na área da saúde, os funcionários seguem fazendo o acompanhamento médico com consultas e encaminhamento nos casos de emergência. O sindicato ainda segue distribuindo marmitas doadas pelo Bom Prato da Praia Grande e os mantimentos são comprados pelo sindicato e recebidos por doações.
Refugiados tomaram café da manhã em abrigo, em Praia Grande — Foto: Diego Bertozzi/g1
O g1 entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O órgão informou que o acolhimento dos afegãos está sendo realizado na medida em que novas vagas, oferecidas por instituições públicas e privadas, surgem.
O fluxo de afegãos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, que é regular, tem se intensificado nos últimos dias e não é possível antecipar data ou o número de desembarques por dia. Por essa razão, pode acontecer atraso no que se refere ao atendimento imediato.
O governo federal disse ainda que está finalizando um plano de ação de médio prazo que viabilizará os acolhimentos. Com relação a situação dos refugiados que estão na Praia Grande, o Ministério não respondeu.
Ações de saúdes são promovidas na Colônia de Férias onde afegãos estão abrigados, em Praia Grande. — Foto: Divulgação/Prefeitura de Praia Grande
Primeira filha de refugiados
A mãe já estava grávida quando chegou ao Brasil, em junho. Após ser hospedada na colônia de férias, ela recebeu todo o suporte de profissionais da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) do Município, incluindo passagem por consulta pré-natal.
Filha de refugiados afegãos nasce em Praia Grande — Foto: Prefeitura de Praia Grande
Desde a chegada dos afegãos, na noite do dia 30 de junho, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) realizou cerca de 300 atendimentos de Saúde. Ao todo foram vacinadas 75 pessoas com imunizantes contra covid-19, sarampo e pólio e a equipe efetuou mais de 140 atendimentos médicos e de enfermagem, além de 30 coletas de exames.
A Equipe do Programa Consultório na Rua realizou 22 testes de sífilis e 22 testes de HIV. Também foram feitos 10 atendimentos de tracoma (doença inflamatória ocular) para as crianças. Foram promovidas avaliação bucal e ações de prevenção de cárie, com dicas de escovação. Aconteceram também orientações sobre controle de arboviroses e pragas urbanas.
Cartão Nacional de Saúde e registro no sistema municipal foram ofertados na Colônia de Férias, em Praia Grande — Foto: Divulgação/Prefeitura de Praia Grande
De acordo com os dados da prefeitura, foram confeccionados 132 Cartões Nacionais de Saúde para o acesso ao SUS e cadastro no CadÚnico, que possibilitou o acesso aos programas de transferência de renda do Governo Federal. Os afegãos também foram cadastrados no Olostech, sistema de informação que integra o prontuário eletrônico dos pacientes e os atendimentos do consultório.
Equipes dos governos do Estado e da União estiveram no local para regularizar a situação dos refugiados, isso porque o visto humanitário recebido ao chegar no País tem validade de 90 dias e, para a permanência definitiva, são necessários alguns documentos emitidos no Brasil.
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