Nada de cães, gatos ou pets ‘comuns’. Três veterinários se juntaram para prestar atendimento apenas a animais silvestres no litoral de São Paulo. Ao g1, Gabriel Oliveira Silva, de 25 anos, contou nesta segunda-feira (26) que o objetivo do trio, além de atender os ‘pacientes’, é promover a educação ambiental. Eles colecionam casos ‘curiosos’ envolvendo animais ‘desconhecidos’ do público geral.
O trio de veterinários formado por Gabriel Oliveira Silva, Lucas Porto e Camila Medina se conheceu durante a faculdade e trabalha junto há cinco anos. Em 2022, os profissionais decidiram oficializar a “Salvator”, nome dado ao projeto que recebe ocorrências sobre animais silvestres pela região e realiza o atendimento em domicílio ou em clínicas parceiras.
Antes do projeto, o trio trabalhou em locais que renderam experiência e casos curiosos. Eles já atenderam um lagarto que foi enviado pelos Correios e um Macaco-da-Noite resgatado em um comércio ilegal de animais. Na “Salvator”, já salvaram até um Papagaio-Verdadeiro que teve uma infecção após roer o pingente de chumbo de uma pulseira.
Atendemos muitos animais silvestres e não ficamos ‘presos na rotina’. Achamos interessante atender também os que não são oriundos da nossa fauna.
— Gabriel Oliveira Silva, sobre a motivação para atender animais silvestres
Trio atendeu animais e casos ‘curiosos’ no litoral de São Paulo — Foto: Arquivo Pessoal
Macaco criado em cativeiro e papagaio infectado por chumbo
Enquanto ainda trabalhava em um centro de triagem de animais silvestres, o trio atendeu um ‘Crested Gecko’, ou ‘Lagartixa-de-Crista’, como é conhecido popularmente. “Ele é oriundo da Nova Caledônia [território francês que inclui dezenas de ilhas no sul do Oceano Pacífico] e difícil de ser encontrado. Até 1994, era considerado extinto. Ele foi enviado pelos Correios e era vítima do comércio ilegal“.
Ainda de acordo com o veterinário, o animal foi atendido pelo trio após ser resgatado pela Polícia Militar Ambiental. “Ele chegou sem parte da cauda. Esses animais têm um processo de autotomia, ou seja, durante uma fuga, soltam uma parte para distrair o predador. As caudas geralmente crescem novamente, mas não nessa espécie. O local cicatrizou e, apesar disso, ele ficou bem“.
Trio atendeu macaco criado em cativeiro e papagaio infectado por roer chumbo — Foto: Arquivo Pessoal
Além disso, o trio também atendeu um Macaco-da-Noite, espécie que pode ser encontrada em diversas regiões do Brasil. “Ele também foi resgatado do comércio ilegal pela Polícia Militar Ambiental. Nesse caso, o animal não pôde ser solto na natureza por ter sido criado em cativeiro desde a época de filhote. Ele não se adaptaria à vida livre”, complementa Gabriel.
Ao g1, o veterinário destacou também os cuidados com um Papagaio-Verdadeiro. Já no período de ‘Salvator’, a equipe recebeu a ocorrência de um animal que tinha roído o pingente de uma pulseira feita de chumbo.
O papagaio entrou em estado bastante crítico, teve alterações neurológicas devido à intoxicação e chegou a perder movimentos da pata e cabeça. Após o tratamento, o quadro foi revertido.
— Gabriel Oliveira Silva, sobre o atendimento ao Papagaio-Verdadeiro
Segundo Gabriel, o objetivo da ‘Salvator’ é cuidar dos animais silvestres, conscientizar a população sobre educação ambiental e, no futuro, até abrir um hospital veterinário especializado na região.
“Temos que trabalhar em cima da informação. Muitos não sabem que existem veterinários que atendem essas espécies. Precisamos orientar também sobre o comércio legal, pois muitos criadouros fazem um trabalho sério. Pretendemos abrir um hospital só para animais silvestres. Colocaremos até uma plaquinha dizendo que ‘não atendemos cães e gatos’“, complementou.
Trio sonha em abrir hospital especializado para animais silvestres no litoral de São Paulo — Foto: Arquivo Pessoal
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