O especialista afirmou que sempre é necessário levar em consideração os relatos de pessoas sobre abuso e violência, independentemente do diagnóstico que ela tenha. “Uma pessoa com Síndrome de Down, com 27 anos, é um adulto e dificilmente um adulto, mesmo com as suas fantasias, vai relatar algo que não aconteceu”.
Muniz acrescentou que, mesmo a denúncias de crianças, “temos que dar legitimidade às queixas. É preciso ouvir, investigar, e procurar não revitimizar e expor a pessoa.”
O psicólogo e professor afirmou que existem muitos casos de pessoas vulneráveis vítimas de abuso. Segundo ele, mesmo que um adulto com Síndrome de Down possa se defender, o agressor age com violência e persuasão. Muniz destaca que as vítimas devem ser acolhidas, independente das características que elas tenham.
“Quando alguém demonstra um comportamento diferente ou faz uma queixa, e colocamos a síndrome em primeiro plano para depois desvendar a questão do abuso, estamos cometendo o mesmo equívoco de quando dizem, por exemplo, que uma mulher foi estuprada pois estava com uma roupa que provocou o estuprador. Quando não damos créditos à vitima, estamos a agredindo ainda mais”, ressaltou.
Principais características de uma pessoa com Síndrome de Down
A principal característica, segundo Paulo Muniz, é a biológica. Eles nascem com um cromossomo a mais, o 21. “Nós temos 23 pares de cromossomos, quando acontece de ter um trio do cromossomo 21, é o que caracteriza a Síndrome de Down. Não é uma doença”, esclareceu.
De acordo com ele, pessoas com Síndrome de Down têm “uma pequena alteração no sistema neurológico, e isso pode alterar o desenvolvimento de regiões mais ligadas aos neurônios do córtex pré-frontal, e algumas vezes pode causar disfunções na capacidade de aprendizagem e nas questões comportamentais”.
Muniz afirmou que um diagnóstico precoce pode potencializar o desenvolvimento cognitivo, físico e motor. “Se aprendemos a tratar as pessoas com Síndrome de Down como qualquer outra pessoa, vamos ajudá-las a desenvolver habilidades para que elas tenham autonomia. Quando a criança com Down não é inserida na escola regular, por exemplo, o desenvolvimento dela é prejudicado”.
O pai do jovem de 27 anos foi preso em flagrante após atirar duas vezes contra o pastor da igreja que fica ao lado da casa deles, em Itariri. Após os disparos, o religioso, que não foi atingido, acionou a Polícia Militar (PM).
No local, o pai teria afirmado aos policiais que disparou contra o pastor devido à denúncia feita pelo filho, que tem Síndrome de Down. Além disso, a PM encontrou uma espingarda e uma arma artesanal conhecida como “canhão”, ambas calibre 32, na casa do pai de 55 anos.
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