Mas, afinal de contas, qual é a diferença entre israelenses, palestinos e o grupo Hamas?
Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen, explica que há três principais pontos para explicar essa pergunta.
Em termos gerais, segundo Fancelli, seria possível definir os grupos da seguinte maneira:
- Israelenses: cidadãos do Estado de Israel, que foi criado no fim da década de 1940.
- Palestinos: povo etnicamente árabe, de maioria mulçumana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
- Hamas: grupo radical considerado como terrorista por alguns países, como os Estados Unidos e o Reino Unido.
Veja, a seguir, mais detalhes sobre cada um desses pontos.
Jovem com a bandeira de Israel pintada no rosto, em Tel Aviv, em foto de 19 de abril — Foto: Reuters/Amir Cohen
Em 1947, as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados: um judeu e um árabe. Esses Estados seriam instalados na Palestina, sob um mandato britânico.
A ideia, segundo Uriã Fancelli, era “concretizar a promessa de se fundar um território para os judeus, que estavam há muitos séculos dispersos pelo mundo e que haviam acabado de sofrer uma perseguição inimaginável pelo Holocausto”.
“Israel foi fundada para ser o ‘lar dos judeus’, que começaram a imigrar de diversos países do mundo para se concentrar no país”, explica.
À época, a proposta foi aceita por líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe. Com o impasse, os judeus proclamaram o Estado de Israel em 1948, gerando revolta entre palestinos. Isso resultou na guerra árabe-israelense, no mesmo ano.
Mulheres palestinas acenam com bandeiras palestinas e mostram o gesto de vitória durante um protesto perto da fronteira com Israel, na Faixa de Gaza, em 30 de março de 2018. — Foto: Mohammed Abed/AFP
Diante do conflito, a comunidade internacional propôs a criação de um Estado palestino que deveria coexistir em paz com Israel.
Segundo Fancelli, muitos palestinos acabaram se dispersando para territórios vizinhos após a fundação do Estado de Israel, como a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
“Apesar de a maior parte dos palestinos estarem em Gaza e na Cisjordânia, as duas regiões são geograficamente separadas por Israel”, diz.
“Em 2012, a ONU reconheceu o “Estado da Palestina” como Estado observador, mas ainda não há um território muito bem delimitado do que seria esse Estado.”
O braço armado do Hamas, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses em Gaza — Foto: Getty Images/Via BBC
Mesmo com interferência da comunidade internacional e com várias tentativas de manutenção da paz na região, os conflitos persistiram. Isso abriu espaço para que um grupo islâmico armado ganhasse força: o Hamas.
Segundo Fancelli, desde 2006 o Hamas tem o controle da Faixa de Gaza, onde moram cerca de 2 milhões de palestinos. O grupo radical quer a extinção do Estado de Israel.
“Algo importante de frisar é que a maior parte dos integrantes do Hamas é de palestinos, contudo, nem todo palestino necessariamente faz parte do Hamas.”
“Confundir os palestinos com o Hamas é a mesma coisa que dizer que todo afegão é membro da Al-Qaeda”, explica.
Homem corre após explosão provocada por foguete lançado da Faixa de Gaza, em Israel, em 7 de outubro de 2023 — Foto: REUTERS/Amir Cohen
No sábado (7), lideranças do Hamas anunciaram que estavam iniciando uma grande operação de retomada de território. Um alto comandante do grupo chegou a dizer que mais de 5 mil foguetes tinham sido lançados contra Israel a partir da Faixa de Gaza.
Sirenes foram ouvidas em várias partes de Israel, incluindo grandes cidades, como Tel Aviv e Jerusalém. Os ataques atingiram prédios e veículos, causando estragos em diversas regiões do país.
Pela terra e pelo mar, homens armados do Hamas invadiram o território israelita na região sul do país. Agências internacionais relataram que esses homens atiraram contra pessoas que estavam nas ruas.
Também há relatos de dezenas de moradores israelenses sendo levados como reféns para a Faixa de Gaza.
Após a ofensiva, o primeiro-ministro israelense convocou uma reunião de emergência e lançou a operação “Espadas de Ferro”, prometendo uma resposta ao Hamas.
O governo de Israel pediu para que os cidadãos sigam instruções de segurança. A recomendação é para que as pessoas fiquem próximas de espaços protegidos.
O último balanço das autoridades indica que 532 pessoas morreram, sendo 300 em Israel e 232 na Faixa de Gaza. Há milhares de pessoas feridas. Os bombardeios continuam na Faixa de Gaza neste domingo (8).
A guerra em Israel — Foto: Arte/g1
VÍDEOS: conflito entre Israel e Hamas
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