Há quatro partidos principais na disputa:
- Pela esquerda, o Partido Socialista Operário da Espanha (Psoe) e o Sumar.
- Pela direita, o Partido Popular e o Vox (veja abaixo quem são os líderes de cada uma dessas agremiações).
Os partidos mais tradicionais, Psoe e PP, lideram a disputa. No entanto, nenhum partido deverá eleger os 176 deputados que garantem a maioria no Parlamento de 350 assentos e, na prática, será o terceiro colocado que determinará se a esquerda ou a direita chegará ao poder, diz Ramón Mateo, diretor da unidade eleitoral da consultoria beBartlet.
O Vox é um partido populista, conservador e nacionalista, contrário à imigração, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à União Europeia. Javier Tebas, o cartola de futebol da Liga Espanhola que criticou o brasileiro Vini Jr. depois que o atacante foi xingado por racistas durante jogos do Real Madrid, é um dos membros do Vox.
O presidente da LaLiga, Javier Tebas. — Foto: Guillermo Martinez/Reuters
O PP é um partido moderado e há membros que não estão confortáveis com uma aliança com o Vox, diz Mateo. Oficialmente, o partido afirma que prefere governar sem o Vox, mas na prática os eleitores do partido não se importam muito com uma eventual aliança com o partido extremista, o que já tem ocorrido em governos regionais.
Atualmente, o governo é controlado por uma aliança de esquerda liderada pelo Psoe –Pedro Sánchez, o presidente, é o líder do Psoe (a Espanha é parlamentarista, mas o cargo de chefe de governo tem o nome de presidente, e não primeiro-ministro).
Entenda abaixo os seguintes tópicos:
- Por que a Espanha vai às urnas?
- Quem são os líderes dos quatro principais partidos?
- O que dizem as pesquisas?
- Não é a economia; por que a oposição lidera?
Por que a Espanha vai às urnas?
Em maio houve eleições regionais na Espanha, e o desempenho do Psoe foi considerado muito fraco.
O PP e o Vox firmaram acordos para governar as seguintes regiões:
- Extremadura;
- Castilla e León;
- Valência, uma das regiões mais ricas do país, que já foi governada pela esquerda.
Essas vitórias da direita no país passaram a dominar o debate político na Espanha, e o presidente Pedro Sánchez, então, resolveu antecipar as eleições que estavam marcadas para o fim do ano.
Quem são os líderes dos quatro principais partidos?
- Pedro Sánchez, do Psoe, que atualmente ocupa o cargo de presidente.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, vota em eleições regionais, em Madri, na Espanha, em 28 de maio de 2023. — Foto: Juan Medina/ Reuters
O atual líder de governo não é o favorito para vencer as eleições. Ele foi o presidente durante a crise de Covid-19 e foi bem (a vacinação foi considerada um sucesso), e conseguiu gerenciar bem os problemas econômicos decorrentes da pandemia e da guerra na Ucrânia. As críticas que o governo enfrenta são em grande parte pelas alianças com os partidos mais à esquerda e a algumas das leis que ele decretou.
- Alberto Núñez Feijóo, líder do PP desde abril de 2022
Alberto Núñez Feijóo, em foto de setembro de 2016 — Foto: Miguel Vidal/Reuters
Feijóo, originalmente, era um funcionário público. Ele foi eleito líder da região da Galícia por quatro mandatos (a Galícia é um reduto tradicional do PP, mas, lá, tem um perfil mais moderado do que no resto do país).
- Santiago Abascal, líder do VOX, o partido de extrema direita.
O líder do Vox, Santiago Abascal. — Foto: Sergio Perez/Reuters
Abascal tenta projetar a imagem de um outsider que quer salvar a alma da Espanha. Ele era originalmente do Partido Popular e deixou o partido por discordâncias em relação aos separatistas da Catalunha e do País Basco.
Abascal defende símbolos clássicos da cultura espanhola (as touradas, por exemplo), e até mesmo alguns aspectos do regime franquista.
Ele faz críticas ao feminismo, já afirmou que quer revogar leis contra a violência de gênero.
- Yolanda Díaz, do Sumar, é a representante dos partidos de esquerda Sumar e Podemos.
Yolanda Diaz em 24 de junho de 2023 — Foto: Isabel Infantes/Reuters
A única mulher entre os principais candidatos é filha de ativistas de classe trabalhadora, sindicalistas e anti-franquistas. Ela é Ministra do Trabalho desde 2020 e, no ano seguinte, virou a vice de Pedro Sánchez.
Yolanda Díaz é enxergada na Espanha como uma esquerdista mais disposta a negociar. Ela intermediou acordos entre sindicatos e grupos empresariais, conseguiu aumentos do salário mínimo e foi responsável pelo plano de licença remunerada para empresas durante a pandemia de coronavírus.
O que dizem as pesquisas?
Para dominar o Parlamento espanhol é preciso ter 176 deputados. Nenhum dos partidos deve conseguir alcançar esse número sozinho –os mais bem colocados tentarão fazer alianças com os demais para conseguir alcançar essas 176 cadeiras.
A previsão publicada pelo jornal “El País” é a seguinte:
- PP: de 120 a 164 deputados
- Psoe: de 89 a 132
- Vox: de 18 a 49
- Sumar: de 20 a 46
- Outros: de 25 a 37
O cientista social Ramon Mateo afirma que o resultado deverá ser apertado. Os elementos principais da disputa devem ser o tamanho da vantagem do 1º colocado em relação ao 2º e do 3º colocado em relação ao 4º.
Não é a economia; por que a oposição lidera?
A taxa de emprego está em níveis baixos, e a inflação da Espanha é uma das mais controladas de toda a Europa.
A economia do país não enfrenta tantos problemas, e o que realmente está ajudando a oposição nessas eleições são dois fatores, de acordo com Mateo:
- Uma polarização forte que faz com que a direita mais moderada aceite uma aliança com a extrema direita.
- Uma decadência da esquerda não tradicional: nas eleições regionais, o Psoe não perdeu tantos votos, mas outros partidos de esquerda, principalmente o Podemos, que foi fundamental para a última aliança de governo, tiveram desempenhos muito fracos.
Mesmo com o favoritismo da direita, o resultado está em aberto –há ainda, diz Mateo, a possibilidade de ninguém conseguir alcançar os 176 assentos no Parlamento e ser preciso convocar novas eleições.
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