Com 50 anos desde a criação, os F-16 são conhecidos como “víboras” por uma característica única entre caças de guerra: um altíssimo poder de precisão e velocidade ao mesmo tempo.
Desde o começo da guerra, o governo de Volodymyr Zelensky vinha pedindo aos Estados Unidos, fabricante da aeronave, que enviasse unidades do caça ao território ucraniano. O presidente dos EUA, Joe Biden, relutou inicialmente: a operação, além de custosa, era demorada, já que os pilotos ucranianos teriam de ser treinados para operar a aeronave.
Depois de pressões e de o conflito ter se prolongado muito além do esperado, Biden cedeu e autorizou o envio de uma primeira leva, com 45 unidades do caça. Na quarta-feira (10), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou durante a cúpula da Otan, em Washington, que as aeronaves já estão em transferência e “vão cruzar o céu da Ucrânia em breve“.
Para isso, pilotos ucranianos vêm sendo treinados há meses em países europeus para poderem operar os caças supersônicos.
Infográfico sobre o caça F-16 — Foto: Arte/g1
Ágeis, velozes e com alta capacidade defensiva e destrutiva, os F-16 podem significar uma grande virada de chave na guerra da Ucrânia, que saiu de um cenário de estagnação ao longo de 2023 para avanços significativos da Rússia nas frentes de batalha desde o início deste ano.
Mas o favor que mais deve impactar na dinâmica do conflito é a grande agilidade e versatilidade do F-16, que foi pensado para voos baixos. Desde o começo da guerra, a capacidade da Ucrânia de travar batalhas no ar é muito baixa e quase nula — até por isso, as Forças Armadas ucranianas vêm investindo em ataques com drones –, algo que tem permitido o avanço da Rússia.
Uma das principais táticas de Moscou, por exemplo, são os ataques aéreos à rede elétrica nacional da Ucrânia, provocando apagões e desestabilizando o governo. O F-16 seria capaz de impedir esses ataques, por exemplo.
Isso sem falar do poder de contra-ataque. A aeronave, que pode ser lançada em questão de segundos, transporta até seis mísseis e canhão com 500 cartuchos, além de foguetes e bombas, e pode rapidamente derrubar aviões e mísseis, ao mesmo tempo em que é capaz de atacar navios e alvos inimigos em terra, já que foi construído tanto para conflitos no ar quanto para lidar com ataques em solo durante o voo.
Foi assim, aliás, que esse caça se alçou à fama mundial: durante a guerra do Afeganistão, em 2001, um piloto das Forças Armadas norte-americana fazia um voo de reconhecimento de terreno a bordo desse caça de guerra quando se deparou com um ataque surpresa de rebeldes afegãos. O militar não só conseguiu se livrar da emboscada com as manobras rápidas como atingiu as aeronaves dos rebeldes, segundo a fabricante da aeronave, a norte-americana Lockheed Martin.
Caça F-16 durante exibição em 2019 — Foto: Aijaz Rahi/Associated Press/Arquivo
A Rússia teme o caça porque sabe que ele foi projetado visando combater justamente aeronaves soviéticas. O F-16, que completou 50 anos este ano, foi criado como reação ao caça MIG-25, o poderoso avião de guerra da então União Soviética capaz de voar em velocidade três vezes maior que a do som.
Por isso, a possibilidade do uso dos F-16 no conflito ucraniano irrita o governo russo. No ano passado, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou responder de forma “colossal” à Ucrânia e ao Ocidente se as aeronaves de fato chegassem à Ucrânia.
O caça supersônico dos EUA também consegue fazer frente à modernização da frota russa. Com o passar dos anos, em vez de ficar obsoleto, o F-16 foi sendo modernizado e inclusive lançou novidades aplicadas até na aviação civil.
- É um caça supersônico, ou seja, que atinge uma velocidade acima de 1.235 quilômetros por hora;
- Foi desenvolvido nos EUA na década de 1970, mas está em constante aperfeiçoamento;
- Já foi usado por militares em 25 países para combates no ar-ar e ar-solo;
- É considerado versátil, leve e econômico;
- Tem um preço de até US$ 63 milhões, a depender do modelo;
- Há, aproximadamente, 3 mil caças ativos no serviço militar, em todo o mundo, incluindo centenas na Força Aérea e na Marinha dos EUA;
- Voou em conflitos americanos no Afeganistão, Iraque, Kosovo, Golfo Pérsico e em missões de defesa nacional no espaço aéreo dos EUA;
- É fabricado pela empreiteira de defesa dos EUA Lockheed Martin e por empresas na Bélgica, Dinamarca, Holanda e Noruega – segundo um alto funcionário ucraniano, esses quatro países sinalizaram que estariam dispostos a transferir alguns de seus F-16 para a Ucrânia, segundo o jornal americano The New York Times (NYT).
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