“Fui lá no postinho no mês passado e falaram que temos que aguardar porque [ele] está na fila do Cross [Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde ]. Disseram que isso [espera] pode levar mais uns dois anos. Eu falei: ‘Poxa, quando chegar a vez dele, já morreu’. O médico falou que se estourar pode ter uma infecção generalizada e vir a óbito”, disse Rosana.
Ao g1, a esposa contou que Cardoso recebeu o diagnóstico em 2020 e, desde então, aguarda ser chamado pelo posto de saúde de São Vicente, no litoral de São Paulo, para ser avaliado por um cirurgião. O último exame foi realizado há dois meses e revelou que a hérnia no testículo está do tamanho de um abacate, enquanto as do umbigo estão como três limões.
Morador de São Vicente (SP) sofre com dores e inchaço na barriga — Foto: Arquivo Pessoal
Rosana afirmou que o clínico geral do posto da cidade pediu urgência, mas a prefeitura informou que, segundo o especialista da Estratégia de Saúde da Família (ESF) Esplanada dos Barreiros, onde Cardoso é paciente, o caso não é de extrema urgência, e outras pessoas, com diagnósticos mais críticos, acabam tendo prioridade na lista de espera.
A administração municipal disse que em setembro do ano passado foi solicitada avaliação para a cirurgia e, nas próximas semanas, a equipe de profissionais da unidade entrarão em contato com o paciente para agendar a triagem.
Sobre a fila do Cross, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou, em nota, que não constam pendências de caráter estadual em nome da paciente.
Segundo Rosana, o paciente sofre com a barriga cada vez mais inchada e com convulsões ocasionadas pelas dores. A esposa disse que Cardoso ganhou uma cinta para apertar e amenizar o desconforto. O item era do marido de uma vizinha, que faleceu por conta de uma hérnia.
Os sintomas têm impedido o homem de trabalhar e a família, segundo Rosana, já enfrenta dificuldades financeiras. Eles têm três filhos, de 10, 14 e 15 anos, o mais novo tem síndrome de down.
“Eu estou desesperada vendo o mundo desabar sem poder fazer nada. Estão faltando as coisas dentro de casa e meu marido sofrendo com essas hérnias. Antes ele trabalhava de ajudante geral e me ajudava. Agora, sou só eu para tudo”.
Sem poder trabalhar por conta das dores, José vê família enfrentar dificuldades financeiras — Foto: Arquivo Pessoal
O clínico geral Roberto Debski explicou ao g1 que as hérnias saliências ou deslocamentos de órgãos que que não deveriam existir. Elas surgem por conta do enfraquecimento muscular e devido ao esforço excessivo. “Ela [hérnia] não se multiplica. Pode formar mais de uma em vários locais. Então, ela vai aparecendo porque esse tecido muscular está fraco”.
De acordo com o médico, o tratamento é apenas cirúrgico e caso os tecidos não consigam retornar ao devido lugar, necrosam [morte das células ou tecido]. De acordo com ele, no entanto, se as hérnias forem pequenas, é possível viver normalmente com elas.
“A hérnia não estoura. Ela estrangula, perde a circulação e necrosa o tecido. As pessoas falam que vai explodir, mas não é nada disso, é que ocorre uma morte desse tecido levando para uma situação de emergência. Se for, por exemplo, uma parte do intestino que necrosar, esse tecido vai ficar fraco, friável e vai se romper, e as fezes podem ir para cavidade abdominal. Uma situação que pode levar até a morte”, finalizou.
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Por: G1
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