O ajudante geral Edson da Silva, de 43 anos, sofreu uma lesão na medula espinhal ao escorregar em uma poça de lama na rua e deixar cair o botijão de gás que carregava em cima de si mesmo, em Santos, no litoral de São Paulo. Ele passou seis anos sem sair de casa, devido à dificuldade de locomoção. Agora, passou a morar em uma residência inclusiva, organizada pela prefeitura, e comemora a nova fase.
Edson é um dos residentes da Casa do Paraplégico de Santos, uma residência inclusiva proporcionada pela administração municipal há sete anos. O equipamento tem o objetivo de fazer com que pessoas com deficiências consigam desenvolver habilidades nas tarefas diárias, tenham mais autonomia e possam levar uma vida mais independente.
Em entrevista ao g1, o ajudante geral contou que tudo começou em 2004, quando ele voltava para casa carregando um botijão de gás. “Eu passei por uma rua que estava cheia de lama. Eu estava com um botijão, e caí”, relata.
Antes de se mudar para a casa inclusiva, Edson morava no Morro da Nova Cintra, com o sobrinho. “Eu ficava muito tempo sozinho, devido às dificuldades de me locomover. Cheguei a ficar seis anos sem sair de casa. Para ter atendimento de saúde, os médicos tinham que ir até a minha casa para me ver”, relata.
As coisas só começaram a melhorar quando Edson procurou uma assistente social que trabalhava no Centro de Referência de Assistência Social (Cras). “Ela arrumou esse lar para eu morar, e estou aqui até hoje”.
Edson da Silva é um dos moradores da residência inclusiva de Santos, no litoral de SP — Foto: Divulgação/ PMS/ Raimundo Rosa
Segundo Edson, antes de morar na residência inclusiva, ele não tinha uma cadeira de rodas para se locomover. “Eu me adaptei aqui”, diz.
Segundo a Prefeitura de Santos, a Casa do Paraplégico tem capacidade para receber até dez pessoas com idades entre 30 e 59 anos, que necessitem de acolhimento institucional e estejam em situação de vulnerabilidade social. No momento, o equipamento atende metade disso, devido à baixa demanda.
No imóvel, há cinco quartos, cozinha, banheiros e toda a infraestrutura para acolher os moradores. Eles têm equipes de cuidadores, psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social.
Edson tem seis filhos, e recebe um salário mínimo para pagar a pensão deles. “Não é muito, mas é o que posso dar no momento. O restante fica para meu uso pessoal, caso a minha cadeira quebre. Aí, eu tenho como consertar ela”, afirma.
“Minha vida é boa agora, tenho como ir ao médico, posso sair para onde eu quiser, como o Museu Pelé e o Aquário de Guarujá. Finalmente, me sinto feliz, por ter como me locomover”, afirma Edson.
O ajudante ainda relata que, devido à pandemia, os moradores do local ficaram reclusos, por “segurança”, mas que, aos poucos, estão retomando a vida social.
Agora, Edson afirma que seu objetivo é comprar um kit para motorizar sua cadeira de rodas, que foi doada pela prefeitura. Segundo ele, o material custa em torno de R$ 6 mil. “Assim, vou poder procurar um emprego e ajudar a minha família. Com esse kit, meu plano é começar a fazer entregas por aplicativo”, finaliza.
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