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Idoso com câncer raro que causa feridas e bolhas na pele luta pela liberação de medicação para o tratamento

today24 de agosto de 2022 169

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Telmo Elias da Silva, de 69 anos, luta contra um câncer raro que, ao progredir, causou feridas parecidas com bolhas por todo corpo há pouco mais de um ano. Morador de São Vicente, no litoral de São Paulo, ele sofre de um quadro evoluído de linfoma cutâneo e precisa de uma medicação que é avaliada em cerca de R$ 20 mil, segundo familiares, para continuar com o tratamento.

A feirante e esposa dele Maria Aparecida do Prado contou ao g1 que tudo começou com uma ferida na perna dele em junho de 2021. “Ela não fechava e nem cicatrizava. Passamos por vários médicos e a ferida só crescia”, lembra. O diagnóstico de linfoma cutâneo só foi concluído cerca de três meses depois.

No mesmo ano, o idoso começou o tratamento no Hospital Guilherme Álvaro, onde também passou por sessões de quimioterapia e radioterapia. Com isso, Maria Aparecida afirma que a ferida do esposo foi cicatrizando. Porém, o alívio durou pouco tempo já que, segundo ela, logo surgiram caroços que coçavam e bolhas que queimavam. “Foi um ‘baque’ para nós”, lamenta.

O idoso Telmo Elias da Silva, de 69 anos, mora em São Vicente, no litoral de São Paulo, e luta contra um câncer de pele que causa feridas parecidas com bolhas por todo corpo há pouco mais de um ano — Foto: Arquivo Pessoal



A partir daí, foram iniciados novos tratamentos. O mais recente é a aplicação do medicamento Brentuximabe. Segundo a esposa de Telmo, será um período de teste. “Depois desse ‘teste’, a doutora vai avaliar a situação e fazer novos exames”, explica Maria. São necessárias três ampolas para uma injeção, que deve ser feita a cada 20 dias.

No entanto, o remédio é de alto custo e, segundo a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, não é padronizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Estamos movendo céus e terras. O remédio deve ajudar a aliviar os sintomas da doença e [dar] uma melhor qualidade de vida para ele”.

Os familiares realizaram uma pré-pesquisa e constataram que teriam que pagar cerca de R$ 20 mil por ampola, caso escolhessem começar o tratamento. Segundo Maria Aparecida, o marido só conseguiu tomar a primeira aplicação após a doação da medicação feita pela mãe de um paciente, que teria encerrado o tratamento com o brentuximabe.

Enquanto isso, cada vez mais erupções e caroços aparecem, principalmente, no rosto e costas de Telmo, que também lida com os inchaços na pele. “Estão pelo corpo todo praticamente. Mesmo depois da primeira injeção que ele tomou”, lamenta.

Telmo é beneficiário do plano de saúde da filha. Por isso, os familiares solicitaram à operadora de saúde o acesso ao medicamento e também deram entrada no pedido no Departamento Regional de Saúde da Baixada Santista, porém, não obtiveram retorno de qualquer um deles.

Segundo Maria Aparecida, a família já foi avisada pela equipe médica que a doença não tem cura e que vão precisar lidar com medicamentos contínuos. A próxima dose deve ser aplicada no dia 9 de setembro. Até lá, Telmo e a esposa aguardam pela liberação da medicação, seja pelo convênio ou pelo Departamento Regional de Saúde.

Segundo a médica hematologista Elaine Mancilha, o linfoma cutâneo geralmente é tratado por um especialista em dermatologia. “O linfoma cutâneo é uma condição rara e que pode ser difícil de diagnosticar”, explica. A especialista afirma que, no primeiro momento, a doença se desenvolve somente na pele, sem afetar qualquer outra parte do corpo.

Porém, em casos onde a medula óssea e o sangue do paciente é atingido, como o caso de Telmo, é preciso seguir o tratamento da hematologista. “Tem pessoas que tem um linfoma leve e que não progride, já em outros ele será agressivo. Quanto mais demora para diagnosticar, pior é”.

Segundo ela, quando ele passa a entrar na área da hematologia, o quadro muda de nome e pode ser chamado de micose fungoide ou de Síndrome de Sezary. Nessa etapa, a doença já afeta outras estruturas do corpo.

Ainda de acordo com a especialista, quem apresentar feridas que não fecham e não cicatrizam durante um longo período de tempo, de seis meses a um ano de evolução, deve ficar atento. Até mesmo quem já procurou um médico e não foi passado exame de biópsia, que pode diagnosticar o linfoma e a evolução dele, é preciso buscar novamente um profissional. “Às vezes só tratam a coceira, como se fosse uma simples lesão”.

Telmo Elias da Silva, de 69 anos, morador de São Vicente, no litoral de SP, antes das bolhas e caroços tomarem o corpo dele. — Foto: Arquivo Pessoal

Nesses casos, a quimioterapia e radioterapia podem ser indicadas, como é o caso de Telmo. De acordo com Elaine, em situações onde um marcador específico da doença é apontado durante a bateria de exames, a medicação Brentuximab pode ser aplicada, que consiste em uma imunoterapia de alto custo. “Cada caso é um caso. A recuperação vai depender da resposta do paciente e de todo o quadro de saúde que ele apresenta”, ressalta.

Além de tudo, segundo ela, pacientes que apresentam um quadro de linfoma cutâneo e de qualquer uma das suas evoluções precisam de acompanhamento multidisciplinar. Segundo Elaine, a lesão pode apresentar pus e acabar infeccionando. “O paciente precisa trocar o curativo, às vezes acompanhar com um vascular [médico] por risco de úlcera, entre outras [doenças]”.

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Por: G1

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