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Idoso que estudou até o 4° ano do Fundamental conquista diploma aos 70 anos: ‘Me redescobri’

today16 de julho de 2024 6

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O aposentado Gernival Siqueira da Silva não teve vida fácil e de oportunidades, pelo contrário. Quando criança acompanhava os pais na roça, em um trabalho análogo à escravidão, e estudou até o 4º ano do Ensino Fundamental. No horizonte, porém, projetou os estudos e se formar. O caminho foi longo, mas o menino do campo conquistou o sonhado diploma do curso de Recursos Humanos aos 70 anos.

Siqueira contou que desde pequeno percebia que as pessoas que frequentavam escola tinham um comportamento diferente das que não estudavam.

Sem condições financeiras, começou a trabalhar na roça junto aos pais. “E aí meu sonho acabou”. Ele contou que quando foi para o quartel, aos 18, se sentiu esperançoso em trilhar uma vida diferente.



“Eu chorava muito. Sabe aquele choro de desgosto por não ter nem o Ensino Médio? Quando as pessoas perguntavam grau de instrução, era a maior tristeza falar”, disse.

O aposentado fez o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) para concluir o Ensino Médio. “Foram muitos tropeços porque aprender na prática dói muito”.

Além de um sonho, ele via no curso superior uma situação vantajosa. “Foi um avanço muito grande porque eu me redescobri. […] frequentar quatro anos de escola e depois entrar em uma faculdade, achei uma conquista muito grande”.

Siqueira vê a própria vida como um empreendimento. “A primeira empresa que tenho que cuidar é meu corpo, minha mente e administrar todas as minhas decisões”. Isso fez com que ele resolvesse cursar Recursos Humanos (RH).

“É uma alegria que não cessa. É uma conquista. Mudou muito a minha vida, minha forma de falar é outra, minha postura para falar em público mudou”, afirmou ele.

Gernival Siqueira da Silva nunca desistiu da vontade de adquirir conhecimento e formou-se em Recursos Humanos (RH) aos 70 anos — Foto: Arquivo Pessoal

A graduação, segundo ele, foi feita de forma on-line. Já as provas eram realizadas de forma presencial, momento em que ele ia até o polo educacional e interagia com outros alunos e funcionários.

“Vários alunos estavam ali fazendo [prova] também. Como eu era o mais idoso, vinham me cumprimentar”, disse Siqueira.

Durante a colação de grau, no começo deste ano, um aluno estava prestes a desistir da faculdade porque estava com dificuldades, mas, quando o viu, optou por continuar.

“Ele disse que ia continuar porque, se eu terminei, ele também terminaria. Se motivou. As funcionárias sempre me tratavam muito bem e isso é muito contagiante”, afirmou.

O idoso afirmou que o conhecimento abre portas, gera oportunidade e riquezas, pois as pessoas não são só aparência e que, às vezes, não se desenvolvem por falta de estudos.

“A maior guerra que a gente enfrenta hoje não é entre o bem e o mal, mas entre a ignorância e o conhecimento”, disse.

Ele implorava para que os três filhos fizessem faculdade, mas não conseguiu. “Quando comecei a fazer, meu filho falou que iria voltar. Resultado: eu me formei e esse ano ele forma também”.

A esposa dele, de 72 anos, estudou a 7ª série, fez o Encceja e também irá à faculdade fazer um curso técnico. “Imagina o resultado que vai produzindo dentro da família”.

Os sonhos do próprio Siqueira não pararam com a faculdade. Ele pretende fazer pós-graduação e doutorado. “[Estou] impactando pessoas. A gente tem que ter coragem e acreditar”.

Siqueira afirmou, ainda, que passou por muitos altos e baixos desde o período em que esteve na roça até a mudança para Praia Grande (SP), quando se aposentou.

“A partir da maturidade que eu me encontrei, renasci de novo. Sou um dos homens mais felizes da face da terra”, finalizou.

Siqueira, que conquistou diploma aos 70 anos, quer incentivar mais pessoas a estudarem independente da idade que tiverem — Foto: Arquivo Pessoal

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Por: G1

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