Uma mulher luta para reencontrar a filha após a menina de 8 anos ir passar o feriado de Dia das Crianças com o pai em Bertioga, no litoral de São Paulo, e não retornar. A auxiliar de cozinha Tatiane Aparecida Leda Lopes, de 31 anos, contou ao g1 que a guarda da menor Beatriz Aparecida Lopes de Souza é compartilhada, mas a Justiça determinou que a residência oficial dela é o lar materno, em Sarutaiá (SP).
De acordo com Tatiane, ela teve um relacionamento de 10 anos com o pai da filha e chegou a morar em Bertioga junto com ele. No entanto, o casal se separou há aproximadamente três anos e ela foi morar com a filha em Sarutaiá.
No processo de guarda compartilhada, ficou determinado que o pai poderia passar alguns dias com a criança. Desta forma, Leandro Santos de Souza foi buscar Beatriz no dia 11 de outubro, com o compromisso de devolvê-la às 18h do dia 15. No entanto, ele não retornou.
“Depois que ele não trouxe a minha filha, o Conselho [Tutelar] foi acionado. Ligamos para ele [pai] e já não atendeu mais”, relembrou a mulher.
A auxiliar de cozinha fez um boletim de ocorrência sobre o caso, conforme foi orientada pelo Conselho Tutelar, além de entrar com pedido de busca e liminar judicial no Fórum.
“Ela saiu de casa com três trocas de roupas”, disse a mulher, informando que se preocupa muito com o bem-estar da menina, que também está perdendo conteúdo escolar.
Segundo Tatiane, no ano passado, o ex-marido teve uma atitude parecida. O combinado era que a criança passasse o Natal com Leandro e a virada do ano com a mãe. “Então, ele insistiu para ela ficar até o Ano Novo e não queria trazer. Falei que ia na delegacia e ele a trouxe no dia seguinte. […] Agora, ele armou tudo certinho e conseguiu levá-la e não trazer mais”, disse.
Tatiane ainda falou que a filha chegou a mandar alguns áudios, mas sempre dizendo a mesma coisa: que estava bem, com saudade e a amava.
O g1 tentou localizar a defesa de Leandro Santos de Souza, mas não localizou até a publicação desta reportagem.
Tatiane Aparecida Leda Lopes mora com a filha em Sarutaiá — Foto: Arquivo Pessoal
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado na Delegacia de Sarutaiá no último dia 16. Segundo a pasta, a equipe de investigações de Bertioga localizou o homem e a menor e os encaminhou ao Conselho Tutelar. “O Ministério Público foi acionado e seguirá com as medidas cabíveis”, finalizou a nota.
O Ministério Público informou que “o caso corre em segredo de justiça decretada pelo judiciário”, por isso, o órgão não tem autorização para passar informações.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) também disse que “processos sobre direito de família e envolvendo crianças e adolescentes tramitam sob segredo de justiça”.
Em nota, a Prefeitura de Bertioga informou que o Conselho Tutelar, junto com a equipe de segurança da cidade, “está em contato com o Ministério Público para realizar todas as providencias necessárias”.
Já a Prefeitura de Sarutaiá afirmou que foi apresentada uma denúncia no MP, mas o promotor não acatou o pedido de busca da menor e apreensão do pai, pois ele tem a guarda compartilhada com a mãe.
“Todavia, o promotor afirmou que iria citar o genitor e que ele teria um prazo de 15 dias para sua defesa, após a intervenção do MP. Os conselheiros tutelares tomaram todas as medidas de sua competência, como abrir a ocorrência no órgão, auxiliar a mãe a representar uma denúncia na Delegacia de Sarutaiá e no Ministério Público”
Segundo a prefeitura, as conselheiras também afirmaram que entraram em contato com o Conselho de Bertioga, e os mesmo tentaram contatos com o pai da criança, mas não conseguiram êxito.
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