O médico e especialista em reprodução humana Condesmar Marcondes, que acompanhou o tratamento, gestação e o parto da aposentada Rosemeire Aparecida Ribeiro, de 54 anos, que morreu uma semana após dar à luz gêmeas e realizar o sonho de ser mãe, disse ao g1 que foi ele quem deu a notícia da morte ao marido dela. Ele revela que ficou muito abalado com a situação.
A mulher morreu vítima de uma parada cardíaca, em Santos, no litoral de São Paulo, pouco depois de dar entrada em um hospital relatando falta de ar. As crianças nasceram no último dia 12 de dezembro, no Hospital São Lucas, no mesmo município. Segundo a família, elas estão saudáveis.
“[Ele] está tão triste quanto eu. Estou triste porque é como se [ela] fosse alguém da minha família, principalmente a gente não sabendo a causa”, disse Marcondes.
Rosemeire Aparecida Ribeiro, de 54 anos, morreu uma semana após realizar o sonho de ser mãe — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
Segundo o médico, ele não realizou o atendimento dela, apenas a orientou a ir ao pronto-socorro após queixar-se de falta de ar. “Ela foi para o Hospital Ana Costa, mas ainda não sabem a causa da morte. Foi para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), mas um dos médicos desconfiou de Covid-19”.
O g1 entrou em contato com o Hospital Ana Costa, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Aposentada morre após dar à luz a gêmeos, aos 54 anos, no litoral de São Paulo — Foto: Arquivo Pessoal e Aleksander Ferraz/A Tribuna Jornal
Em entrevista ao g1, no último domingo (18), Rosemeire contou que não tinha pressão alta ou diabetes, além de ter ressaltado o cuidado com cada exame feito antes de engravidar. Segundo ela, a decisão pela fertilização ‘in vitro’ foi tomada junto com o marido, o controlador de acesso Alexandre Carvalho, de 49 anos, assim que foi ‘liberada’ nos ‘testes’.
Na ocasião ela disse ter contado com o apoio da família me apoiou muito e que todos ficam muito felizes.
“Sempre sonhei com isso [ser mãe] e achava que, um dia, aconteceria. O tempo estava passando, mas tinha aquilo dentro de mim, dizendo que aconteceria de alguma forma. É muito gratificante. É um amor sem fronteiras”, contou Rosemeire, no último domingo (18).
Rosemeire morreu uma semana após realizar o sonho de ser mãe — Foto: Arquivo Pessoal
Durante a entrevista, a aposentada explicou também sobre as mudanças no próprio corpo e a decisão pela gravidez. “No geral, graças a Deus, foi muito tranquilo. É claro que o corpo vai mudando por conta de uma ‘coisinha ou outra’. Os hormônios vão ‘explodindo’ de alguma forma, mas, sobre alterações em exames ou algo do tipo, nada. Dessa forma, eu decidi fazer. Se eu tivesse esses problemas, aos 54 anos, não traria uma criança [ao mundo] para sofrer“.
A mulher contou ainda que, nos últimos três meses, passou a ficar mais ‘inchada’, mas acrescentou que a situação também teve acompanhamento médico e, por isso, não a preocupava. “O inchaço nas pernas é normal no final da gestação. Tínhamos a preocupação de trombose, mas fiz exames, pois o meu médico queria que fizéssemos tudo certinho, e não deu nada“.
O médico Rider Nogueira de Brito Filho, por sua vez, acrescentou que, ‘atrás’ de uma parada cardíaca, pode existir uma questão patológica, ou seja, relacionada a doenças, ou “qualquer coisa que esteja agredindo de forma muito intensa no organismo da pessoa, que acaba causando a morte”.
O profissional explicou, ainda, o conceito de gestação de risco. “No caso em questão, qualquer gestação acima dos 35 anos, ou abaixo dos 15, é considerada dessa forma. Além disso, podemos citar a presença de conflitos familiares, situação conjugal instável, uso de drogas ilícitas, álcool, fumo, riscos ocupacionais, entre outros, acabam levando a gente a considerar uma gestação de risco”.
Rosemeire Aparecida Ribeiro deu a luz às gêmeas Aylla e Antonella — Foto: Arquivo Pessoal
VÍDEOS: Mais assistidos do g1 nos últimos 7 dias
Publicar comentários (0)