Allan juntou o dinheiro ao longo de 2022, de moedas de R$ 0,05 a R$ 1,00. Segundo a mãe, Maria Luciana da Silva, o garoto comprou o equipamento como forma de presentear a si mesmo pelo aniversário de 10 anos, que será celebrado no próximo dia 24.
A mãe ressaltou que o computador custou R$ 300 ao filho, um dinheiro que ela não tinha condições de abrir mão para gastar com presente. “É usado, com um ‘risquinho’, mas funciona”, explica.
Maria Luciana está desempregada e tem vendido trufas para conseguir sustentar a casa, além de gastar com a compra dos medicamentos de Allan.
Não é a primeira vez, no entanto, que o menino de 9 anos economiza as moedas que ganha da mãe e das irmãs para comprar itens na sua lista de desejos. No ano passado, por exemplo, ele comprou uma bicicleta da vizinha por R$ 150. “Toda vez em que ele ganha alguma moeda, ele guarda para comprar as coisas dele”, conta a mãe.
Allan Júnior da Silva Kolarik, de 9 anos, também conseguiu juntar moedas para comprar uma bicicleta usada em Praia Grande, no litoral de SP. — Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com Maria Luciana, Allan passa por consultas e exames a cada seis meses para monitorar o lipoma intracraniano, um tumor benigno raro e que é constituído por tecido adiposo [gordura] e que corresponde a algo entorno de 0,01% a 0,06% dos tumores cerebrais, conforme informou o neurocirurgião João Luis Cabral.
O tumor, segundo a mãe, foi descoberto após duas convulsões em fevereiro de 2020. Na época, exames comprovaram a presença do lipoma cerebral de 1,7 centímetro.
De acordo com Cabral, a medicação prescrita para quem tem esse tipo de tumor é somente para os sintomas, como a convulsão. O único tratamento é a cirurgia, em casos de pacientes que apresentam crescimento da massa de gordura.
“Primeiro, é preciso ver a região do tumor. Se há risco ou não de mexer. Segundo, que é o parâmetro principal, é se o lipoma estiver crescendo. Se sim, tem que retirar, porque um hora vai comprimir o cérebro a ponto de dar déficit motor, epilepsia, cefaleia e por aí vai. O parâmetro de retirada cirúrgica do lipoma é se ele estiver crescendo. Se ele estiver estacionado, então não se mexe”, explica Cabral.
Tumor cerebral tem 1,7 centímetros — Foto: Arquivo pessoal
De acordo com a mãe de Allan, o menino faz acompanhamento com um médico neurologista, que não indicou o procedimento cirúrgico, já que poderia deixar sequelas graves. O procedimento, no entanto, não é descartado em caso de crescimento do tumor.
“Deus é bom, o tumor dele está ali ‘quietinho’ e creio que vai sumir um dia”. Enquanto isso, segundo Maria Luciana, o filho toma medicações anticonvulsivantes duas vezes ao dia.
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