Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a médica contou que a cirurgia leva à flacidez dos seios, principalmente em implantes muito volumosos. Segundo ela, isso acontece porque com as próteses a pele fica esticada e firme e, ao retirá-las é muito provável que ocorra uma sobra de pele, o que deixará as mamas ‘caídas e flácidas’.
“Nos casos que ocorrem a flacidez mamária, o cirurgião plástico realiza a retirada do excesso de pele, como também [realizam] a remodelação do tecido mamário. Há técnicas cirúrgicas aplicadas para cada tipo de paciente e seu biótipo, como: mamoplastia redutora ou a mastopexia para o levantamento das mamas”, esclarece.
Em alguns situações, é possível enxertar gordura para remodelar os seios. “O cirurgião plástico pode utilizar desse recurso para preencher o volume nas mamas, desde que a paciente tenha gordura localizada para reaproveitar. Após o explante, os seios mudam de formato, tamanho e textura. Afinal, o volume mamário foi removido na cirurgia. O antes e depois têm as suas consequências”.
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Quando explantar e quais os cuidados
Quando o implante se rompe, o explante mamário é obrigatório, segundo a especialista. A mulher pode optar por substituir a prótese ou não. “A ocorrência da ruptura pode ser tanto assintomática quanto sintomática”.
A cirurgiã plástica cita possíveis complicações, como alterações de sensibilidade da mama ou do mamilo, seroma [acúmulo de líquido], hematoma, enrugamento da pele e possibilidade de um novo procedimento cirúrgico para correção de cicatrizes.
“O principal cuidado no pós-operatório é evitar levantar os braços para a lateral ou para a frente do corpo, além de não realizar atividades físicas por 30 dias. É fundamental que a paciente siga todas as orientações do seu cirurgião plástico. Assim, conseguirá ter uma recuperação mais rápida e saudável”, orienta Ana Lúcia.
A médica reforça também, que, caso a pessoa queira recolocar a prótese após a remoção, essa ação é possível, tanto no mesmo ato cirúrgico, como no futuro.
Ana Lúcia faz reforça, portanto, que as mulheres agendem consulta com um médico experiente e com especialização em cirurgia plástica. “Além de formado em medicina, o profissional tem que ter passado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e adquirido o RQE [Registro de Qualificação de Especialidade]”.
Alguns explantes acontecem por conta da ‘Doença do Silicone‘, como no caso da Miss Baixada Santista, que relatou alívio após sofrer com a doença. “Parte do gel do silicone vazou e despejou metais pesados no meu organismo. Assim que tirei o silicone, os sintomas foram sumindo. Parou com a dor nas costas, o tremor, o inchaço”, contou ao g1 em maio deste ano.
Segundo a cirurgiã plástica, pode-se chegar a um diagnóstico a partir de alguns critérios estabelecidos. “Ainda há controvérsias. Justamente porque os sintomas comuns são variados e pouco específicos, podendo aparecer devido a doenças reumatológicas e depressão, por exemplo”. Ela acrescenta que há muitas especulações e faltam comprovações sobre a doença.
“A vontade da paciente é respeitada e os sintomas que ela relata são levados em consideração no momento da investigação médica. Temos que explicar para a paciente que a retirada do implante pode ou não resolver os sintomas, e também falar das consequências estéticas”, afirma.
Uma modelo internacional resolveu fazer uma cirurgia de explante das próteses de silicone que havia colocado nos seios há mais de dez anos, após sentir muitas dores e queimações no local. Sabrina Sancler diz que, após um período de sofrimento, se sente mais ‘confiante e sexy’, apesar da dificuldade em aceitar a remoção.
Miss confessa que a remoção do silicone foi libertadora — Foto: Arquivo pessoal
Sabrina é formada em direito e miss Brasil Intercontinental. Ela colocou silicone aos 18 anos, quando morava em Bertioga, no litoral paulista. Hoje, ela vive em Barcelona, na Espanha.
“Coloquei a prótese muito nova. Nessa idade a gente sorri mais do que pensa. Não tinha noção do que é uma cirurgia e uma anestesia. Eu não gostava do meu corpo. Coloquei silicone porque queria ter peito grande e era moda na época. A gente quer se encaixar”, conta.
Modelo contou ao g1 que aprendeu a amar e aceitar o próprio corpo — Foto: Arquivo pessoal
Após aproximadamente dez anos da cirurgia, Sabrina começou a sentir dores fortes e queimação na região das mamas. “Eu sempre vivi com a prótese, sem problema, mas comecei a sentir pontadas, que com o tempo foram evoluindo para queimação”.
O corpo da modelo já estava expelindo o silicone. “É normal depois de alguns anos o corpo expelir e precisar trocar a prótese. Eu estava com fibrose e contratura de grau 1, por isso meu peito estava muito dolorido”, explica.
Sabrina afirma se sentir mais feminina e mais sexy após a remoção da prótese — Foto: Arquivo pessoal
Ela pensou em trocar a prótese ou em colocar uma menor, mas chegou a conclusão de que poderia ter complicações. “Hoje em dia eu tenho mais consciência. Comecei a ver alternativas para retirar e participar de grupos de explante”.
A partir daí, ela começou a cogitar fazer a retirada da prótese. “Não foi uma decisão de uma hora para outra, porque é uma decisão complicada. Eu demorei um ano pensando até realizar a cirurgia. Eu fui ao Brasil para retirar a prótese com um médico especialista em explante”, lembra.
“Saúde em primeiro lugar, física e mental. Peito pequeno é lindo, é sexy. Eu me sinto muito mais sexy, utilizo muito mais decote. Me acho muito mais feminina com o peito pequeno”, afirma Sabrina Sancler.
Miss Baixada Santista 2022 sofreu com a ‘Doença do Silicone’
“Todos os médicos tentavam achar uma solução para o que eu tinha, mas não achavam. Foi assustador”. O relato é de Giovanna Coltro, de 24 anos, que é dentista e miss Baixada Santista em 2022. A jovem sofreu com a ‘Doença do Silicone’, após implantar próteses mamárias, e confessa se sentir uma pessoa muito mais feliz, autêntica e saudável com a retirada do silicone.
Em entrevista ao g1, Giovanna relembra que começou a desejar se encaixar em um padrão de beleza ainda criança, influenciada pelas figuras femininas que via em desenhos e novelas. “Sempre foi uma questão pessoal, mas não foi algo meu. Foi por conta de uma pressão externa que a gente vive diariamente”, explica.
Miss celebra alívio após explante das próteses de silicone — Foto: Arquivo Pessoal
Aos 18, Giovanna pediu um implante de silicone ao pai. A família achou melhor esperar um pouco, e ela realizou o então sonhado procedimento no dia 2 de julho de 2018, aos 21 anos. “Fiz por autoestima. Achava que era menos mulher do que gostariam que eu fosse”,
A miss comenta que, no primeiro momento, ficou satisfeita com o resultado. Mas, não demorou muito para os problemas aparecerem. Um incômodo persistente, fadiga e cansaço foram os primeiros sintomas da ‘Doença do Silicone‘ que a jovem sentiu. Em pouco tempo, eles aumentaram e se intensificaram, a ponto de atrapalhar não apenas sua vida social, mas a profissional, já que, na época, ela estudava e trabalhava.
Giovanna Couto posa de cabelo curto e sem prótese mamária — Foto: Arquivo Pessoal
“Estava sempre me sentindo doente, cansada, exausta. Dormia mal, tinha sudorese noturna, dor no corpo, dor nas mãos e tremor. Sentia muito frio e precisava usar seis blusas em dias com temperaturas amenas para conseguir sair. Meu cabelo caía de encher a mão, e o rosto, bochecha, olhos e nariz incharam. Não tinha forças para nada. Foi assustador”, desabafa.
Conforme relata, a jovem buscou atendimento médico, mas os profissionais que a atenderam inicialmente não conseguiam diagnosticar o que ela tinha. “Diziam ser ‘coisa da minha cabeça'”, conta. Giovanna ainda lembra que também passou em consultas com especialistas como psiquiatra, psicólogo, reumatologista e dermatologista, e que nenhum diagnóstico plausível para todos os seus sintomas era encontrado.
Jovem guarda cicatrizes do explante como forma de marcar sua história — Foto: Arquivo Pessoal
Frustrada e sofrendo com dores, a jovem tomou conhecimento da ‘Doença do Silicone‘ enquanto pesquisava na internet. Depois disso, buscou o cirurgião plástico que realizou seu implante. Vendo os sintomas dela, ele marcou a remoção das próteses para a mesma semana. Assim, pouco mais de três anos após a cirurgia, a jovem teve as próteses retiradas, no dia 3 de outubro de 2021.
Aliviada e sentindo um bem-estar que mal lembrava como era, a miss revela que decidiu optar por ser feliz, e não por se moldar aos padrões de beleza. Dessa forma, após o explante mamário, ela cortou o cabelo curto. “Resolvi ser a pessoa que eu sempre quis ser”.
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