Em nota, a Prefeitura de Santos esclareceu que, em nenhum momento, eximiu-se da responsabilidade da escola em relação à aluna e, conforme informado na última quinta-feira (16), um dia após o ocorrido, informou apurar, baseada em depoimentos, se a menina teria saído da unidade acompanhada da mãe de uma colega de classe – informação negada pela mulher citada.
Adeilda contou que já na rua, após ter pegado a filha, percebeu a menina que ‘escapou’ da escola se descolando das demais mães. Diante da cena disse ter perguntado a uma mulher se a garota era filha dela, mas ouviu não como resposta. Durante essa conversa a criança virou a esquina.
A dona de casa a acompanhou a menina e notou que ela seguia mãe e filha que atravessavam a rua abraçadas. “Só que vinha um carro cruzando a via. Como a criança era pequena me assustei e fui rápido para o meio da rua para o motorista me ver e não acontecer [o acidente]“.
Acreditando que a garota estava com a mulher que havia atravessado a via, Adeilda a alertou sobre o risco de atropelamento, mas novamente ouviu que a criança não era filha dela. “Perguntei: Como assim? Me abaixei para falar [com a menina], mas ela não entende. Peguei na mão dela e a levei para a escola. Quando chegamos ela resistiu, não queria entrar”.
Criança de 5 anos com autismo escapou de escola no Gonzaga, em Santos (SP), na última quarta-feira (15) — Foto: Arquivo Pessoal
A dona de casa relembrou que começou a gritar porque não tinha ninguém do portão da escola, mas ao entra na unidade logo encontrou a mãe da criança ‘emocionalmente abalada’. “Pegou a menina no colo e começou a gritar. Até chorei. Ela ficou muito desesperada”.
Adeilda contou que chovia no momento em que saiu para pegar a filha na escola. O marido teria insistido para ela pegar o carro, mas resolveu caminhar até a escola. “Algo me disse para ir a pé. Deus me colocou lá. Nunca vivi isso, mas imagino a dor [dessa mãe]”.
Para ela é essencial ter mais segurança, principalmente no portão da escola. “Tem que ter mais pessoas para verem se realmente as crianças estão saindo com os pais. Foi grande a falta de atenção da escola porque uma criança sair sozinha é muito grave, principalmente especial. Eu nem quero imaginar se fosse com a minha filha”.
A mãe da garota que ‘escapou’ da escola, a autônoma Yasmin de Campos Fonseca, de 25 anos, disse que reviver o ocorrido é um misto de gratidão, mas também de injustiça, impotência e desespero. “Minha filha nasceu de novo e eu nasci de novo porque ela foi o anjo da vida da minha filha, um anjo que Deus mandou para proteger minha filha”.
Yasmin disse não ter palavras para descrever o gesto que Aldeida teve com a filha dela. “Não tem nada que eu faça como forma de agradecimento, não tem nada que pague, que eu fale dessa atitude que ela teve”.
Ela ainda enfatizou que Aldeida poderia ter ido de carro, mas que algo fez com que ela fosse a pé para ajudar a sua filha. “Se ela tivesse ido [de carro] não sei, de verdade, o que teria acontecido, nem se minha filha estaria aqui hoje comigo“.
Criança de 5 anos com autismo escapou de escola no Gonzaga, em Santos (SP), na última quarta-feira (15) — Foto: Arquivo Pessoal e Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
A administração municipal ratificou que lamenta profundamente a saída da menina da escola sem a presença dos responsáveis legais e que todas as providências cabíveis já foram tomadas, além de uma sindicância que irá investigar a fundo o caso.
A Secretaria de Educação informou que todas as 86 escolas municipais atendem plenamente a recomendação do MEC em relação às diretrizes de educação inclusiva. Na escola citada, além dos professores, há 18 profissionais de apoio escolar inclusivo (PAEIs), sendo nove para cada período.
A autônoma Yasmin de Campos Fonseca, de 25 anos, passou por momentos de desespero ao buscar a filha na escola e descobrir que ela havia escapado da unidade. Ela afirmou ao g1 que a garota deixou o prédio sem que ninguém percebesse e, por sorte, foi encontrada por outra mãe de aluno – estava atravessando a rua e quase foi atropelada.
Yasmin contou que, ao chegar na escola, cumprimentou a professora e perguntou como a filha tinha se comportado em sala de aula. A docente respondeu que a menina tinha se saído bem e que iria chamá-la para ir embora.
“Na hora que ela virou para chamar, ela [filha] não estava dentro da sala de aula. Falou que olharia no banheiro e já fui procurando na outra sala”. Yasmin disse ter entrado em desespero quando a professora contou que a menina também não estava no banheiro.
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