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Obrigado a recuar, Netanyahu abre brechas na coalizão do governo e na segurança de Israel

today27 de março de 2023 5

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Sua teimosia para manter um projeto de poder fez dele um amador e lhe custará caro: o premiê abriu uma fenda na coalizão fundamentalista que o sustenta e deixou a segurança de Israel vulnerável aos inimigos que o rodeiam.

Partidos ultranacionalistas e ultraortodoxos que compõem a aliança radical costurada por Netanyahu ameaçaram abandonar o governo após a suspensão da aprovação da reforma. Para permanecer no cargo e não ser abandonado pelos parceiros de coalizão, Netanyahu teve que fazer concessões.

“A reforma judicial não pode ser parada e não podemos nos render à anarquia”, defendeu o ministro Itamar Ben-Gvir, da Segurança Nacional, um dos pilares da extrema direita no Gabinete do primeiro-ministro, que ameaçou renunciar e fazer ruir o governo. Em troca de seu apoio ao adiamento da reforma, o premiê concordou em aprovar a criação de uma guarda nacional, que ficará sob o comando de Ben-Gvir.



Seus comparsas de coalizão seguiam a mesma retórica incendiária e insuflaram manifestantes de extrema direita a confrontar os protestos e os grevistas que paralisaram o país.“Somos a maioria, vamos fazer ouvir a nossa voz. Não vamos deixar que nosso voto e o Estado sejam roubados de nós”, conclamava o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que representa os colonos.

Refém dos extremistas, Netanyahu arrasta o quanto pode a convulsão social que começou há três meses, junto com seu novo governo. O ponto de inflexão, no entanto, ocorreu no domingo, quando ele demitiu o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que fez um pronunciamento pedindo a suspensão da legislação em avanço no Parlamento.

O recado do ministro foi contundente: a reforma judicial representava um perigo claro e presente à segurança nacional do país. “A divisão crescente em nossa sociedade está penetrando nas forças armadas e nas agências de segurança. A brecha pode levar nossos inimigos a uma oportunidade privilegiada. Não vou ajudar nisso”.

Gallant referia-se ao movimento crescente nas forças armadas contra a reforma judicial de Netanyahu: reservistas se recusavam a comparecer ao serviço militar voluntário enquanto o governo insistisse no projeto de delegar ao Legislativo o poder sobre o Judiciário.

O ministro foi demitido por fazer a coisa certa, avaliou o jornal “Haaretz” em seu editorial. “Em vez de estabilizar o sistema de defesa e impedir a disseminação da recusa em servir, Netanyahu deu um duro golpe na segurança de Israel no domingo”, prosseguiu o jornal.

Entenda a reforma do Judiciário em Israel

Entenda a reforma do Judiciário em Israel

Mas a que preço? Ao que parece, o alerta de Gallant para a suspensão da legislação era corroborado pelo alto escalão militar, enquanto os radicais de direita insistiam em definir o ministro como fraco ao lidar com a insurgência interna e não punir desertores.

Partidários e desafetos de Netanyahu concordam num ponto, ainda que por razões distintas: o país se mostrou vulnerável diante de seus inimigos.

As tensões internas abriram um flanco às ameaças de Irã, facções palestinas e Hezbollah. Como resumiu o colunista Amos Harel, do “Haaretz”, pela primeira vez um primeiro-ministro colocou o seu destino à frente da segurança do país.

Em vez de apelar à unidade das forças armadas, Netanyahu disseminou uma turbulência inédita no interior da corporação. Seu governo agora balança e arca com os danos de ter feito Israel encurtar a distância com seus inimigos externos.

Com o país em convulsão e sem condições de seguir adiante com a aprovação imediata da reforma do Judiciário, como era previsto, o premiê garantiu apenas uma sobrevida: empurrou a crise para maio e invocou o caminho do diálogo com opositores, inexistente até agora.

Milhares nas ruas em Israel contra reforma do Judiciário

Milhares nas ruas em Israel contra reforma do Judiciário




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Por: G1

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