Quantos tesouros em um só olhar? Quantas maravilhas da humanidade estão guardadas em Paris? Arcos, torres, museus – e estádios também. O Stade de France seria um palco perfeito para a cerimônia de abertura. Mas dessa vez, não foi lá.
Zidane tomou nas mãos o fogo olímpico e simbolizou a ideia das autoridades de levar a tocha, a festa e as Olimpíadas para as ruas de Paris – e, principalmente, para o Rio Sena. Uma passarela líquida. Uma bandeira gasosa e uma cortina de água abriram o caminho para o mundo desfilar.
E não são só os atletas. Todos querem estar lá. Lady Gaga foi a primeira a se apresentar em tom de cabaré. Uma americana cantando em francês, um sinal de que a França quer conversar com o mundo.
A Grécia abriu o desfile dos países, e foi seguida em ordem alfabética, como sempre se faz. Nas margens do rio, um desfile de monumentos, como só Paris pode fazer. Fazer desse cenário um espetáculo vivo – com começo, meio e fim – é um desafio grandioso até mesmo para uma cidade que nunca fugiu dos desafios. E Paris conseguiu: transformou os Jogos Olímpicos com uma cerimônia de abertura inesquecível no Rio Sena.
E o Brasil faz parte dessa festa. A multidão festejou a passagem do Brasil, com barco exclusivo, privilégio das grandes delegações. Na proa, os porta-bandeiras Isaquias Queiroz e Raquel Kochhann.
“Extremamente mágico, talvez essa seja a palavra. Porque nossa, tantas pessoas… Isso aqui para a gente é um grande orgulho, poder representar ela mundo afora”, afirma Raquel Kochhann.
“Acho que a lembrança na memória vai ser incrível. Foi muito legal, foi diferente e lindo demais vê o pessoal na beira do rio acenando para a gente. Foi maravilhoso”, diz Isaquias Queiroz.
Delegação do Brasil na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris no Rio Sena — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Um personagem mascarado foi conduzindo a tocha pelos telhados de Paris. Os trabalhadores que reconstruíram a catedral de Notre Dame foram a inspiração para um tema musical e o início da celebração dos valores e do talento que a França exporta para o mundo.
A moda, a história, a arte: todos esses encantos retratados na faixa estreita da cidade que fica à beira do rio. Um espaço de sobra para muitas surpresas. A cantora Axelle Saint-Cirel surgiu no telhado do Grand Palais com as cores da França, e Paris parou para ouvir o hino. A voz feminina é a marca da Olimpíada de maior equidade de gênero da história dos Jogos.
Foi uma cerimônia tão diferente, que teve espaço até para uma inauguração: dez estátuas de mulheres, grandes francesas da história que vão ficar para sempre nas margens do Sena.
Veio a chuva, os barcos passaram a ondular na correnteza do rio. Veio a noite, e Paris brilhou ainda mais. E quando o fogo ilumina Paris, o sol está brilhando do outro lado do mundo. Na Polinésia Francesa, os atletas do surfe também participaram da cerimônia.
Mas todos os caminhos olímpicos desaguaram no Rio Sena. Um cavaleiro flutuante com uma armadura de prata que refletia a Cidade Luz carregou a bandeira olímpica.
O presidente Emmanuel Macron declarou abertos os Jogos de Paris. Um protocolo rápido, para não tirar o espaço de cenas destinadas à eternidade.
Zidane voltou para recuperar a tocha e, em um gesto de gentileza, entregar para atletas estrangeiros. Alguns dos maiores de todos os tempos: Rafael Nadal, Carl Lewis, Nadia Comaneci e Serena Williams carregaram o fogo pelo Sena e passaram a tocha para atletas franceses, que completaram o último trecho. Ou seria o último sonho?
O judoca Teddy Riner e a velocista Marie-José Pérec acenderam a pira — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
O maior museu do mundo. Todos os caminhos abertos para o sonho de paz que o fogo olímpico simboliza. Nos Jogos da equidade, um casal esperava pela chama. O judoca Teddy Riner e a velocista Marie-José Pérec acenderam a pira, em forma de um balão brilhante que vai iluminar a cidade olímpica até o fim dos Jogos.
A torre, que todo mundo inteiro conhece, conseguiu ficar ainda mais bonita. Celine Dion, que não cantava em público há quatro anos, encerrou a cerimônia celebrando o amor em um palco inigualável.
Depois do que se viu em Paris, a abertura dos Jogos Olímpicos nunca mais será a mesma. A terra da liberdade, igualdade e fraternidade ofereceu um espetáculo de perfeição, elegância e amizade. E o mundo assistiu, ao vivo, a França fazer outra revolução.
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