Nilton Oliveira dos Santos, operador de produção e pai da cirurgiã-dentista Stephanye Oliveira, disse que por morar próximo da Via Anchieta, em Cubatão, vê a quantidade de acidentes. “A Ecovias [concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, SAI] simplesmente se limitou a dizer que o número reduziu, e é mentira, a gente vê aqui”.
O pedido dele é para que o tráfego dos veículos de maior porte seja separado dos de pequeno porte. “Não me parece um negócio difícil, [mas] sei que eles devem ter as questões burocráticas deles. Creio que a vida humana está acima de tudo. Eles têm condição de fazer algo melhor”.
Segundo o operador de produção, familiares e amigos das vítimas farão um protesto neste domingo às 14h para cobrar das autoridades melhorias nas estradas. “Infelizmente é dessa forma que a gente vai ter que atuar. Não foi um acidente, foi um crime”.
Cirurgiã-dentista Stephanie Oliveira, de 24 anos, morreu após o carro em que estava ser esmagado por duas carretas na Rodovia Anchieta, em Cubatão (SP) — Foto: Reprodução/Instagram e Nina Barbosa/g1
A autônoma e mãe da cirurgiã-dentista, Michelle Arruda, de 40 anos, disse que um ponto importante que será reivindicado no protesto é a fiscalização. “O caminhão estava com excesso de peso, muito acima. Estava em alta velocidade, a 80 km/h em uma via de 50 km/h. Estava na faixa da esquerda, fugiu da balança, precisa de mais fiscalização para não acontecer com outras famílias, outros jovens”.
Michelle afirmou que considera a Via Anchieta superperigosa e cheia de curvas. “[Precisam] pensar nessa questão. Se eles fecham lá [Imigrantes], obrigatoriamente carros pequenos e motos têm que descer no meio dos caminhões pesados e cheios de infrações”.
Para ela, as multas precisam ser mais altas para os motoristas obedecerem as placas indicativas. “A fiscalização não é rigorosa. Foge da balança e ninguém vai atrás? Não tem ninguém fiscalizando a balança? Não faz sentido”.
Ela afirmou que um dos motivos da manifestação é para evitar que mais acidentes fatais ocorram. “Tenho outro filho, tenho família, tenho mais amores na minha vida. É para que amores de outras famílias não morram”.
Segundo Solange, não faz sentido a concessionária disponibilizar uma balança de pesagem dos veículos, mas não ter uma fiscalização para controlá-la. “É um descaso. Um caminhão se evade da balança e não tem uma fiscalização que vai atrás. Ao meu ver não adianta nada. Aquele que está com excesso de peso simplesmente não para e vai embora”.
Caio Olivencia Morales dos Santos, de 33 anos, era motorista de aplicativo e estava fazendo uma corrida, no momento do acidente. — Foto: Arquivo Pessoal
A partir de 1° de julho, o pedágio mais caro do Brasil, no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), foi reajustado. O valor cobrado passou dos R$ 33,80 para R$ 35,30 – preço para veículo de dois eixos, de passeio. Quando o novo valor foi divulgado a segurança na Via Anchieta foi abordada por internautas.
“O melhor de tudo isso é ter que descer pela Anchieta em meio aos caminhões que raramente respeitam os automóveis”, ironizou uma internauta.
Outra pediu para que as autoridades lembrem que os moradores do litoral merecem o mesmo direito de uso da Rodovia Imigrantes. “Frequentemente somos obrigados a descer pela Anchieta porque é sempre prioridade para os turistas. Pedágio caro e direitos diferentes”.
As reclamações continuam e um motorista diz: “E ainda temos que descer no perigo da Anchieta disputando lugar com as carretas”.
Duas pessoas morrem e duas ficam feridas após acidente em rodovia de SP — Foto: André Phellype Santos
Em nota, a Ecovias informou lamentar o trágico acidente e esclareceu que, em relação à operação das balanças, a atuação limita-se ao fornecimento, manutenção e operação dos equipamentos de pesagem. “A Concessionária não tem poder para fiscalizar, perseguir ou punir infratores de qualquer natureza”.
A Ecovias destacou em parceria com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e a Polícia Militar Rodoviária nessas tarefas fornecendo equipamentos e recursos para que desempenhem funções de fiscalização e autuação.
“No trecho da serra da via Anchieta, do km 40 até o km 51, onde aconteceu o acidente, existem cerca de 20 placas informando a velocidade máxima permitida no local – que é 50 km/h, e outras 15 alertando sobre a proibição de caminhões trafegarem pela faixa da esquerda”, disse em nota.
A Ecovias pontuou que, no momento do acidente, a operação estava normal, sem qualquer ponto de lentidão, ficando opcional aos motoristas escolherem por qual rodovia subir ou descer a serra.
Em relação aos valores de pedágio, informou que tanto a tarifa base de cada praça quanto o índice de reajuste são definidos pela Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
O motorista de aplicativo e a passageira, uma cirurgiã-dentista, morreram após o carro que estavam ser esmagado por duas carretas na manhã de 23 de junho na Rodovia Anchieta, em Cubatão (SP). Segundo apurado pelo g1, outras duas pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para hospitais da região.
A colisão ocorreu no km 51 da rodovia, na pista sentido litoral. De acordo com a concessionária, devido a lentidão do tráfego no local, uma carreta branca parou na faixa 1 da via e o carro parou logo atrás. Uma carreta azul não conseguiu frear e colidiu na traseira do carro, deixando-o prensado.
O motorista e o passageiro do veículo vermelho ficaram presos nas ferragens e morreram no local. Já os condutores das duas carretas tiveram ferimentos leves e foram encaminhados pelo Corpo de Bombeiros para um hospital da região.
Carro é esmagado por carretas e duas pessoas morrem em rodovia de SP — Foto: Nina Barbosa
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