A eleição de Robert Francis Prevost ao papado, sob o nome de Leão XIV, marca um momento histórico e, ao mesmo tempo, delicado para a Igreja Católica. Trata-se do primeiro pontífice oriundo dos Estados Unidos, mas cuja trajetória pastoral foi profundamente moldada por experiências na América Latina, em especial no Peru. Sua escolha reacendeu debates sobre os rumos ideológicos da Santa Sé, sobretudo entre setores mais conservadores, tanto no meio eclesial quanto no político.
Embora sua origem norte-americana possa sugerir uma afinidade simbólica com o Ocidente tradicional, Leão XIV apresenta um perfil marcadamente progressista. Em ocasiões anteriores à sua eleição, expressou críticas públicas às políticas migratórias adotadas durante a administração de Donald Trump, assim como à pena de morte, temas sensíveis para segmentos conservadores que defendem a soberania nacional, o Estado de Direito e a ordem jurídica com base em valores ocidentais clássicos.
A preocupação manifestada por analistas ligados ao campo conservador, como o ex-estrategista da Casa Branca, Steve Bannon, reflete um receio mais amplo de que a liderança do novo papa aprofunde a guinada progressista iniciada por Francisco. Para esses setores, a ênfase em pautas sociais — como migração, meio ambiente e inclusão — pode obscurecer aspectos doutrinais fundamentais da fé cristã, como a defesa da vida, da família tradicional e da liberdade religiosa frente ao avanço de pautas secularizantes.
Leão XIV assume o trono em um momento em que o catolicismo enfrenta sérios desafios de identidade, unidade e autoridade moral. A crescente secularização do Ocidente, a fragmentação interna entre diferentes correntes teológicas e o enfraquecimento da influência da doutrina tradicional despertam preocupações legítimas, para a sobrevivência do romanismo em tempos de crise moral e espiritual.
O fato de o novo pontífice possuir cidadania peruana e estreita ligação com movimentos eclesiais da América Latina pode indicar uma continuidade com a chamada “opção preferencial pelos pobres”, que historicamente tem dialogado com elementos de crítica ao capitalismo e ao modelo liberal ocidental.
Portanto, a eleição de Leão XIV foi recebida com cautela — e em alguns casos, com apreensão — por representantes do conservadorismo internacional, que alertam para o risco de que o papado se transforme em uma plataforma de ativismo político em detrimento da preservação da cultura ocidental.
A relação entre o novo papa e governos mais inclinados ao conservadorismo, como o de Donald Trump, tende a ser marcada por tensões, sobretudo se houver intervenções pontifícias que interfiram em agendas políticas domésticas sob o pretexto de princípios universais.
Em conclusão, o pontificado de Leão XIV está alinhado com ideologias que podem comprometer sua autoridade moral e política. No mais, diria apenas que o atual tem mais peso internacional do que seu antecessor; e, aquela troca seis por meia dúzia – aquilo que estava ruim pode piorar ainda mais…
Lawrence Maximus é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestre em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel.
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