Um homem, de 42 anos, afirmou ter sido vítima de homofobia dentro de um ônibus municipal em São Vicente (SP). Valdemir de Souza contou ao g1 que o motorista passou direto pelo ponto em que ele desceria, embora tivesse solicitado a parada. Ao questionado sobre a atitude, o passageiro contou que foi chamado de ‘bicha’ na frente de todos que estavam no transporte público.
Valdemir contou ter pegado o ônibus 202P para ir para casa, como faz todos os dias, por volta das 17h20. Ele disse que nunca havia pegado a condução com esse motorista.
Prestes a descer do ônibus, da empresa SOU, o passageiro afirmou ter sinalizado a parada. No entanto, o motorista parou bem antes e fora do ponto para que um adolescente saísse. “Ali não era ponto. Pensei que ele parou só para o rapaz descer. Aí dei sinal novamente, mas ele não parou no ponto”.
O homem, que trabalha como orientador de estacionamento, disse que falou para o motorista que queria descer, mas o condutor questionou se ele não tinha visto que a porta havia sido aberta. Ele, então, afirmou que ali não era ponto e foi até a catraca conversar com o profissional.
“Falei que queria descer e ele falou: ‘Você não desceu porque você não quis. Desce do meu ônibus, sua bicha’. Tinham mais pessoas dentro do ônibus. Tentei ligar a câmera do celular, mas nem funcionava de tão nervoso que eu fiquei”, disse Valdermir.
De acordo com o passageiro, a situação ocorreu a quatro pontos à frente de onde havia solicitado a parada. “É chato. Por eu ser homossexual, constantemente as pessoas falam [ofensas]. A gente está cansado disso. Tem certas coisas que eu tampo o ouvido e fecho os olhos, [mas] aquilo dentro do ônibus foi o estopim para mim”, disse ele.
O homem afirmou que situações como essa não podem acontecer e que são comuns também com idosos e mulheres com criança no colo. “Fiz [boletim de ocorrência] para que todas as pessoas possam ver que nós somos seres humanos e precisamos de respeito”.
Ele contou que foi até a rodoviária da cidade, onde há um ponto de atendimento da empresa SOU para conseguir o nome do motorista e registrar o BO, mas não passaram a informação. Valdemir também tentou contato com a empresa por telefone e e-mail, mas não teve retorno.
Valdemir disse ser o responsável por cuidar da família, da mãe, uma idosa de 70 anos, e um irmão com necessidades especiais. “Quem cuida da minha família sou eu. Eu trabalho todo santo dia e pagar uma condução para ser humilhado? É difícil”.
O caso foi registrado na Delegacia Eletrônica como: ‘preconceitos de raça ou de cor’, que trata sobre Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Em nota, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), disse que entrará em contato com a SOU, empresa responsável pelo transporte municipal, para averiguar a situação e, a partir disso, tomar as medidas administrativas cabíveis.
O Executivo afirmou, ainda, que repudia qualquer tipo de ofensa e discurso de ódio contra todas as pessoas, e que é fundamental que o munícipe procure as autoridades policiais para que as providências legais sejam tomadas.
O g1 entrou em contato com a SOU, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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