Documentos obtidos pela TV Tribuna, afiliada da Rede Globo, apontam que 12 diferentes crimes de lavagem de dinheiro ligados ao prefeito de Guarujá foram apurados pela PF. A Polícia analisou e descobriu, com a autorização da Justiça, informações fiscais e bancárias de que a família Suman teve um aumento patrimonial de R$ 11.600.000 nos últimos seis anos. O dado contradiz o chefe do Executivo, que havia declarado uma perda de R$ 177.750,20 no período.
Quando foi preso em 2021, Suman estava morando em um apartamento na Praia de Pitangueiras e, na época, o imóvel estava em nome do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Assuntos Portuários de Guarujá, Rogério Ludge Lima Neto. À PF, ele negou ser o dono e esclareceu que era de propriedade do ex-secretário.
Relátorio da PF mostra que Suman teve acréscimo no patrimônio apesar de ter declarado perda nos últimos 6 anos — Foto: TV Tribuna/Reprodução
Na época da prisão, Suman afirmou à PF que tinha intenção de comprar o imóvel, mas que a negociação não se concretizou. Além disso, o prefeito disse que proprietário reformou o apartamento, seguindo a preferência da primeira-dama Edna Suman, mas que o valor seria colocado no preço da venda.
Lima Neto, por sua vez, contou à PF que realizou a benfeitorias necessárias no imóvel e que a documentação inerente à reforma do apartamento foi feita junto à prefeitura. Ele disse, ainda, que o imóvel seria vendido como permuta [em troca de algo] ao prefeito, mas que o negócio não foi efetivado.
PF identifica que Suman possuía, em local seguro, contrato de compra e venda de imóvel na Praia de Pitangueiras em Guarujá, SP — Foto: TV Tribuna/Reprodução
No entanto, as investigações baseadas em documentos apreendidos apontam outra versão. No apartamento onde estava o ex-secretário da Educação, Marcelo Nicolau, no bairro Morumbi, na capital paulista, os agentes encontraram um contrato passando o imóvel para os filhos do prefeito no valor de R$ 800 mil. Além disso, recibos de pagamentos assinados por Lima Neto com valores quitados pelos herdeiros do prefeito também foram encontrados no local.
Segundo o relatório da PF, apesar de o imóvel estar em nome de Lima Neto, Suman possuía, em local seguro, um contrato de compra e venda com as respectivas quitações do imóvel, assinado pelo proprietário, procedimento que é comumente utilizado para lavagem de dinheiro.
PF conclui inquérito e aponta que concluiu que prefeito de Guarujá, Válter Suman (PSDB), sabia e participava de um esquema de corrupção adquirindo bens e escondendo os valores — Foto: TV Tribuna/Reprodução
Os peritos da PF apuraram que o apartamento era avaliado em quase R$ 1,5 milhão, mas foi negociado por R$ 800 mil e que a reforma custou aproximadamente R$ 1,5 milhão.
A arquiteta responsável pelo projeto afirmou à Polícia que a obra foi paga em dinheiro por Edna e que, por exigência da mesma, não eram emitidas notas fiscais.
O documento que registra a reforma na prefeitura foi feito em nome de Edna. Entretanto, sofreu uma alteração de troca de nome da contratante, que deixou de ser a primeira-dama.
Ainda de acordo com a apuração da PF, a família Suman comprou dois apartamentos em Campos do Jordão (SP) e realizou a reforma dos imóveis, que teriam sido pagas em dinheiro por Edna, totalizando R$ 610 mil.
O casal teria comprado, ainda, oito unidades de um empreendimento avaliados em quase R$ 2,5 milhões pagos em dinheiro e boleto, e que esses imóveis foram registrados em nome dos filhos do prefeito e do ex-secretário Marcelo Nicolau.
Prefeito de Guarujá, Válter Suman, foi preso durante operação da Polícia Federal — Foto: Matheus Tagé/Jornal A Tribuna
A PF apontou, ainda, a compra de joias, artigos de luxo e a aquisição de quatro carros pelo casal. Edna e Válter Suman foram indiciados pelos crimes de ocultação de bens. Ele também foi indiciado por corrupção ativa, passiva, fraude em procedimento licitatório e outros crimes.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Suman, mas não obtive retorno até a última atualização desta reportagem.
Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do prefeito de Guarujá, Válter Suman — Foto: Nina Barbosa/g1
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