Julian Assange ficou mundialmente conhecido por fundar um grupo de ativistas chamado WikiLeaks, em 2006. Nos anos seguintes, a organização vazou cerca de 700 mil documentos classificados dos Estados Unidos, o que irritou autoridades norte-americanas.
Diante disso, Assange enfrentou várias acusações e chegou a ficar sete anos asilado na Embaixada do Equador em Londres, antes de ser preso. Ele será oficialmente libertado após anos de batalhas judiciais e um acordo com os Estados Unidos.
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Assange tem 52 anos e nasceu na Austrália. Durante a adolescência, ficou conhecido por suas capacidades em programação computacional.
Em 1995, ele enfrentou seu primeiro problema judicial: foi acusado por um tribunal australiano de cometer crimes cibernéticos. À época, o jovem Assange só não foi para a cadeia por prometer que não cometeria novas infrações.
Segundo as acusações, ele e um amigo eram hackers e cometeram uma série de infrações. Assange acabou sendo multado e liberado.
Ainda no fim da década de 1990, foi coautor do livro “Underground: Tales of Hacking, Madness and Obsession on the Electronic Frontier”, lançado com a pesquisadora e jornalista Suelette Dreyfus. Ele também foi para a Universidade de Melbourne, onde estudou matemática e física.
O WikiLeaks surgiu em 2006 como uma ferramenta digital onde documentos secretos pudessem ser vazados. A técnica usada é conhecida como “dead letter box”, que é um método de espionagem. O grupo era composto por ativistas, que recebiam materiais sigilosos.
Ainda em 2010, a rede divulgou cerca de 490 mil documentos militares dos Estados Unidos sobre as guerras no Iraque e Afeganistão. Os arquivos eram considerados como classificados, ou até mesmo secretos.
Entre os vazamentos estavam vídeos que exibiam assassinatos de civis, jornalistas, além de abusos cometidos por autoridades dos EUA e outros países.
Com o sucesso do grupo, Assange deixou de ter endereço fixo e passou a administrar a plataforma de lugares diferentes.
“Para manter nossas fontes seguras, tivemos que espalhar recursos, criptografar tudo e mudar telecomunicações e pessoas ao redor do mundo para ativar leis de proteção em diferentes jurisdições nacionais”, disse Assange à BBC, em 2011.
A divulgação dos documentos classificados se tornou, à época, a maior brecha na segurança militar dos Estados Unidos já registrada. O caso irritou políticos e oficiais norte-americanos.
A Rússia nega a acusação, enquanto Trump chamou o relatório de “farsa”.
Imagem do site WikiLeaks — Foto: Karen Bleier / AFP
Prisão e ajuda do Equador
O fundador do WikiLeaks acabou sendo preso pela primeira vez em 2010, no Reino Unido, após ser acusado de abuso sexual contra duas voluntárias suecas do WikiLeaks.
Assange negou as acusações e disse que o caso era um pretexto para que ele fosse extraditado aos Estados Unidos, onde seria responsabilizado pelos vazamentos de documentos secretos.
Em 2012, a Justiça do Reino Unido determinou que ele fosse enviado para a Suécia, onde passaria por um interrogatório. Após ter um recurso negado pela Suprema Corte, Assange entrou na embaixada do Equador em Londres, onde ficou asilado por 7 anos.
Durante o tempo em que esteve na embaixada, Assange teve dois filhos com a advogada e defensora dos direitos humanos Stella Moris. Ele também recebeu a visita de celebridades, como a cantora Lady Gaga e a atriz Pamela Anderson.
Julian Assange na Embaixada do Equador em Londres, em 2012 — Foto: Kirsty Wigglesworth/AP
Briga com os EUA e acordo
Ainda em 2019, o Reino Unido recebeu um pedido dos Estados Unidos para que Assange fosse extraditado. O objetivo seria fazer com que ele respondesse em solo norte-americano a 18 acusações de conspiração, crimes cibernéticos e violação de leis de espionagem.
Após o fim da sentença de 50 semanas de prisão impostas pelo caso na Suécia, o fundador do WikiLeaks permaneceu detido na prisão de segurança máxima de Belmarsh, onde aguardou por audiências de extradição.
Em 2021, um juiz britânico decidiu que Assange não deveria ser extraditado. A alegação da Justiça era a de que ele estava enfrentando problemas de saúde mental, com risco de suicídio.
Em fevereiro deste ano, a defesa do australiano protocolou um último recurso, argumentando que o caso era um ataque à liberdade de expressão e ao jornalismo. Além disso, a defesa disse que ele poderia enfrentar a pena de morte se condenado.
Por fim, os Estados Unidos chegaram a um acordo com Assange. O fundador do WikiLeaks se declarará culpado em um tribunal dos EUA das Ilhas Marianas do Norte de uma única acusação criminal.
Na audiência, o fundador do WikiLeaks deve ser sentenciado a 62 meses de prisão, tempo que ele já cumpriu no Reino Unido. Após se declarar culpado e passar pela audiência, Assange estará oficialmente liberado. A expectativa é a de que ele volte para a Austrália.
Ativistas fazem protesto pedindo liberdade para Julian Assange, em abril de 2024 — Foto: David Cliff/AP
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