Torneio durou cinco semanas, reuniu 24 Comunidades e abriu oportunidades para centenas de atletas
A primeira Taça das Favelas Guarujá teve seu fim no último sábado (3), na Arena Santa Rosa (Av. Artur Paixão, 193 – Vila Ligya). Complexo Prainha, no masculino, e Comunidade Santa Rosa, no feminino, se sagraram campeões do maior torneio de futebol entre favelas do mundo. A realização e organização foram da Central Única das Favelas (Cufa) e teve o apoio da Prefeitura de Guarujá, por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (Sel).
No sábado, a Arena Santa Rosa recebeu as grandes finais. Às 10 horas, a bola rolou pela primeira delas, com a Comunidade Santa Rosa enfrentando a Vila Margarida, pelo título feminino. Jogando em casa, as meninas do Santa Rosa venceram por 2 a 0, com gols de Leticia Nascimento e Giovana Oliveira. O título coroou o grande futebol apresentado pelas meninas guarujaenses desde a primeira partida, quando abriu o Torneio vencendo por 3 a 1 o Morro do Macaco.
Para Marcelo Costa, técnico da equipe, o título foi uma grande oportunidade de visibilidade para as jogadoras e comissão técnica. “Esse cenário que a Cufa promove, com entrevistas e matérias na televisão, é muito bom para a divulgação da modalidade. Queremos agradecer a todas as jogadoras, comissão técnica, Secretaria de Esporte e Lazer e a Comunidade Santa Rosa por confiar em nosso trabalho”.
Logo depois, aconteceu a esperada final masculina. Complexo Prainha enfrentou o Pae Cará e, em um jogo disputado, venceu por 1 a 0 com gol de Kevyn Alves, fazendo a festa na Arena após o apito final. “Montamos o time um mês antes do Torneio. Brunno Amorim, técnico da equipe, relembrou a trajetória do time. “No início, eles não queriam nem treinar. Muitos deles não têm uma estrutura familiar ou que demonstre a eles que sem trabalho não conseguimos chegar a lugar nenhum. Mas com muito trabalho e empenho, demonstramos a eles que precisávamos de organização se quiséssemos chegar a algum lugar. Eles passaram a frequentar os treinos, marcamos um amistoso e perdemos, mas com isso vimos que precisávamos melhorar, então mudamos a formação e modelo de jogo, e assim fomos. Eles conseguiram entender que é necessário lutar para conquistar. Não é na loucura, é na organização”.
Após os jogos, aconteceu a cerimonia de premiação, onde Joice Cristina, da Vila Margarida e Renato Queiroz, do Pae Cará, receberam troféu pela artilharia do campeonato, com ambos marcando três gols ao longo da competição. Victor Hugo, da Prainha, e Thais Nascimento, da Santa Rosa, foram os goleiros menos vazados e também receberam premiação.
A torcida, que compareceu em peso, acompanhou as partidas por meio de doação de um quilo de alimento não perecível. Foram mais de 300 quilos arrecadados que serão destinados à Comunidade Aldeia, no Complexo Prainha, em Vicente de Carvalho. Antes das partidas, também aconteceram apresentações culturais e artísticas.
Fase estadual
Agora, os times campeões irão subir a serra para disputar a fase estadual da Taça das Favelas, com todos os jogos sendo disputados no Centro Educacional e Esportivo Vicente Ítalo Feola, na Vila Manchester, em São Paulo. Já começando pelas oitavas de finais, o Complexo Prainha irá enfrentar a Comunidade Alves Dias, de São Bernardo do Campo. No feminino, a Comunidade Santa Rosa ainda irá conhecer seu adversário, que será definido em sorteio nesta semana.
Edição de sucesso
Em cinco semanas de duração, 24 comunidades diferentes entraram em campo para, através do esporte, representar seu corpo social. Foram 16 na categoria masculina e oito na feminina. No masculino, todas as comunidades participantes foram de Guarujá, sendo elas: Complexo da Prainha, Pouca Farinha, Caixão, Areião, Morro do Macaco, Santa Rosa, Vila Rã, Santo Antônio, Cachoeirinha, Jardim Virgínia, Pae Cará, Comunidade da Aldeia, Estaleiro, Boa Esperança e Vila Baiana.
No feminino, o torneio foi regionalizado, abrindo oportunidades também para atletas de outras cidades da região. Foram quatro de Guarujá: Comunidade Santa Rosa, Morro do Macaco, Santo Antônio e Jardim Virgínia. Além delas, Itaoca (Mongaguá), Vila São Jorge (Praia Grande), Vila Margarida e Catarina de Moraes (São Vicente).
Para Deraldo Silva, presidente da Cufa na Baixada Santista, o sucesso do Torneio só traz expectativas para o próximo. Ele revelou que a segunda edição em Guarujá deve acontecer em 2023, e a pretensão é acolher o dobro de comunidades. Ele também comemora o saldo positivo de cidadania e inclusão social: “Impacto direto na vida de centenas de atletas. Tivemos meninos voltando às escolas, por exemplo. Impacto direto também na vida dos treinadores, que puderam mostrar o trabalho deles. Foi um sucesso total. Do início ao fim não tivemos nenhum problema e fomos super bem recebidos pela Secretaria de Esporte e Lazer, que deu todo o suporte necessário”.
O secretário de Esporte e Lazer, também comemorou o êxito: “Não é só futebol. Esse evento foi realizado com a certeza de que vidas foram transformadas, por meio do esporte. Fizemos questão de trazer a Taça das Favelas para Guarujá, pois sabemos o nível de atletas que temos no Município. São 32 campos de várzea espalhados por toda a Cidade que recebem, semanalmente, todos esses meninos talentosos. Ao longo dessas cinco semanas, eles tiveram essa grande vitrine para assim despontar nacional e internacionalmente. Estamos muito felizes e satisfeitos com tudo isso”.
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