“É possível acontecer de outros tesouros [embarcações] ou outras coisas serem evidenciadas por conta desse processo [erosivo]”, disse Alexandre Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano.
Turra ressaltou que o trecho do litoral de São Paulo na região da Baixada Santista, que compreende as cidades de Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe, sofre com um processo erosivo crônico e pode fazer com destroços de embarcações ressurjam.
Portanto, o risco nessas regiões é de eventualmente tropeçar em destroços, muito diferente do destino dos cinco passageiros do submarino Titan, desenvolvido pela empresa OceanGate Expeditions e que implodiu durante uma viagem ao fundo do mar para visitar o Titanic, que naufragou em 14 de abril 1912.
Banhistas caminham próximos à destroços de veleiro Kestrel, encalhado na orla de Santos, SP — Foto: Arquivo/Carlos Nogueira/A Tribuna Jornal
Afora os impactos causados pelas correntes, o Titanic vem em processo de deterioração e sofrendo com a ação de micróbios que se alimentam do ferro. Ele está a mais de 3,5 km de profundidade e a aproximadamente 700 km da costa do Canadá.
De acordo com Turra, quando acontece um naufrágio, a embarcação começa a interagir com o ambiente. “Dependendo do tipo de fundo e do dinamismo do local, essa interação pode fazer com que a embarcação influencie o padrão de circulação [marinha] local e os processos de sedimentação, de forma que ela pode, paulatinamente, ser recoberta pelo sedimento e eventualmente desaparecer”.
No entanto, em um ambiente costeiro, como o litoral paulista, o dinamismo é grande por conta das marés, das correntes formadas pelas ondas na costa e da própria praia. “Esse dinamismo faz com que a gente tenha a possibilidade de enterrar muito rapidamente qualquer coisa que esteja ali ou desenterrar também”, afirma.
Segundo o especialista, em Santos há falta de ambientes preservados com vegetação e dunas, por exemplo, que poderiam ajudar a desacelerar o processo de erosão.
“É uma das razões para a gente ter um processo erosivo acontecendo nas praias. É um outro fenômeno que faz com que a gente possa estar vendo cada vez mais esse tipo de embarcação nessa localidade, porque a gente tem na Ponta da Praia um processo erosivo crônico”. A areia acaba sendo levada para outras áreas da Baía de Santos.
De acordo com o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS), Sergio Willians, diversas embarcações já tiveram problemas e encalharam em Santos. “A região tem muitos afundamentos, desde a época colonial. […] Sempre teve muito trânsito de embarcações e sempre muito sujeito a afundar”, finaliza.
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