Eles estão entre as centenas de pessoas que foram condenadas pela Justiça dos Estados Unidos por participarem do ataque ao Capitólio do país em 6 de janeiro de 2021.
Na ocasião, apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o prédio do Congresso norte-americano com o objetivo de manter o republicano no poder mesmo após ele ter perdido as eleições de 2020 para o democrata Joe Biden. Pelo menos nove pessoas que estavam no Capitólio morreram durante ou após o tumulto.
Três anos após a invasão, o tribunal federal de Washington continua realizando julgamentos e audiências e decretando sentenças dos envolvidos no caso. E o trabalho desta, que já é a maior investigação criminal da história norte-americana, está longe do fim, pois a busca por suspeitos continua.
As autoridades ainda precisam identificar mais de 80 pessoas procuradas por atos de violência no Capitólio, além de descobrir quem colocou bombas tubo fora dos escritórios dos comitês nacionais republicano e democrata no dia anterior ao ataque.
“O Departamento de Justiça responsabilizará todos os perpetradores do 6 de janeiro em qualquer nível, de acordo com a lei, quer tenham estado presentes naquele dia ou atuado de outra forma criminalmente responsável pelo ataque à nossa democracia”, disse o procurador-geral Merrick Garland na sexta-feira (5).
Os casos estão sendo julgados no mesmo tribunal onde Donald Trump deve ser julgado em março no processo em que é acusado de conspirar para reverter sua derrota nas eleições de 2020 e de incitar o ataque ao Capitólio.
Veja como estão os casos dos réus do 6 de janeiro:
Quem foi acusado até agora
Mais de 1.230 pessoas foram acusadas de crimes federais no motim por cometerem, desde delitos menores, como invasão, até crimes graves, como agressão a policiais e conspiração sediciosa (tentativa de derrubar o governo).
- Cerca de 730 pessoas que se declararam culpadas das acusações e aproximadamente 170 condenadas após julgamento.
- Dois réus absolvidos de todas as acusações.
- Aproximadamente 750 pessoas condenadas, com quase dois terços cumprindo algum tempo atrás das grades.
As sentenças de prisão variaram de alguns dias de confinamento intermitente a 22 anos de prisão. A sentença mais longa foi imposta a Enrique Tarrio, ex-presidente nacional dos Proud Boys, condenado por conspiração sediciosa por um plano, segundo os promotores, de impedir a transferência de poder de Trump para Biden.
Muitos dos invasores já saíram da prisão após cumprir suas sentenças, incluindo alguns réus que praticaram violência.
Vários réus fugiram depois de serem acusados.
Por exemplo, Christopher Worrell, da Flórida, chegou a ser condenado por usar spray de pimenta em policiais, mas desapareceu enquanto estava em prisão domiciliar. A polícia o capturou após algumas semanas e, na quinta-feira (4), ele foi condenado a 10 anos de prisão.
Outro caso é o de Jonathan Pollock, acusado de atingir o rosto e a garganta de um policial com um escudo, derrubar um oficial e agredir diversos outros. O FBI ofereceu uma recompensa de até U$30 mil por informações que levem à prisão do fugitivo.
Além deles, dezenas de pessoas suspeitas de terem agredido policiais durante o motim ainda não foram identificadas pelas autoridades. Isso é um problema principalmente considerando que o prazo de prescrição para os crimes é de cinco anos, ou seja, eles precisam ser formalmente acusados 6 de janeiro de 2026.
Em agosto de 2023, Trump virou réu após ser acusado de tentar reverter de forma ilegal o resultado das eleições presidenciais de 2020. No processo, a invasão do Capitólio foi considerada parte das tentativas de interferência nas urnas.
Trump foi acusado formalmente de participar de três conspirações para cometer crimes:
- Conspiração para fraudar os Estados Unidos.
- Conspiração para obstruir um procedimento oficial.
- Conspiração contra os direitos dos americanos.
Ele também responderá a um quarto crime, mas não como integrante de uma conspiração:
- Obstrução ou tentativa de obstrução de um procedimento oficial.
Na ocasião, o promotor Jack Smith, que lidera o processo, fez um curto discurso: “O ataque de 6 de janeiro de 2021 foi um ataque sem precedentes à democracia, foi motivado por mentiras do réu porque ele não queria a contagem e a certificação do resultado das eleições”, afirmou Smith.
O caso deve ser julgado entre março e abril deste ano e pode impactar centenas de réus acusados pelos mesmos crimes que o ex-presidente. Pelo menos dois juízes adiaram o sentenciamento de seus processos para uma data posterior ao pronunciamento da Suprema Corte.
Embora ainda não esteja claro se há uma conexão entre os episódios, um dos maiores mistérios ainda não resolvidos em torno do motim é a identidade da pessoa que colocou duas bombas tubo fora dos escritórios dos comitês nacionais republicano e democrata no dia anterior ao ataque ao Capitólio.
Um vídeo divulgado pelo FBI mostra uma pessoa com um moletom cinza, uma máscara e luvas colocando os dispositivos na frente dos comitês na noite de 5 de janeiro. As bombas, no entanto, só foram encontradas no dia seguinte. Os aparatos foram neutralizados, e ninguém ficou ferido.
Nos últimos três anos, investigadores conduziram entrevistas, analisaram evidências e checaram denúncias do público relacionados ao assunto, mas nada foi encontrado. Em 2023, as autoridades aumentaram a recompensa para até U$500 mil por informações que levem à prisão do responsável.
“Instamos qualquer pessoa que possa ter hesitado anteriormente a se apresentar ou que possa não ter percebido que tinha informações importantes a nos contatar e compartilhar qualquer coisa relevante”, disse David Sundberg, diretor do FBI, em comunicado na quinta-feira.
Pôster do FBI mostra suspeito de colocar bombas tudo em Washington em 6 de janeiro de 2021. — Foto: FBI
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