Graças aos invólucros de látex, os humanos podem fazer sexo sem arriscar uma doença sexualmente transmissível (DST) ou uma gravidez indesejada. A proteção não é totalmente garantida: segundo a federação americana de planejamento familiar Planned Parenthood, utilizadas de modo perfeito, as camisinhas são 98% eficazes como método anticoncepcional.
Como os seres humanos não são perfeitos, contudo, sua eficácia real gira em torno de 87%. Ou seja, de cada 100 relações sexuais envolvendo o método, 13 ainda podem resultar em gravidez. Mesmo assim, há séculos os preservativos salvam vidas e deram autonomia sexual às mulheres em épocas quando engravidar fora do casamento significava status de pária, se não consequências piores.
Egípcios, gregos e romanos
A primeira menção a um dispositivo comparável à camisa-de-vênus data de 3000 a.C.. Famoso por mandar construir um labirinto assombrado pelo monstro Minotauro, o rei Minos de Creta teria adotado uma bexiga de cabra como forma de proteger sua parceira de uma DST bastante rara: devido a uma maldição, o sêmen real continha cobras e escorpiões.
Especialistas em mitologia grega debatem até hoje se se tratava de um preservativo masculino ou feminino: segundo certas narrativas, em vez de envolver o próprio pênis com a película, Minos a introduzia na vagina de sua esposa, Pasífae. Essa ninfa acabaria gestando um monstro com corpo humano e cabeça de bovino, mas não com Minos… e sim com um touro… de verdade… por causa de outra maldição… Mas essa é outra história.
No Egito Antigo também já se usavam camisinhas. A equipe do arqueólogo Howard Carter encontrou no túmulo de Tutancâmon uma datada de 1350 a.C. e que continha vestígios do DNA do faraó. Confeccionada de linho fino embebido em azeite de oliva, ela provavelmente era atada à cintura do rei-deus por um cordão.
Os dispositivos não eram privilégio divino: outros egípcios também podiam utilizá-los – contanto que respeitassem o código de cores que designava cada classe social. Assim, não havia chance de alguém se passar por membro das altas esferas faraônicas, quando seu condom indicava inequivocamente que se tratava de um humilde agricultor.
Na Roma Antiga, as camisinhas eram igualmente feitas de linho, mas também de intestinos ou bexigas de ovelhas e cabras. Consta que não serviam primordialmente como contraceptivos, mas para evitar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis.
Da borracha e látex à prevenção da aids
Em meados do século 19 dá-se um salto no grau de conforto e confiabilidade das camisinhas: o inventor americano Charles Goodyear desenvolve o processo de vulcanização, em que a borracha natural é aquecida juntamente com enxofre, resultando num material mais maleável, durável e elástico.
Por volta de 1860, condoms de borracha já estavam sendo produzidos em grande escala. Como eram caros, a instrução dos fabricantes, na época, era lavar e reutilizar – coisa totalmente inconcebível hoje em dia!
A revolução total da indústria dos preservativos chega na década de 1920, com a invenção do látex sintético. Os exemplares modernos podem ser distendidos até oito vezes seu tamanho original sem rasgar, vir pré-lubrificados, texturizados ou em sabores variados.
Segundo um estudo da ONU, os preservativos masculinos são o segundo método de contracepção mais empregado em todo o mundo, superado apenas pela esterilização feminina: em 2019, 21% de quem queria evitar a gravidez os empregou, um total de 189 milhões de usuários.
As camisinhas também se tornaram essenciais para combater o alastramento do vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês). O Centro de Pesquisa para Intervenção na Aids do Estados Unidos estima que, usados correta e consistentemente, os dispositivos têm uma eficácia preventiva de 90% a 95%.
O Dia Internacional do Preservativo foi estabelecido pela AIDS Healthcare Foundation, instituição de interesse público criada em 1987 nos EUA. Como parte da comemoração, todo 13 de fevereiro ela distribui camisinhas gratuitamente.
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