No Afeganistão, pelo menos uma mulher comete suicídio por dia, segundo a ONU. As afegãs lutam há anos por mais direitos, mas a situação se agravou com a ascensão do Talibã ao poder, que completa dois anos nesta terça-feira (15).
“Estamos alarmados com os problemas de saúde mental generalizados e os relatos de suicídios crescentes entre mulheres e meninas”, escreveram Dorothy Estrada-Tanck e Richard Bennett, pesquisadores da ONU, em um relatório divulgado em maio sobre a situação no país. “Esta situação extrema de discriminação institucionalizada com base em gênero no Afeganistão não tem paralelo em qualquer lugar do mundo.”
Em todo o mundo, suicídios são duas vezes mais comuns entre homens que entre mulheres, mostram dados da OMS. No Afeganistão, entretanto, o cenário é bem diferente: 80% das pessoas que tiram a própria vida no país são do sexo feminino.
Uma análise publicada em outubro de 2022 no periódico “The Lancet” explica que a mortalidade por suicídio já era alta antes da tomada do poder pelo Talibã, mas o número cresceu, principalmente entre as mulheres, após a ascensão do grupo em 2021.
“Os fatores mais importantes para esta disparidade são a violência contra as mulheres, os casamentos forçados, a falta de consciência dos direitos das mulheres, o impacto da guerra, algumas práticas tradicionais (…) e a violência familiar”, escreveram os autores do artigo.
O Talibã e os direitos das mulheres
O grupo extremista assumiu o governo após as últimas tropas do Exército dos Estados Unidos deixarem o território afegão em agosto de 2021. Desde então, o Talibã comanda o país de acordo com a própria interpretação da sharia (lei islâmica) — e isso impacta diretamente as mulheres.
Alguns exemplos de ataques aos direitos femininos feitos pelo grupo extremista são:
- Obrigar as mulheres a usarem vestimentas que cubram o corpo todo, da cabeça aos pés.
- Fechar escolas secundárias para meninas.
- Banir mulheres de frequentarem as universidades.
- Proibir as mulheres de viajarem sem o acompanhamento de um parente homem.
- Impedir que as mulheres atuem em diversas áreas de trabalho.
- Banir a presença feminina em parque e outros ambientes públicos.
- Fechar salões de beleza e centros de estética.
No entanto, a situação é complicada, explicaram Estrada-Tanck e Bennett. “As mulheres que protestam pacificamente contra as medidas opressivas enfrentam ameaças, assédio, detenções arbitrárias e tortura”, afirmaram.
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Por: G1
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