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Moradores e pescadores ouvidos pelo g1 relataram que a cava gerou um passivo ambiental na região da Vila dos Pescadores e outras comunidades locais. As empresas responsáveis pelo empreendimento, por outro lado, disseram que seguiram todos os trâmites, com base em estudos e fundamentação técnica (veja abaixo).
Funcionamento da cava subaquática no Largo do Casqueiro — Foto: Divulgação
A cava subaquática é uma cratera aberta debaixo da água para o despejo de sedimentos, lixo e materiais contaminados. Feita no estuário, entre Santos e Cubatão, em 2017, ela é maior que o Estádio do Maracanã, com dimensões de 400 metros de diâmetro por 25 metros de profundidade, e está preenchida por cerca de 2,4 bilhões de litros de sedimentos.
A cratera foi escavada sob responsabilidade da Usiminas e da VLI, empresa de logística da Vale. No buraco aberto foram despejados materiais retirados na limpeza do Canal de Piaçaguera, ou seja, areia, lodo e outros sedimentos.
A grande cratera fica na região conhecida como Largo do Casqueiro, às margens de um manguezal no estuário entre Santos (SP) e Cubatão (SP), próximo ao Canal de Piaçaguera.
Ela fica a 2,5 quilômetros da comunidade da Vila dos Pescadores, que concentra moradias em palafitas e um berçário de vida marinha. Como o próprio nome já diz, há muitos pescadores artesanais que ganham a vida com essa profissão no local.
Cava subaquática de Cubatão: Moradores relatam prejuízos de cratera submersa
Foto de 2018 mostra flutuadores delimitando a área da cava subaquática no Largo do Casqueiro — Foto: Leandro Araújo
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) expediu a Licença de Operação nº 2385, autorizando a abertura da cava subaquática, em junho de 2017. O primeiro período de deposição dos sedimentos ocorreu entre julho e dezembro daquele ano.
A VLI opera o Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam) em Santos. A obra beneficiou o acesso marítimo aos terminais localizados nessa região do porto, pelo Canal de Piaçaguera, que agora pode receber navios de maior porte para movimentação de cargas.
Os sedimentos que estavam no fundo do Canal de Piaçaguera foram transportados até o buraco aberto debaixo d´água, ou seja, a cava permitiu aprofundar o canal.
A cava foi capeada de julho a setembro de 2020, sendo que a desmobilização e o encerramento oficial ocorreram em outubro daquele ano.
Em 2017, Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) ajuizaram uma medida cautelar para que a Justiça suspendesse a licença de operação expedida pela Cetesb naquele mesmo ano. No entanto, o pedido foi indeferido.
À época em que a dragagem e a deposição dos materiais teve início, foram instalados flutuadores e uma tela submersa para sinalizar a existência da cava no Largo do Casqueiro. Depois que a cava foi coberta, os sinalizadores foram retirados.
Já em outubro de 2023, os órgãos protocolaram uma ação civil pública pedindo à Justiça a condenação da Usiminas, Ultrafértil e VLI. O g1 apurou junto ao MPF, na última quinta-feira (18), que o processo estava em fase de instrução e ainda não havia decisão sobre o pedido.
Daniel pescava peixes, siris e outros animais antes de mudar de carreira — Foto: Arquivo pessoal
As empresas e a Cetesb defendem que a cava subaquática não oferece risco ao meio ambiente. No entanto, além da falta de peixes, moradores reclamam de mau cheiro e de poluição no local.
Quando os primeiros movimentos relativos ao empreendimento começaram, ambientalistas, pesquisadores, moradores de comunidades locais e ativistas se reuniram para participar do Movimento Contra a Cava Subaquática.
Entre aqueles que reclamam dos efeitos negativos que a dragagem do material contaminado gerou, estão os pescadores artesanais. Eles relataram ao g1 que a diversidade de pescados que aparecia na região não existe mais.
Representação gráfica da cava subaquática no Canal de Piaçaguera. Tecnologia tem aval de especialistas nacionais e internacionais — Foto: Divulgação VLI
O cubatense Daniel Freitas, de 50 anos, costumava pescar siris e peixes para viver. Depois da cava, ele desistiu da paixão pela pesca profissional, comprou um carro utilitário e agora trabalha com frete.
“Eu cacei outro ramo de trabalho porque a pesca, antes dessa poluição toda, era satisfatória para a gente. Hoje não mais. A gente gasta muito para poder colocar combustível no barco, manutenção do motor, para não ter uma pesca com sucesso”, disse ele.
Cava submarina no Canal de Piaçaguera, no Porto de Santos, SP — Foto: José Claudio Pimentel/G1
Com início dos trabalhos em setembro daquele ano, a comissão investigou possíveis irregularidades em licenças ambientais e vazamentos de materiais tóxicos no mar, com a instalação de cavas subaquáticas no Largo do Casqueiro.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Cavas Subaquáticas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou, em 2022, o relatório final sobre as investigações da obra.
De acordo com a Alesp, o documento aponta que o licenciamento e a instalação da cava foram regulares. No entanto, o documento recomendou medidas mais efetivas para o monitoramento da cratera.
O relatório foi elaborado pelo relator, deputado Cezar (PSDB), em conjunto com o deputado Delegado Olim (PP), e recebeu cinco votos favoráveis: Tenente Coimbra (União), Barros Munhoz (PSB) e Estevam Galvão (União). O voto em separado foi apoiado pelo deputado Professor Walter Vicioni (MDB).
Houve uma abstenção do deputado Ricardo Madalena (PL), que justificou que tinha a intenção de realizar um relatório em separado, mas que não teve tempo e, por fim, a ausência do deputado Alex de Madureira (PSD), que não compareceu.
Ainda que ambientalistas, pescadores e moradores de comunidades locais defendam que a poluição na região piorou após a instalação da cava, as empresas responsáveis e a Cetesb alegam que o empreendimento não apresenta riscos. Os impactos a longo prazo ainda são desconhecidos.
A ação civil pública protocolada pelo MP-SP e MPF pede que a Usiminas, a VLI e a Ultrafértil recuperem o ambiente poluído, retirando os sedimentos contaminados dispostos na cava, transferindo-os para outro local de forma segura em terra ou dique.
Veja o que pode acontecer caso as empresas sejam condenadas:
Por meio de nota ao g1 em sobre a ação civil pública, a VLI disse que a cava foi a solução técnica adotada para o confinamento seguro dos sedimentos dragados do Canal de Piaçaguera que já estavam na região há décadas.
Para a instalação, à margem oeste do canal, “passou antes por rigoroso processo administrativo, que contou com a realização de estudo ambiental prévio e todas as demais etapas exigidas na legislação aplicável”.
Segundo a empresa, o ambiente natural foi recomposto após o fechamento da cava. Os sedimentos, desde então, estão isolados de forma definitiva, “sem contato com o meio externo, em local abrigado, livre de ações de ventos e correntes e da movimentação de embarcações”.
“Todos os indicadores levantados apontam que não houve nenhum dano ao ecossistema – contando, inclusive, com a apresentação regular e avalição de relatórios pela Cetesb e monitoramento constante da estrutura da cava”, disse a empresa.
Por fim, a VLI disse que os esclarecimentos cabíveis serão prestados no andamento do processo, “com a clara demonstração da regularidade e da segurança da área”.
Por meio de nota, a Usiminas disse que cumpriu todos os requisitos legais e ambientais na operação da cava subaquática..
“Há nove anos, a atividade é acompanhada pelo MP-SP e MPF e outras autoridades ambientais, sem que nenhum dano tenha sido constatado. A Usiminas prestará novamente os esclarecimentos necessários para reiterar o atendimento a todos os requisitos ambientais”, ressaltou
Em nota, a Cetesb disse que todos os procedimentos relativos à caracterização do material dragado, planos de dragagem, monitoramento e destinação desses materiais seguiram estritamente ao disposto na Resolução CONAMA nº 454/12. A empresa defende que não houve dano associado à dragagem do Canal de Piaçaguera.
“As licenças foram concedidas seguindo o rito processual, com sólido embasamento técnico e de acordo com a legislação, não havendo, portanto, motivo técnico ou legal” para o questionamento da validade da licença de operação que autorizou a disposição do material dragado.
Segundo a empresa, os sedimentos estão confinados sob o capeamento. O licenciamento da dragagem da Etapa II foi conduzido “com sólida fundamentação e cuidados ambientais”. Assim, ela foi executada sem intercorrências, como esperado, o que foi confirmado pelos resultados analíticos disponíveis.
“Todas as intervenções realizadas foram devidamente licenciadas com o estabelecimento de inúmeras exigências técnicas e criteriosas condicionantes ambientais, visando garantir a manutenção da qualidade ambiental da região em conformidade com a melhor prática técnica, fundamentada por estudos específicos e dados concretos, e de acordo com a normatização pertinente”, afirmou.
Por: G1
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