Com apenas 46 segundos de luta, a boxeadora Angela Carini, da Itália, desistiu do confronto contra Imane Khelif, da Argélia, nas Olimpíadas de Paris. E por qual motivo ela tomou essa decisão? Não foi por nocaute, nem por contusão ou algo do tipo. Então, o que a fez desistir?
Segundo relato da própria Carini, após a luta, ela teria sido golpeada no rosto, e por isso teria ficado sem conseguir continuar.
– Entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria vencer. Recebi dois golpes no nariz e não conseguia respirar mais, estava doendo muito – disse a lutadora.
Acontece que a sua adversária, Imane Khelif, foi desclassificada do Campeonato Mundial de Boxe no ano passado, pela Associação Internacional de Boxe (IBA). O motivo? Porque essa “lutadora”, na verdade, é um macho! Outro competidor, chamado Lin Yu-ting, foi desclassificado pelo mesmo motivo.
Igor Kremlev, presidente da IBA, foi claro ao dizer “que elas tinham cromossomos XY [masculino] e foram, portanto, excluídas dos eventos esportivos”. Ele criticou as “várias atletas que tentaram enganar as colegas e se fingir de mulheres”.
Mesmo assim, para prejuízo das mulheres, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aceitou a participação de Khelif nos jogos de Paris, autorizando essa “mulher trans” a participar das lutas femininas de boxe.
INJUSTIÇA BIOLÓGICA?
Não precisamos nos esforçar para entender que o corpo de um macho é diferente do corpo de uma fêmea. Qualquer pessoa minimamente equilibrada sabe que a força física dos homens é maior do que a de nós, mulheres, salvo exceções e/ou casos específicos. De modo geral, portanto, não há o que discutir quanto a isso.
Por que não vemos “homens trans” (mulheres que se sentem homens) competindo nos esportes masculinos? Eu, particularmente, nunca vi. Por que será? Já imaginou como seria uma luta de boxe ou MMA, masculino, contra um homem trans? Ou, talvez, uma competição de natação, como seria? Não vemos isso acontecer, simplesmente porque a realidade oposta não favoreceria o transgênero.
Então, o que temos, na prática, são “mulheres trans” se aproveitando da ideologia de gênero para obter vantagens no mundo esportivo. Essa é a dura e triste realidade. Por mais que a alegada terapia hormonal tente diminuir as diferenças físicas entre os corpos masculino e feminino, esse recurso não muda em 100% a natureza biológica humana; por isso, os cromossomos continuarão sendo XY e XX.
Como já escrevi em outras ocasiões, o ativismo de gênero não tem a ver com respeito às diferenças, mas com a tentativa de impor à sociedade a ilusão de que a grama verde pode ser azul. E nós, mulheres, nesse contexto, estamos perdendo espaço, conquistas que nos custaram muito, agora estão sendo ameaçadas por uma ideologia.
Deixo aqui a minha solidariedade a Angela Carini, a verdadeira campeã. Sim, campeã, porque teve a coragem de parar uma luta injusta, antes que fosse vítima de uma violência física ainda maior. Que este caso sirva como mais um alerta ao mundo, especialmente às mulheres, sobre a necessidade urgente de voltarmos ao mundo real, infelizmente, também no esporte.
OBSERVAÇÃO
Diante das novas informações a respeito da lutadora Imane Khelif, e visando não corroborar com a propagação de informações equivocadas, venho aqui apresentá-la como intersexual, e não transexual, como me referi no texto acima.
Em todo caso, a informação de que Khelif não é “trans” parece confusa. Se o cromossomo é XY, geneticamente é macho. Alguns, porém, argumentam que uma mutação genética no cromossomo “Y” pode fazer com que algumas mulheres nasçam com o par cromossômico XY (masculino), em vez do XX (feminino), e que este seria o caso da lutadora argelina.
Mas, aparentemente, o ativismo LGBT+ também sentiu a pressão das críticas envolvendo a presença de “trans” nas competições femininas em geral, e agora parece querer se afastar da imagem negativa gerada com a repercussão do caso atual. O fato é que isso não muda o teor das críticas aplicadas aos demais casos mundo a fora.
A opinião contida no artigo, portanto, pode ser aplicada aos vários casos já conhecidos de competições esportivas femininas incluindo transexuais, ficando aqui a observação quanto ao caso específico de Khelif.
Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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