David Miranda Neto foi afastado de suas atividades na Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA) por ter tomado banho de piscina ao lado de sua esposa e filha – aliás, diga-se de passagem, as roupas usadas por ele e sua família eram decentes -. No entanto, segundo o estatuto da IPDA trajes de banho tanto para homens como mulheres são proibidos, o que legitima a disciplina eclesiástica.
Pois é, a IPDA confunde justificação e salvação com legalismo. Aliás, para igrejas como a IPDA uma pessoa perde a salvação se não observar as regras e costumes de seus estatutos. Nessa perspectiva, se uma mulher depilar as axilas ou pernas, usar calça comprida, maquiagem, ou mesmo alguém ir à praia ou piscina com trajes de banho, precisa ser disciplinado.
Ora, as Escrituras não ensinam isso. Na verdade, a Palavra de Deus não atrela a salvação à observância de usos e costumes, mesmo porque, salvação se deve exclusivamente pela graça de Cristo.
Digo mais: o legalismo impetrado pela IPDA apresenta um perigo muito sério ao crente, uma vez que ele perverte o significado do que é ser obediente ao Senhor e nega a doutrina da salvação pela graça.
Ao afirmar que roupas, maquiagens, cuidado com o corpo, ou mesmo o lazer são pecados, a IPDA coloca sobre o crente o entendimento de que a não observância de suas regras leva o sujeito à perdição.
Veja bem, não estou defendendo a prática do pecado, não se trata disso. Na verdade, o que faço é afirmar que o legalismo não possui a capacidade de promover mudanças profundas no pecador. Muito pelo contrário, legalistas promovem a aparência de sabedoria e piedade (Colossenses 2:23), ocultando assim o interior do coração.
Ademais, vale a pena ressaltar que legalismo não tem nada a ver com santificação. Por mais rigoroso que o legalismo possa ser, ele jamais será capaz de gerar relacionamento e comunhão com o Senhor ou mesmo comprar o favor divino. Além do que, legalistas geralmente se escondem atrás da hipocrisia dizendo uma coisa e vivendo outra, o que efetivamente demonstra a falta de entendimento do Evangelho da graça.
Como disse, no meu último texto publicado nesta coluna, o legalismo é um problema sério à Igreja, visto que dá mais valor à forma do que à essência; dá mais importância à tradição do que à verdade, trazendo sobre o crente um fardo que eles mesmos não estão dispostos a carregar.
Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 32 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É membro dos conselhos do TGC Brasil e IBDR.
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