Nos últimos tempos, temos visto um movimento crescente que busca redefinir conceitos tradicionais dentro da fé cristã. Um exemplo evidente disso foi a pregação recente do pastor Ed René Kivitz que afirmou que Deus deve ser visto como mãe. “Deus Mãe ” como ele diz em sua mais polêmica pregação, em uma tentativa de atender a pautas feministas e promover uma compreensão mais inclusiva da Divindade, tentando trazer um “Deus mais acolhedor”. No entanto, essa abordagem pode ser vista como uma desconstrução da paternidade bíblica que é fundamental para a identidade cristã, o que, por sua vez, levanta questões sobre a verdadeira função de quem se propõe a liderar uma comunidade de fé.
Deus como Pai na Bíblia
Desde o Antigo Testamento, Deus é frequentemente descrito em termos masculinos, assumindo o papel de Pai. Isaías 64:8 afirma: “Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro”.
Essa imagem não apenas comunica a autoridade divina, mas também revela um cuidado e uma intenção de Deus ao moldar a criação. Essa relação paternal é uma fonte de conforto e segurança para os crentes, que encontram em Deus a figura que protege e orienta.
O ensino de Jesus sobre Deus Pai
No Novo Testamento, a mensagem de Jesus Cristo reforça ainda mais essa ideia de paternidade. Ao ensinar a oração do Pai Nosso em Mateus 6:9, Jesus se refere a Deus diretamente como “Pai nosso”, estabelecendo um relacionamento íntimo e pessoal entre o divino e os crentes.
Além disso, em João 14:9,10, Jesus declara: “Quem vê a mim, vê o Pai”, solidificando sua identidade enquanto Filho de Deus e, por extensão, a paternidade de Deus.
A identidade cristã e a paternidade de Deus
Essa representação de Deus como Pai é fundamental para a identidade cristã. Ela fornece aos crentes um status de filhos e filhas adotivas, conforme Romanos 8:15: “Recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: ‘Aba, Pai’”. Essa dinâmica não é apenas lírica, mas essencial para a compreensão dos relacionamentos no Reino de Deus.
Tentativa de desconstrução e suas consequências
A tentativa de redefinir Deus como mãe, acaba sendo uma desconstrução, tentativa de destruição do próprio cristianismo. Essa abordagem tem a intenção de transformar a pessoa de Deus em uma abstração que carece do poder e da autoridade que a paternidade bíblica conota. O pastor em questão, ao adaptar sua mensagem para se alinhar com uma agenda progressista, corre o risco de diluir a essência do Evangelho, afastando-se das verdades mais profundas que fundamentam a fé cristã.
Progressismo/feminismo versus paternidade
Nesse contexto, torna-se evidente que essa tentativa de desconstruir a paternidade de Deus não fortalece a fé, mas, ao contrário, reflete uma postura mais progressista, feminista do que pastoral, para atender os anseios de uma agenda global e não fortalecer a fé genuína em Cristo.
A pregação de Kivitz reflete claramente os objetivos globalistas e não inclusivos, como é de fato o Cristianismo, que promove o respeito às pessoas independentemente de suas questões pessoais, mas que busca transformação, por meio dos seus princípios que são negociáveis. Deus é acolhedor sim, e não precisa ser destruído como masculino para atender a militância feminista.
Um verdadeiro pastor deve ser um guardião das Escrituras e um defensor da verdade bíblica, guiando sua congregação de acordo com os ensinamentos que têm resistido ao teste do tempo. Uma abordagem progressista/feminista, que ignora ou distorce esses princípios fundamentais, não representa mais uma liderança espiritual, mas sim uma mudança de foco que pode desvirtuar a verdadeira mensagem do cristianismo.
Concluo afirmando, sob a minha perspectiva de teóloga, que: embora a inclusão de simbolismos que abrangem diferentes perspectivas possam enriquecer nossa compreensão de Deus, é crucial honrar a representação bíblica de Deus como Pai. Essa figura é um pilar teológico que sustenta a compreensão da salvação, da graça e da justiça, essenciais ao Evangelho cristão. Portanto, ao permanecermos fiéis às Escrituras, asseguramos que a essência do Evangelho se mantenha intacta, e que nossa relação com o divino seja genuína e fundamentada.
Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior.
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