De acordo com os familiares, os reféns eram alimentados de forma irregular e praticamente com apenas arroz e pão pita. À noite, eles eram colocados em cadeiras de plástico enfileiradas para dormir.
Para irem ao banheiro, os reféns precisavam bater na porta e esperar a autorização dos sequestradores. “Às vezes, eles tinham que esperar até 1h30 para poderem usar o banheiro”, informa Merav Raviv, prima de Keren Munder, uma das reféns liberadas na sexta-feira.
Yaffa Adar, informa a neta da mulher de 85 anos, perdeu muito peso durante o sequestro e já sabe que teve a casa destruída. “Ela não tem mais suas memórias e seus álbuns de fotos. Na idade ela, ela vai precisar recomeçar do zero”, lamenta Adva Adar.
Yaffa Adar em imagem de vídeo do Hamas — Foto: AP
O acordo de trégua entre Hamas e Israel começou a vigorar às 7h no horário local (2h em Brasília) de sexta-feira (24). O cessar-fogo vale no norte e no sul de Gaza, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores do Catar, que mediou o acordo.
O Catar disse que uma sala de operações em Doha monitora a trégua e a libertação dos reféns, e mantém linhas diretas de comunicação com Israel, com o escritório político do Hamas em Doha e com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
No sábado (25), o jornal israelense Haaretz declarou que o Hamas encontrou de 10 a 20 reféns que podem, potencialmente, ser libertos durante o acordo de trégua. Caso o cenário se concretize, a expectativa é que a trégua dure até quarta-feira (29).
Em 7 de outubro, homens armados do grupo terrorista Hamas atravessaram a cerca da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, mataram 1.200 pessoas e capturaram cerca de 240 pessoas, de acordo com os israelenses.
Nesse mesmo dia, Israel declarou guerra ao Hamas e começou a atacar a Faixa de Gaza. Cerca de 13 mil habitantes de Gaza foram mortos pelos bombardeios israelenses, cerca de 40% deles crianças, segundo autoridades de saúde palestinas, ligadas ao Hamas (esses números não foram checados por alguma entidade independente).
Os serviços de saúde palestinos disseram que tem sido cada vez mais difícil manter uma contagem atualizada, pois o serviço de saúde tem sido prejudicado pelos bombardeios israelenses.
Antes do cessar-fogo de sexta-feira (24), os combates estavam ainda mais intensos do que o normal. Jatos israelenses atingiram mais de 300 alvos, e tropas estavam envolvidas em combates ao redor de Jabalia, ao norte da Cidade de Gaza.
Um porta-voz do exército disse que as operações continuariam até que as tropas recebessem a ordem de parar. Do outro lado da cerca da fronteira em Israel, nuvens de fumaça podiam ser vistas pairando sobre a zona de guerra do norte de Gaza, acompanhadas por sons de tiros pesados e explosões estrondosas.
Israel diz que os combatentes do Hamas usam edifícios residenciais e outros prédios civis, inclusive hospitais, como cobertura. O Hamas nega.
A mídia palestina informou que pelo menos 15 pessoas morreram em ataques aéreos em Khan Younis, a principal cidade do sul de Gaza. A agência de notícias Reuters não conseguiu verificar de forma independente o número de mortos.
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