Na última quinta-feira, 19 de setembro, a comunidade cristã da vila de Kurmin-Kare, situada no condado de Kachia, no sul do estado de Kaduna, foi alvo de um ataque brutal perpetrado por pastores Fulani. Dois cristãos, identificados como Audu Bala e Jonathan Moses, foram mortos enquanto trabalhavam em suas fazendas. “Audu Bala e Jonathan Moses estavam trabalhando em suas fazendas quando esses pastores Fulani os cercaram e atiraram neles”, disse Solomon Sanga, um morador local. Os agressores também sequestraram o cristão Japheth Zarma Yakubu, exigindo um resgate de 30 milhões de nairas (cerca de US$ 18.295).
Os ataques não se restringem a essa localidade. No dia 15 de setembro, pastores Fulani atacaram uma congregação da Igreja Evangélica Vencedora de Todos (ECWA) e uma igreja católica na vila de Bakinpah-Maro durante o culto de domingo, resultando na morte de três cristãos e no sequestro do pastor da ECWA, Rev. Bernard Gajere, além de outros 30 membros da congregação. “Os terroristas, que acreditamos serem pastores Fulani armados, atacaram as igrejas durante os cultos de domingo de manhã”, afirmou Cafra Caino, um morador da área.
Os ataques se tornaram uma tragédia recorrente. Em 8 de setembro, na aldeia de Kallah Afogo, cinco cristãos foram mortos em um ataque a uma clínica de saúde, e dezenas foram sequestrados. Benjamin Maigari, um líder comunitário, identificou os mortos, que incluem Garkuwa Alfarma e Buhari Maidiga. O porta-voz do Comando da Polícia Estadual de Kaduna, Hassan Mansur, confirmou os ataques e informou que as autoridades estão trabalhando para resgatar os sequestrados, conforme relata Evangelical Focus.
A Nigéria permanece como o país mais perigoso do mundo para os cristãos, conforme revelado no relatório da Lista Mundial de Vigilância (WWL) de 2024 da Portas Abertas, que aponta 4.118 mortes por causa da fé entre 1º de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023. Além disso, a Nigéria também lidera o número de sequestros, totalizando 3.300, e ocupa a terceira posição em ataques a igrejas e edificações cristãs, com 750 incidentes registrados.
O relatório do Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para a Liberdade ou Crença Internacional (APPG) de 2020 destaca que, embora os Fulani sejam predominantemente muçulmanos e componham muitos clãs diferentes, alguns adotam ideologias extremistas. “Eles adotam uma estratégia comparável à do Boko Haram e do ISWAP e demonstram uma clara intenção de atingir cristãos e símbolos poderosos da identidade cristã”, esclareceu o relatório.
Os líderes cristãos na Nigéria acreditam que os ataques motivados por pastores Fulani visam tomar terras dos cristãos e impor o islamismo, especialmente em um contexto de desertificação que dificulta a criação de gado.
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