Jair Bolsonaro durante julgamento de denúncia, no Supremo Tribunal Federal Foto: Antonio Augusto/STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro parece viver, desde que deixou o Palácio do Planalto, um capítulo que mais parece uma novela kafkiana. Assim como em O processo, de Kafka, o acusado não sabe sobre o que é acusado e já tem sua sentença pronta, sem um julgamento parcial.
Transformado em réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em março de 2025, acusado de tramar um golpe de Estado, Bolsonaro enfrenta uma perseguição política travestida de justiça. Sem foro privilegiado, já que não ocupa mais cargo público, o ex-chefe de Estado é julgado por uma corte que extrapola suas prerrogativas e ignora a lógica dos fatos. Afinal, como poderia ele liderar um golpe em 8 de janeiro de 2023, quando já estava fora do poder, sem controle das Forças Armadas ou da máquina estatal?
A denúncia aceita pela Primeira Turma do STF, por 5 a 0, baseia-se em investigações da Polícia Federal que apontam Bolsonaro como suposto articulador de um plano para subverter a democracia. Documentos, vídeos e delações (forçadas), como a de Mauro Cid, foram apresentados como provas.
No entanto, a narrativa esbarra em um paradoxo: um golpe exige poder institucional, algo que Bolsonaro não detinha após a posse de Lula. A própria imprensa; que por anos criticou Bolsonaro, como a BBC News Brasil; destacou que a falta de apoio dos comandos militares, de fatos concretos e engajamento nulo do ex-presidente comprovam que jamais seria possível concretizar um plano tão grandioso, como afirma o Supremo.
Sem a intenção de Bolsonaro e o aval das Forças Armadas, restam apenas conjecturas sobre intenções, não atos concretos. Ainda assim, o STF avança, e o processo já é visto pela maioria da população como uma aberração jurídica, um julgamento de intenções em vez de fatos.
No meio disso tudo está o povo brasileiro, que parece clamar por justiça — ou, melhor, contra injustiças. Uma pesquisa recente, amplamente divulgada depois das movimentações judiciais que tornaram Bolsonaro réu, mostraram o ex-presidente liderando as intenções de voto para 2026 com impressionantes 51%.
Esse número não é apenas um reflexo de sua popularidade persistente, mas um grito de revolta contra o que muitos percebem como um “sistema” político-judicial empenhado em silenciá-lo. O brasileiro, historicamente avesso a arbitrariedades, parece enxergar em Bolsonaro não um réu, mas um rei destronado por forças que temem seu retorno às urnas. Cada ataque do establishment, cada manchete sensacionalista, cada decisão judicial controversa, parecem fortalecer sua imagem de mártir.
Esse fenômeno não é novo. Veja o caso de Gabriel Monteiro, ex-vereador do Rio de Janeiro, cassado em 2022 e preso por acusações que podemos dizer que foram, no mínimo, injustas. Apesar das denúncias de estupro e manipulação de vídeos, Monteiro viu sua base de seguidores crescer em meio às adversidades, alimentada pela narrativa de que era alvo de uma máfia política. Assim como Bolsonaro, ele se tornou símbolo de resistência contra um sistema que, segundo seus defensores, usa o peso da lei para esmagar dissidentes.
Quanto mais o “sistema” tenta massacrar figuras como essas, mais elas ganham força, como uma hidra que quando tem uma de suas cabeças cortadas nascem duas no lugar.
Bolsonaro, hoje, é mais do que um político; é um espelho das frustrações de milhões. O povo, cansado de ver seus escolhidos serem alvejados por processos que cheiram a vingança, reage nas pesquisas e nas ruas. As manifestações que estão acontecendo desde fevereiro de 2024, a que reuniu milhares de pessoas em seu apoio, foi um recado claro: o brasileiro não tolera o que considera injusto. E enquanto o STF o coloca no banco dos réus, o ex-presidente se ergue, para seus eleitores, como um rei coroado pela vontade popular.
O futuro dirá se essa coroa irá resistir às tormentas judiciais; mas uma coisa é certa: a cada golpe desferido contra ele, o “sistema” só o faz crescer. Réu ou rei? Para 51% dos brasileiros, a resposta já está dada.
Rafael Satiê é vereador pelo Rio de Janeiro.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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