Cliente pede desculpas por chamar corretora de negra filha da p***: ‘arrependimento tremendo’

A cliente, que é cadeirante, decidiu pela locação de um imóvel, mas queria que o contrato fosse feito no nome da irmã dela. A corretora negou o pedido e a mulher passou a ofendê-la por meio do aplicativo de mensagens. Depois, ela foi até a porta da imobiliária, na Rua Mário Ribeiro, no Centro de Guarujá, e xingou a corretora. O cena foi filmada (assista o vídeo abaixo).

Após o caso ser divulgado, ao g1, a cliente afirmou, por meio de nota, que deseja responder à “situação terrível que aconteceu”. Ela pediu desculpas para a profissional e afirmou sentir um “arrependimento tremendo”.

No texto, a cliente disse que passa por uma situação física ruim. “Sou cadeirante e sinto dores tremendas. Utilizo uma bomba ligada diretamente à minha medula, onde remédios são liberados para diminuir em 30% as dores que sinto”, alegou.

A cliente afirmou também que, há aproximadamente 12 dias, um médico “mudou as doses” de remédios psicoativos dela.

Sobre a procura de um imóvel, motivo pelo qual entrou em contato com a imobiliária, a mulher relatou atualmente viver em um apartamento onde é pressionada para sair pelo proprietário, que deseja fazer uma obra no local.

“Fomos ao imóvel [que desejava alugar] algumas vezes, perdemos tempo, quebrei uma peça cara da minha cadeira de rodas no elevador do prédio, indo medir com a trena o apartamento todo. Voltei para casa cansada, descalça e com pé inchado. Acordei no dia e disseram que já haviam alugado“, disse.

A mulher também afirmou ter sido maltratada pelo telefone pelos funcionários da imobiliária. “Foram bastante soberbos […]. Nada disso é desculpa, eu só estou relatando pois não sou assim”, afirmou. “Independentemente de qualquer situação que ainda irá adiante, preciso pedir desculpas à corretora Bárbara e também à Rosangela [outra funcionária da empresa]”.

A profissional contou que, antes do xingamento presencial, houve uma série de ofensas feitas pela cliente por meio do WhatsApp e ligação telefônica, após não conseguir alugar um imóvel.

Bárbara contou à reportagem também ter recebido outro pedido de desculpas da mulher, por meio de uma mensagem à Rosangela, a outra corretora ofendida durante os contatos via ligação e WhatsApp. A profissional acrescentou, inclusive, já ter perdoado a cliente.

Um boletim de ocorrência de injúria racial foi registrado pela corretora via internet. O advogado que representa a profissional no caso, Airton Sinto, protocolou na última quinta-feira (21) uma petição solicitando a instauração imediata de um inquérito policial.

“Aprendi que perdoar não é esquecer. O meu senso, hoje, é que se faça Justiça”, comentou a corretora. “Vou dar continuidade ao processo não por falta de perdão, mas porque sinto que isso precisa de uma resposta”.

Ela disse também que deseja que a cliente seja muito feliz e que não tenha mais as dores que disse sentir. Bárbara, porém, ressaltou que o arrependimento dela “só veio após perceber o estardalhaço do caso e o quanto deixou as pessoas indignadas”.

Bárbara explicou que o primeiro contato dela com a cliente aconteceu na terça-feira (19), por meio do WhatsApp. A mulher já tinha conversado com outra corretora da imobiliária no dia anterior e, inclusive, visitado um apartamento para locação.

A cliente, ainda de acordo com a profissional, acionou a empresa informando ter se decidido pela locação do imóvel. Porém, ela ressaltou que enviaria os documentos da irmã dela para que o processo fosse feito em nome da parente.

“Não é de praxe da imobiliária fazer a locação em nome de terceiros, mas sim no nome da pessoa que vai morar no apartamento”, explicou Bárbara. “Para não causar nenhum tipo de constrangimento, notifiquei que já havia uma pessoa interessada [no imóvel]”.

A corretora afirmou que, a partir desse momento, a mulher passou a ofendê-la por meio do aplicativo de mensagens, mas não ficou satisfeita e repetiu o comportamento em diferentes situações.

Em um ‘print’ da conversa via WhatsApp, enviado por Bárbara ao g1, é possível ver uma mensagem em que a mulher a chama de “negrinha” em meio às reclamações sobre o processo de locação.

Um boletim de ocorrência de injúria racial foi registrado pela corretora via internet. O advogado que representa a profissional no caso, Airton Sinto, protocolou na última quinta-feira (21) uma petição solicitando a instauração imediata de um inquérito policial.