A paixão pela marinha teve início quando passou a frequentar o trabalho do pai, que trabalhava na área e tinha o sonho que o filho seguisse o mesmo caminho. “Começou para fazer a felicidade do meu pai. Eu gostava de tudo que era arte, mas no meu país a arte não é muito reconhecida. Então, o meu pai falou assim ‘primeiro tenha uma carreira e depois pode estudar o que você quiser'”, lembra.
Como segundo comandante do navio, ele trabalha 60 dias seguidos e é encarregado pela disciplina a bordo. O dia começa às 4h e termina às 20h, a embarcação saí do Porto de Santos e passa por toda a costa brasileira.
Otero veio ao Brasil, há dez anos, à convite de uma empresa que estava recrutando oficiais marítimos no Peru. Ele ficou um ano, mas não gostou, e voltou para o seu país. Logo após, a sua ex-esposa foi procurá-lo, conversaram e ele voltou, com a decisão de ficar de vez. A cidade de Santos é onde vive atualmente e onde o comandante se diz seguro.
Gerardo Otero, morador de Santos (SP), é responsável por toda a disciplina do navio que trabalha — Foto: Arquivo Pessoal
Durante seis meses do ano, Otero é fotógrafo. A sua história com essa arte começou quando criou uma marca de roupas. Ao g1, ele contou que, na época, em 2015, cobravam R$ 700 para 12 fotos.
“Eu pensei, para mim, ‘faço eu e melhor’. Eu já tinha uma câmera, comecei a fotografar e estudar mais, porque eu fotografava paisagens. Comecei a fotografar mais e me apaixonei, fechei a marca de roupas mas segui com a fotografia”, lembra.
Otero não gostava de fotografar na rua, então, decidiu que precisava de um estúdio fotográfico. O primeiro foi dentro do pet shop de um amigo, mas ele não curtiu tirar fotos de cachorros. Então, assim que viu um local para alugar no Centro de Santos, não pensou duas vezes.
Peruano Gerardo Otero é fotógrafo durante seis meses do ano — Foto: Reprodução/Vai Nessa
“Eu sou ansioso. Depender do sol e da chuva, porque o sol do meio dia queima a foto e não dá para fotografar, é complicado. Eu queria fotografar no momento que eu queria fotografar, e por isso que eu abri o estúdio para controlar a iluminação. Tenho um problema com controle”, explica.
De acordo com Otero, é por conta desse controle que ele se dá muito bem como comandante de navio. Mas quando está nos seus dois meses de fotografia, o comando é a sua inspiração em cada foto. Ele chegou a ficar um ano focado na fotografia, mas não deu certo. Otero afirma que não sabe lucrar com esse trabalho, já que o ama tanto.
“Não posso vender a minha paixão. Minha paixão não tem preço”, afirma.
Por este motivo e para se movimentar no tempo em que está navegando, o estúdio fotográfico Helena Ponce, que leva o nome da sua avó, é alugado para outros fotógrafos. Segundo ele, sustentar o local e outros profissionais “já basta”.
Morador de Santos (SP) se divide em comandante de navio e fotógrafo — Foto: Gerardo Otero
O estilo que ele mais ama fotografar é a dança. “Os meus amigos da dança tem ideias constantes, e gente nova tem ideias maravilhosas e artísticas. Só que temos que aprender a decifra-las e expor essas ideias. Me encanta fazer isso, mas também me falta tempo. Queria folgar outro ano, mas infelizmente não dá”, finaliza.
O comandante de navio e fotógrafo não se importa de se dividir entre as duas profissões. De acordo com ele, a maior dificuldade da sua vida foi começar do zero em outro país. A vida dupla é o que o faz feliz.
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