A primeira-dama e esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL), Michelle, se filiou ao PL (Partido Liberal) na tarde de hoje. A informação foi dada pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL. A filiação ocorre após dois dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), também se filiarem à legenda.
Ainda não há confirmação oficial, mas nos bastidores comentam que a filiação de Michelle ocorreu para que a primeira-dama possa participar das propagandas eleitorais ao lado do marido, que disputará a reeleição no pleito deste ano. Bolsonaro e Flávio se filiaram ao partido de Valdemar Costa Neto em 30 de novembro de 2021. Eles foram seguidos por Eduardo em março deste ano.
Evangélica, a primeira-dama vai assumir uma participação mais ativa na campanha do presidente à reeleição, segundo apurou o UOL, em abril. Ela deverá cumprir agenda própria de viagens pelo país, fazer dobradinhas com a ex-ministra Damares Alves (Republicanos) e abraçar uma pauta específica do empreendedorismo para tentar cativar o eleitorado feminino e também os evangélicos — grupo importante para o presidente conseguir angariar votos.
Ancorada nesses três pontos, a estratégia visa sobretudo combater a alta rejeição de Bolsonaro entre as mulheres, apontada em pesquisas de intenção de voto. Entre aliados do presidente, a colaboração da primeira-dama é vista como valiosa na tentativa de humanizar a imagem de Bolsonaro e de se conectar não só com o eleitorado evangélico mas com mulheres de classes mais baixas, sobretudo do Norte e do Nordeste.
Michelle frequenta a Igreja Batista Atitude e tem interlocução próxima com pastores e autoridades também evangélicas, como ministros, ex-ministros e parlamentares. Ela também conduz o programa “Pátria Voluntária”, com foco em ações de filantropia.
Pronunciamento de Michelle no Dia das Mães
Neste mês, a primeira-dama participou de um pronunciamento do governo federal em rede nacional de rádio e TV, em comemoração ao Dia das Mães, junto à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Rodrigues Britto.
As duas divulgaram uma série de medidas voltadas para mulheres em um momento em que o atual mandatário enfrenta resistência no eleitorado feminino, segundo pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro, e a primeira-dama é vista por aliados como um trunfo para diminuir a rejeição do marido entre as eleitoras.
As mulheres são a maioria do eleitorado brasileiro — segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) referentes a abril, são 79,2 milhões de eleitoras, ou 52% do total de votantes no país. Isso representa 8,7 milhões a mais do que os 70,5 milhões de eleitores homens.
Em três pesquisas diferentes feitas entre março e abril — Datafolha, Genial/Quaest e FSB/BTG Pactual — o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem liderando as pesquisas de intenção de voto, teve vantagem mais ampla para Bolsonaro entre as mulheres do que entre os homens.
Em fevereiro, Bolsonaro ironizou, em conversa com apoiadores, a rejeição de mulheres a ele apontada por pesquisas de intenções de votos. “Segundo pesquisa, as mulheres não votam em mim, a maioria vota na esquerda. Agora, não sei, pesquisa a gente não acredita, mas se há reação por parte das mulheres, faz uma visitinha em Pacaraima, Boa Vista, nos abrigos, e vê como é que estão as mulheres fugindo do paraíso socialista defendido pelo PT.”
Campanha de Bolsonaro faz aposta em Michelle
A primeira-dama vem sendo testada no palanque do marido desde março, quando participou do evento de lançamento da pré-candidatura à reeleição, em Brasília. Posteriormente, acompanhou Bolsonaro em viagens pelo país e, em Bagé, no Rio Grande do Sul, chegou a discursar para apoiadores repetindo o slogan da campanha vitoriosa em 2018: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Michelle tem sido apontada por interlocutores bolsonaristas como um “ativo eleitoral” com potencial para ajudar o presidente a atingir eleitores que hoje rejeitam a ideia de votar nele.
A ideia de sugerir uma agenda própria da primeira-dama começou com parlamentares da bancada evangélica e, apesar da resistência inicial de Bolsonaro, ele acabou sendo convencido. Ainda não há, no entanto, um roteiro oficialmente definido. Articulares da pré-campanha entendem que os destinos preferenciais são municípios das regiões Norte e Nordeste, onde há “espaço para crescimento”.
*Com Hanrrikson de Andrade, do UOL, em Brasília
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