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Frango frito como ‘última’ refeição e tentativa de execução frustrada: as quase últimas horas de um serial killer salvo da injeção letal graças a veias ruins

today1 de março de 2024 8

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Depois de oito tentativas na quarta-feira (28), o diretor da prisão disse a eles para desistir. Creech, um serial killer de 73 anos que está preso há meio século, retornou à sua cela —por quanto tempo, ninguém sabe.

Veja o que se sabe sobre o caso e o que deve acontecer a seguir:

Creech, um dos detentos há mais tempo no corredor da morte dos EUA, teve um frango frito com molho servido como última refeição na noite de terça-feira (27). Ele foi levado à câmara de execução na Prisão de Segurança Máxima de Idaho em uma maca às 10h da manhã de quarta, no horário local, onde ele seria executado por um de seus crimes: ter matado a socos em 1981 um colega de presídio deficiente que havia sido condenado por roubo de veículo.



Três membros da equipe médica tentaram, por oito vezes, encontrar um acesso intravenoso, disse Josh Tewalt, diretor do Departamento de Correção. Em alguns casos eles não conseguiram acessar a veia; em outros, eles tiveram sucesso, mas expressaram dúvidas em relação à qualidade do vaso.

Em dado momento, um membro da equipe médica saiu para pegar mais equipamentos. O diretor anunciou que eles estariam interrompendo a execução às 10h58.

Não está claro por que eles tiveram problemas. Vários fatores podem afetar o acesso às veias de alguém, incluindo desidratação, estresse, temperatura ambiente ou características físicas. Os advogados de Creech afirmam que ele sofre de uma série de doenças, incluindo diabetes tipo 2, hipertensão e edema. Esses quadros podem impactar o sistema circulatório.

Especialistas dizem também que a experiência do profissional que abre um acesso intravenoso pode ajudar a determinar se o procedimento é bem-sucedido.

A equipe de execução era feita inteiramente de voluntários que, de acordo com os protocolos vigentes em Idaho, devem ter ao menos três anos de experiência na área. Eles não são médicos, necessariamente.

As identidades e qualificações dos membros da equipe foram mantidas em segredo. Eles usavam coberturas no rosto parecidas com balaclavas e toucas para manter o anonimato.

O que acontece agora com Creech?

A ordem de execução de Creech, expedida pelo juiz do Quarto Distrito Judicial Jason Scott, dizia que a sua execução deveria ocorrer até as 23h59 de quarta. Quando a tentativa da manhã falhou, seus advogados se apressaram para entrar com um novo recurso em uma corte federal, antes que o Estado fizesse uma nova tentativa, alegando que “a tentativa mal feita de execução” prova a “incapacidade do departamento de realizar uma execução humana e constitucional”.

Tewalt, o diretor da prisão, rapidamente anunciou que o Estado não iria tentar a execução na quarta-feira, e que a ordem de execução havia expirado. O Estado terá de obter uma nova ordem para cumprir a sentença.

“Nós não temos uma ideia do prazo ou dos próximos passos neste momento”, disse Tewalt, a jornalistas.

Os advogados de Creech estavam preparados para seguir lutando por sua vida. A Suprema Corte dos EUA rejeitou os últimos apelos deles na manhã de quarta.

Local onde tentaram executar Thomas Eugene Creech — Foto: Jessie L. Bonner/AP

“Isso é o que acontece quando indivíduos anônimos com com capacidade desconhecida são colocados para realizar uma execução”, disse o Serviço de Defensoria Federal de Idaho disse em um comunicado.

Robert Weisberg, professor de direito e codiretor do Centro de Justiça Criminal de Stanford, diz que as chances de Creech convencer a Suprema Corte que a segunda tentativa de execução seria uma punição cruel e pouco usual são pequenas. A corte já decidiu em 1947 que a Louisiana poderia tentar executar novamente um prisioneiro depois que a cadeira elétrica apresentou defeito.

Os advogados de Creech poderiam argumentar que seu quadro de saúde tornaria a execução por injeção letal impossível, e que tentativas subsequentes seriam tortura, afirma Weisberg.

Nos últimos anos, diversas companhias farmacêuticas restringiram as vendas das drogas usadas em execuções, tornando o acesso a eles um desafio para os Estados que põem em prática a pena de morte.

Antes da última execução em Idaho, em 2012, Tewalt – que ainda não era diretor – e um colega foram a Tacoma, Washington, com mais de US$ 15 mil em espécie para comprar as drogas de um farmacêutico.

A viagem só foi tornada pública depois que a professora da Universidade de Idaho Aliza Cover pediu judicialmente acesso à informação.

Nesse contexto, os deputados de Idaho aprovaram uma lei permitindo a execução por fuzilamento quando a injeção letal não estiver disponível. Agentes prisionais ainda não têm um protocolo para o uso desse método, nem construíram um local onde a execução por fuzilamento possa ocorrer. As duas cosas deveriam acontecer antes que o Estado pudesse tentar colocar em prática a nova lei, o que provavelmente deflagraria uma série de contestações legais.

Deputados também aumentaram drasticamente o sigilo sobre como o estado obtém drogas para a injeção letal e sobre pessoas ou empresas envolvidas no processo. A lei exige que a identidade dos membros da equipe de execução seja mantida em segredo, e proíbe que os órgãos de classe do Estado apliquem punições contra uma pessoa que participe de uma execução.

“É realmente difícil saber o que houve de errado nesse caso”, disse Robin M. Maher, o diretor-executivo do Centro de Informações da Pena de Morte. “Pra mim, esse é o melhor argumento contra essas leis de sigilo.”

Os advogados de Creech argumentaram que a recusa de Idaho para informar onde as drogas para a sua execução foram obtidas violou os direitos dele.

O que aconteceu em outros Estados?

A injeção letal é o principal método de execução para o governo federal e os 27 Estados dos EUA que têm a pena de morte. Mas existem casos de destaque de falhas de execução.

A governadora do Alabama, Kay Ivey, mandou interromper as execuções por vários meses para a realização de uma investigação interna depois que agentes desistiram da injeção letal de Kenneth Eugene Smith em novembro de 2022 – a terceira vez desde 2018 que o Alabama não conseguiu executar um prisioneiro por problemas de acesso venal.

Em 2014, agentes de Oklahoma tentaram suspender a injeção letal depois que o prisioneiro, Clayton Lockett, começou a se contorcer depois de ser declarado inconsciente. Ele morreu depois de 43 minutos; um relatório concluiu que seu acesso intravenoso não estava bem colocado.




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Por: G1

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