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Jovem acusa técnico de enfermagem de importunação sexual por baixar a roupa dela; profissional nega ação

today6 de março de 2024 12

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A mulher registrou um boletim de ocorrência (BO) sobre o atendimento recebido na noite de segunda-feira (4), no Pronto-Socorro Central, no bairro Guilhermina. O caso será encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para ser investigado.

De acordo com o BO, a PM foi acionada para atender a um caso de estupro. Assim que os agentes chegaram à unidade ouviram da denunciante que o técnico de enfermagem teria feito elogios durante o atendimento e puxou a bermuda dela mais do que o necessário para aplicar a injeção nas nádegas.

O técnico de enfermagem, por sua vez, negou todas as acusações. Ele disse à polícia trabalhar há 24 anos na área e que seguiu os procedimentos padrões, perguntando, inclusive, se estava com acompanhante e que este poderia entrar na sala. (leia mais abaixo)



Os policiais identificaram o suspeito, ouviram o homem e encaminharam os envolvidos para a Central de Polícia Judiciária (CPJ), onde o caso foi registrado.

Em depoimento na delegacia, a jovem contou que foi até o PS Central com dores na perna e recebeu atendimento de duas médicas, que a encaminharam para receber medicação. Ela foi chamada pelo técnico de enfermagem para um consultório.

Segundo a mulher, o profissional a chamou de “meu amor” ao questionar se ela tinha alguma alergia. A paciente disse que não e, na sequência, de acordo com ela, ouviu: “pode vir aqui, bebê”.

Ainda com base no relato registrado em BO, a jovem disse que, enquanto preparava as injeções, o técnico fazia perguntas pessoais. Após questionar a idade e escutar a resposta, a teria considerado “novinha” e com “muito que aproveitar da vida”.

Ainda segundo a paciente, ele também teria perguntado se ela iria para “mandela”, que são festas em comunidades. Ao mesmo tempo, teria afirmado que a jovem “deve namorar muito”.

Com a injeção pronta, a paciente esticou o braço, mas ouviu do profissional que a aplicação seria “no bumbum”. Ela abaixou a bermuda para a aplicação, mas foi orientada a descer mais.

Antes que pudesse atender ao pedido, a jovem contou que o homem teria puxado a roupa e a deixado com as nádegas expostas.

Ela contou aos policiais que tentou levantar um pouco o short, mas o técnico de enfermagem barrou. O homem teria aplicado a primeira injeção na parte de cima da nádega e, em seguida, questionado se a paciente estava sozinha.

A mulher disse que estava acompanhada por um amigo e não sabia que ele poderia entrar na sala junto. Desta forma, o profissional explicou que o acompanhante poderia, aplicou a segunda injeção e a liberou.

Aos policiais, a paciente relatou ainda que se sentiu desconfortável porque o técnico de enfermagem olhava para o corpo dela durante o diálogo. Ela saiu do PS Central e foi para casa, onde contou a história para a mãe e se motivou a acionar a PM.

Em depoimento à Polícia Civil, o técnico de enfermagem relatou que trabalha no PS Central de forma terceirizada, em regime CLT. Ele disse que estava atendendo na “sala fast” e a jovem era a primeira paciente entre as fichas no começo do plantão.

Segundo o funcionário, ele atendeu a mulher ainda com a porta aberta e logo perguntou se ela estava acompanhada, pois, além de ser mulher, aparentava ser menor de idade. Ao ouvir que o acompanhante estava do lado de fora, ele teria questionado se a paciente queria que o chamasse, mas ouviu que não seria necessário.

Em seguida, o profissional disse ter seguido com o atendimento, perguntando sobre alergias e explicando o procedimento que seria adotado [medicamento administrado nos glúteos]. Ele afirmou que foi questionado se as injeções doíam e explicou à jovem que seriam duas aplicações, pois não pode exceder 5 ml em cada glúteo.

Em seguida, o profissional contou que pediu para a mulher abaixar a bermuda, que foi puxada pela própria paciente. O funcionário garantiu que não encostou na jovem em nenhum momento e, inclusive, a alertou que não precisava abaixar a roupa toda, mas ela não respondeu. Por isso, aplicou a injeção de um lado e, enquanto ela segurava o algodão, aplicou do outro.

Ele enfatizou que trabalha na área da saúde há 24 anos e não usou nenhum apelido, como “meu amor” ou “bebê”. Segundo o técnico de enfermagem, ele chamou a mulher pelo próprio nome e também não questionou sobre “mandela”, pois nem sabia o significado da palavra.

Ainda segundo o BO, não há câmera de monitoramento na sala onde a medicação foi aplicada. No entanto, a polícia ouviu uma testemunha de cada pessoa envolvida na ocorrência.

O namorado da jovem reafirmou a versão narrada pela mulher para a polícia. Ele disse que estava acompanhando a paciente, mas ficou na recepção no momento do medicamento e não viu o profissional que aplicou a injeção, mas garantiu que a companheira retornou da sala pedindo para ir embora, aparentemente abalada e chorando.

Enquanto isso, uma plantonista contou aos policiais que trabalhou com o acusado em outro hospital por cerca de dois anos e nunca recebeu reclamações desse tipo. Ela ainda disse que, na data do caso, foi a responsável por atender o padrasto e o namorado da mulher que fez a denúncia.

A funcionária relatou que, ao ouvir a denúncia dos homens, acionou o líder de enfermagem, que seria o superior imediato do acusado. No entanto, os parentes da paciente teriam começado a filmar um funcionário que não tinha a ver com o caso, alegando que teria sido ele. Ainda segundo a plantonista, os homens fizeram a mesma coisa com o líder de enfermagem.

A funcionária também reforçou a versão do técnico de enfermagem, enfatizando que a paciente optou ficar sem acompanhante, apesar de ser questionada sobre um. Ela também ressaltou que o procedimento padrão é o acompanhante entrar.

Segundo o boletim de ocorrência, o delegado considerou que os dois envolvidos “apresentaram versões firmes e coesas, porém, conflitantes entre si”. Além disso, como só estavam os dois na sala, não há testemunhas isentas para auxiliar na elucidação do caso.

Foram solicitadas imagens das câmeras de segurança dos corredores e o caso foi encaminhado para inquérito policial na Delegacia de Defesa da Mulher.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), um homem de 41 anos é investigado por importunação sexual na Avenida Presidente Kennedy, em Praia Grande.

“Na ocasião, a vítima de 19 anos, compareceu ao PS Central para atendimento médico e relatou ter sido importunada durante a aplicação de uma medicação”, disse a pasta, informando que detalhes serão preservados por se tratar de um crime sexual.

Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que a SPDM, gestora do Complexo Hospitalar Irmã Dulce, ao qual faz parte do Pronto-Socorro Central, irá abrir uma apuração interna para averiguar o caso. “A unidade está à disposição da paciente e irá auxiliar as autoridades competentes na investigação”.

O Complexo Hospitalar Irmã Dulce confirmou sobre a apuração interna e lamentou o caso. “Os funcionários do CDHI serão reorientados quanto ao atendimento prestado à população”.

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Por: G1

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