Ao g1, Geovana explicou que a mudança de comportamento, de fato, pode acontecer após uma tragédia como a da menina Rafaella. “Alguns pais começam a pensar que poderia ser com o filho deles e tendem a refletir”.
A psicóloga explica que a reação imediata da população, de forma geral, é o julgamento. Mas, depois, as pessoas tendem a pensar sobre o caso e até a entender que situações semelhantes podem acontecer com qualquer um.
Menina morreu após cair do 12° andar do prédio onde morava, em Praia Grande (SP) — Foto: Addriana Cutino/g1
Quando acontece uma tragédia dessa, alguns pais começam a pensar que poderia ser com o filho deles, e tendem a refletir sobre a questão de deixar a criança sozinha
— Psicóloga Geovana Ortiz
O psicólogo Robson Douglas concorda, em partes, com Ortiz. Para o profissional, as pessoas na sociedade realmente tendem a pensar que tragédias nunca vão acontecer com elas e as enxergam como casos pontuais e distantes.
Mas, mesmo tempo que acredita que uma parcela da população possa tomar providências de segurança depois da fatalidade com Rafaella, ele entende que outros tantos pais vão continuar agindo igual. “Não podemos generalizar”.
Além das mudanças que acidentes como o da pequena Rafaella podem desencadear na população de forma geral, Ortiz enfatizou problemas que o pai da menina pode desenvolver. Estresse pós-traumático [dificuldade de se recuperar após um acontecimento assustador], transtorno de ansiedade e transtorno depressivo são alguns dos quadros. O mesmo se aplica à mãe.
“Já é muito difícil você lidar com o luto da perda de um filho. E você saber que, indiretamente, foi responsável pela perda desse filho gera uma angústia muito grande relacionada à culpa“, afirma a psicóloga.
Rafaella Lozzardo Silva morreu aos 6 anos após cair do 12° andar do prédio onde morava, em Praia Grande, na madrugada de sábado (11) — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Ortiz ainda enfatiza que “o sofrimento psíquico nesse caso é devastador“, e que as sequelas podem permanecer por toda a vida. Ela pontua que transtornos mentais podem ser desenvolvidos por fatores genéticos, mas explica que fatores ambientais também podem se tornar gatilhos para o desenvolvimento de transtornos.
Infelizmente não é o primeiro caso de criança que cai de um prédio, nem de criança que morre devido a um acidente doméstico. Não sei o caso do pai, mas muitas vezes a pessoa tem esse excesso de confiança e nunca pensa na possibilidade da tragédia acontecer com ela mesma, até quando ela acontece.
— Psicóloga Geovana Ortiz
O psicólogo Robson Douglas concorda que o pai da menina pode desenvolver alguma doença psicológica, desde que ele não receba o atendimento e acompanhamento ideal. Ele pontua que o tratamento serve para amenizar a dor, os sentimentos e a sensação de culpa do parente.
“É muito difícil ele retomar às atividades que ele fazia normalmente. É preciso ter esse apoio justamente para não virar um quadro depressivo, onde ele não tenha mais forças e ânimo para realizar as atividades da vida dele”, explica.
Rafaella Lozzardo Silva, de 6 anos, morreu após cair do 12° andar do prédio onde morava, na madrugada de sábado (11). O acidente aconteceu enquanto a pequena estava sozinha em casa, porque o pai havia saído para deixar a namorada em casa.
Inicialmente, o pai da menina foi preso por abandono de incapaz com resultado de morte. Depois, foi solto após audiência de custódia. Advogados explicaram que nenhuma criança ou adolescente pode ser deixado sozinho em casa antes dos 16 anos, entenda na reportagem completa.
Caso foi registrado no CPJ de Praia Grande, SP — Foto: Polícia Civil/Divulgação
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