Mulher que filmou o próprio estupro cria projeto para ajudar outras vítimas a se libertarem de relações abusivas

No Instagram, onde os 18 mil seguidores a apoiam e compartilham histórias, ela tem atuado com o apoio de especialistas para ajudar vítimas de experiências traumáticas como as dela. Para a reportagem, Juliana informou ter o auxílio de psicólogos, assistentes sociais e advogados.

“Informo sobre direitos, deveres, como denunciar, como juntar provas, essas coisas para ajudar que essas mulheres consigam se libertar. Já tivemos algumas histórias de sucesso, mulheres que conseguiram medidas protetivas, que já pediram afastamento do lar, que já deram entrada no pedido de divórcio”, disse.

Juliana disse que resolveu usar a plataforma para tal finalidade diante da repercussão das agressões sofridas pelo ex-marido e após ter fugido de Praia Grande, no litoral de São Paulo, por conta das ameaças.

Embora as ações estejam restritas ao Instagram, o objetivo, segundo ela, é ampliar os canais para a distribuição de conteúdo e, consequentemente, aumentar a rede de proteção e de auxílio às mulheres.

Juliana afirmou que aproximadamente 200 mulheres a procuraram para pedir conselhos e desabafar. “São mulheres de todo país e que moram fora também, mulheres da Flórida, Portugal, Nordeste, de todas as regiões. É um trabalho totalmente voluntário voltado a ajudar essas mulheres, orientar, dar uma palavra de conforto”.

Sobre o próprio caso, a estudante disse que não ter recebido mais ameaças do ex-marido, mas soube que ele foi transferido. “Creio que seja pela repercussão [do caso]”.

O que diz a defesa de Ricardo

Ao g1, o advogado Alex Ochsendorf confirmou que o cliente Ricardo Penna Guerreiro, de 46 anos, preso sob suspeita de estupro de vulnerável, foi transferido para o Centro de Detenção Provisória Pinheiros I, na capital paulista. “Entramos com habeas corpus requerendo a liberdade dele, contudo, ainda não há data de julgamento”.

Ochsendorf disse, ainda, que defende a liberdade do cliente pois “o mérito e o aprofundamento sobre a veracidade dos fatos deverá ocorrer em audiência judicial”.

O empresário Ricardo Penna Guerreiro foi preso em dia 27 de janeiro por estupro de vulnerável cometido contra a ex-mulher, no bairro Canto do Forte, em Praia Grande (SP).

Policiais da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do município cumpriram o mandado de prisão temporária expedido contra o suspeito, que teria estuprado a vítima enquanto ela estava dopada por conta de remédios antidepressivos e calmantes. A prisão posteriormente foi convertida em preventiva.

Ao g1, a mulher revelou também ter sido espancada pelo homem, que chegou a ameaçá-la de morte, além de ser agressivo com o filho do casal. “Ele [Ricardo] me colocou no fundo do poço. Abusou de mim de todas as formas, com requintes de crueldade”, desabafou à época.

Ricardo já foi condenado a mais de 37 anos por tentativa de homicídio contra seis pessoas em 2000. Ele estava em liberdade devido a um habeas corpus.

De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), na ocasião, o ex-marido de Juliana tentou matar seis pessoas em uma choperia em Praia Grande. À época com 24 anos, ele teria se desentendido com o grupo e atirado contra as vítimas – eles estava acompanhado de outro homem armado. Dois se feriram na tentativa de homicídio.

O advogado de defesa do caso acima, Eugênio Malavasi, disse que o processo sobre a condenação está em tramitação e não se manifestará.

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