Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps, na sigla em inglês), o Brasil é recordista mundial em cirurgias íntimas femininas. Só em 2020, a labioplastia foi feita por 20.334 mulheres no país. Os Estados Unidos ocupam o 2° lugar, com 13.697 cirurgias realizadas.
Ao g1, a ginecologista e obstetra Fernanda Nassar explicou que a labioplastia, também conhecida como ninfoplastia, é um procedimento que reduz o excesso de pele dos pequenos lábios. “É uma pele que pode ser retirada se a paciente estiver com algum desconforto, seja ele estético, na relação sexual ou no dia a dia, como ficar mais alto [marcar] na hora que veste uma roupa”.
Ao g1 a mulher enfatizou que o excesso de pele a incomodava há anos. Ela relata que a vergonha era tanta que decidiu operar em Santos para não correr o risco de passar mal na cidade em que reside. “Imagina eu chegar em um hospital, os funcionários tiram a minha roupa e olham?”, indaga ao ressaltar que o excesso de pele “incomoda esteticamente” e “traz um trauma”.
“Um bloqueio desde os 20 anos, quando comecei a ter atividade sexual. Não me relacionava com ninguém, tive pouquíssimos relacionamentos. Imagina, ficar nua na frente de um homem? Tem homens que entendem, outros não”, contou.
O bloqueio e o trauma causados pelo excesso de pele fazia com que ela tivesse vergonha de se trocar em frente de amigas e até mesmo da mãe. Além disso, por morar em uma cidade pequena, chegou até a procurar por profissionais de depilação em outras cidades com receio de que as pessoas comentassem sobre o corpo dela.
Em julho deste ano, a mulher decidiu se presentear com a cirurgia íntima, que, segundo ela, foi tranquila tanto no procedimento quanto no pós-operatório. “Me dei de presente, vou me permitir. Agora tenho uma ‘ppk’ de milhões, sou uma mulher mais segura e mais tranquila, hoje não tenho mais vergonha“.
“Antes da cirurgia [tinha] um bloqueio e, após a cirurgia, uma liberdade, uma segurança”, finalizou.
Anatomia da vulva — Foto: Arte g1
A ginecologista Fernanda Nassar explicou que o procedimento é feito dentro da clínica e não é necessário centro cirúrgico para executá-lo. “Tem uma recuperação rápida, é bem seguro e com anestesia local. O motivo pelo qual a paciente vai fazer é muito pessoal, cada uma tem uma história diferente”.
A labioplastia, de acordo com Fernanda, é um dos procedimentos que podem ser realizados para que exista uma harmonização íntima. “A gente não coloca padrão [de ‘vulva perfeita’], [a mulher] tem que fazer o procedimento para melhorar aquilo que incomoda”.
“Não é padrão para a região íntima. Veja o que te incomoda e procure alguém para te ajudar. Não fique a vida toda esperando para fazer um procedimento do que te incomoda agora”, disse a ginecologista.
A médica diz que o procedimento é recomendado para pacientes com casos recorrentes de candidíase [infecção causada por fungo], que sofrem com alguma patologia que cause desconforto e até para pacientes que tiveram traumas locais e dilacerações.
Ginecologista e obstetra Fernanda Nassar falou ao g1 sobre labioplastia, cirurgia íntima para redução do excesso de pele dos pequenos lábios — Foto: Divulgação
Além disso, o excesso de pele também pode ocasionar o abafamento da região, que pode favorecer corrimentos acentuados, mau cheiro e infecções urinárias.
“A melhora sexual [após o procedimento] está muito ligada a questões mais psicológicas da paciente em saber que aquele excesso de pele que a incomodava já não incomoda mais”, explicou a ginecologista.
Segundo a especialista, muitas mulheres consideram a labioplastia como uma ‘renovação da autoestima’, mas que muitas ainda desconhecem a existência do procedimento. “Hoje em dia as mulheres não precisam ter vergonha para falar sobre os procedimentos íntimos”.
“As mulheres não precisam se preocupar em mostrar aquilo que incomoda para profissionais que são habilitados a cuidar da região”, diz Fernanda.
“É um procedimento permanente. Dura para o resto da vida e não tem como ser reversível, ou seja, veja bem com qual médico vai fazer porque se ele fizer algo errado não tem como resolver na maioria das vezes”, finalizou.
É normal que vulvas tenham todas as formas e tamanhos — Foto: master1305/freepik
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