A Kristallnacht – traduzida literalmente como a “Noite dos Cristais”, é muitas vezes chamada também de “Noite dos Vidros Quebrados”. Ela refere-se ao violento massacre antissemita ocorrido nos dias 9 e 10 de novembro de 1938.
Os ataques ocorreram em toda a Alemanha, a qual já incluía a Áustria e a região dos Sudetos, na antiga Tchecoeslováquia. Centenas de sinagogas em país foram atacadas, vandalizadas, saqueadas e destruídas. Muitas foram incendiadas.
Os bombeiros receberam instruções para que deixassem as sinagogas serem destruídas, mas que evitassem que as chamas se espalhassem para as construções nas proximidades das mesmas. Os vidros das vitrines de milhares de lojas de propriedade de judeus foram destruídos e suas mercadorias saqueadas. Os cemitérios judeus foram profanados.
Após aqueles acontecimentos, as autoridades alemãs anunciaram que a “Noite dos Cristais” havia ocorrido como uma reação popular espontânea em resposta ao assassinato de Ernst vom Rath, um diplomata alemão lotado em Paris. Muitos judeus foram atacados por membros das Tropas de Assalto (SA). Pelo menos 91 judeus foram brutalmente assassinados naquele massacre.
Destruição de sinagogas e edificações
Os delinquentes destruíram 267 sinagogas em toda a Alemanha, Áustria e na região dos Sudetos. Muitas sinagogas arderam no fogo por toda a noite, em plena vista do público e dos bombeiros locais, que haviam recebido ordens para apenas intervir quando as chamas ameaçassem se espalhar para as construções próximas [não judaicas]. Estima-se que os membros das SA e da Juventude Hitlerista, por todo o país, quebraram as vitrines e saquearam as mercadorias de 7.500 estabelecimentos comerciais de propriedade judaica.
O massacre, isto é, o pogrom, foi especialmente destrutivo em Berlim e em Viena, cidades que abrigavam as duas maiores comunidades judaicas residentes na Alemanha. Grupos de homens das SA percorreram as ruas atacando judeus em suas casas, e forçando aqueles que encontravam nas vias a padecer com atos de violência e humilhação pública.
Legislação antissemita
Nas semanas seguintes, o governo alemão promulgou dezenas de leis e decretos destinados a privar os judeus de sua propriedade e de seus meios de subsistência. Muitas dessas leis aplicavam a política de “arianização”. Ou seja, a transferência de empresas e bens de propriedade de judeus para a população designada como “ariana”, geralmente por uma fração de seu valor real. A legislação seguinte impedia os judeus, que já eram inelegíveis para emprego no setor público, de praticar a maior parte das profissões do setor privado. Essas leis contribuíram ainda mais para a eliminação dos judeus da vida pública (e de ter um sustento).
Funcionários alemães da área educacional expulsaram as crianças judias que ainda frequentavam escolas alemãs. Os judeus alemães perderam o direito de possuir carteira de motorista ou automóvel. A legislação restringia seu acesso ao transporte público, e também aos teatros, cinemas ou salas de concerto “alemães”.
A “Noite dos Cristais configura-se como uma data essencial no processo de perseguição de judeus pela Alemanha nazista, o qual culminou na tentativa de aniquilar todos os judeus europeus.
Atualmente, em pleno 2023, infelizmente voltamos a ver casos como este. Desde os ataques brutais do Hamas em Israel, em 7 de outubro, vários casos de antissemitismo foram registrados ao redor do mundo. Muitos deles, inclusive, semelhantes a alguns dos episódios da Noite dos Cristais.
A grande diferença, porém, é porque agora os judeus do mundo todo têm um Estado para onde podem ir e o qual é capaz de defendê-los…
Lawrence Maximo é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestrando em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel. Escreve artigos para o jornal Gazeta do Povo.
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